Introdução: Câncer é o nome dado a uma doença que possui como característica o crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a serem agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores ouneoplasias malignas. Dentre os variados tipos encontra-se o câncer de boca que é aquele que afeta os lábios e o interior da cavidade oral, gengivas, mucosa bucal, palato duro, língua e região abaixo da língua. O câncer de lábio é o mais comum em pessoas brancas e ocorre mais frequentemente no lábio inferior. Os fatores de risco que podem levar ao câncer são idade superior a 40 anos, consumo de cigarro e álcool, má higiene bucal e o uso de próteses dentarias1. Seus sintomas são aparecimento de feridas que não cicatrizam, manchas esbranquiçadas ou avermelhadas no lábio e ulcerações superficiais, indolores podendo ou não sangrar2. Quando o diagnóstico é realizado precocemente o câncer de boca na maioria das vezes pode ser curado. Os programas e capacitações são uma oportunidade potencial para educar a população sobre a doença e sobre os exames anuais da cavidade bucal, o esclarecimento sobre a doença a população facilita seu acesso aos serviços de saúde, tornando essa relação serviços e indivíduos mais próximos, onde trabalham profissionais preparados e que tornarão possível o diagnóstico e tratamento precoce3. Para que isso seja possível as Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) possuem um papel importantíssimo. São atribuições das ACS, trabalhar, orientar e cadastrar as famílias em base geográfica definida, orientar as famílias quanto a utilização dos serviços de saúde, acompanhar por meio de visita domiciliar todas as famílias e indivíduos sob sua responsabilidade, desenvolver atividades de promoção de saúde, de prevenção de doenças e agravos, por meio de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade4. Objetivo: Identificar conhecimentos e práticas das Agentes Comunitárias de Saúde no meio rural sobre o câncer de boca. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que tem por finalidade o estudo da história, das relações, representações, crenças, percepções e opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam5. Embora já tenham sido usadas para estudos de grandes dimensões, as abordagens qualitativas se conformam melhor à investigação de grupos e segmentos delimitados e focalizados, de histórias sociais sob a ótica dos atores e de relações5. O presente trabalho tem como local de estudo as comunidades do meio rural nos munícipios de Palmitos e São João do Oeste, situado no meio oeste de Santa Catarina, e foi desenvolvido no ano de 2015. A população em estudo são as Agentes Comunitárias de Saúde dessas regiões, num total de vinte ACS. A coleta de dados se deu por meio de uma entrevista semiestruturada, as quais foram transcritas e analisadas seguindo a análise temática, que se compõe de três etapas: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados obtidos e interpretação5. O presente trabalho foi submetido á avaliação e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado de Santa Catarina- UDESC. Aos participantes foi explicado aos o propósito, os objetivos e procedimentos da pesquisa, e após anuência dos mesmos, solicitamos sua assinatura no Termo de Consentimento Livre e esclarecido (TCLE). Resultados: Quando questionadas sobre os sinais que levam a suspeita que o paciente está com CA de Boca, em sua maioria as ACS relataram inicialmente não saberem sobre o assunto, porém citaram os sinais de feridas, feridas que não cicatrizam, manchas avermelhadas e esbranquiçadas e dor, como forma de suspeita desse CA. Os riscos para esse tipo de CA citados pelas ACS foram cigarro, não possuir uma boa higiene, álcool, prótese mal adaptada, alimentação e bebidas, em especial o chimarrão em temperaturas elevadas e não ir regularmente ao dentista. Contudo algumas ACS informaram não saberem quais eram os riscos. Em relação ao tratamento prestado as pessoas com CA de boca, relataram não saberem como o tratamento era prestado pelo município, entretanto acreditam que o tratamento por sua vez é bom, que a partir do momento que é descoberto as pessoas são encaminhadas para a Unidades Básicas de Saúde (UBS) para que se tenha a confirmação e se inicie o tratamento adequado. Em relação as orientações dadas pelas ACS sobre prevenção do CA de boca durante as visitas domiciliares, relataram realizar esse trabalho fornecendo informações como: procurar regularmente o dentista para avaliação bucal, evitar o uso de álcool e cigarro, realizar uma boa higiene bucal, quando surgir feridas na boca ou lábio procurar urgentemente a UBS. Quando questionadas sobre capacitações sobre o assunto a maioria relatou nunca ter recebido nenhum tipo de capacitação, as que receberam mencionam que participaram de alguma capacitação mais a muito tempo atrás, ou que tiveram algum tipo de conversa sobre o assunto entre a equipe. Conclusão: Verificou-se que apesar das ACS responderem as questões solicitadas com certo grau de conhecimento, não explanaram de forma abrangente os sintomas, riscos e prevenção sobre o CA de boca, podendo ser uma condição preocupante pois essas restrições no conhecimento dificultam a identificação das situações de riscos presentes na população, sendo de fundamental importância que as ACS saibam tais questões para a prevenção e promoção em saúde no meio rural, para que os diagnósticos e tratamentos precoces possam ser realizados. Outra questão observada no estudo foi em relação as poucas capacitações dos ACS a respeito da temática. Ressaltando que o enfermeiro tem um papel fundamental em propiciar educação permanente, que é uma prática de ensino-aprendizagem, voltada aos enfrentados dos problemas do dia-a-dia do trabalho. Trata-se de uma condição de extrema importância para a melhoria e qualidade dos serviços prestados a comunidade em todos os ambientes de trabalho, incluir o ACS nesse processo de educação permanente para que esse trabalhador esteja apto a orientar as famílias de sua área rural. [ABSTRACT FROM AUTHOR]