OBJETIVO: A estimulação cardíaca permanente melhora a sobrevida de crianças com bradicardia congênita ou adquirida, embora a mortalidade após o implante de marcapasso permaneça relativamente alta. O objetivo deste estudo foi avaliar os resultados em longo prazo de crianças submetidas a implante de marcapasso endocárdico pela veia femoral, incluindo a identificação de fatores de risco associados à mortalidade. MÉTODO: De 1981 a 2000, 99 pacientes variando em idade de um dia a 13 anos (4,1 ± 3,6 com mediana = 3 anos) foram submetidos a implante de marcapasso permanente pela via femoral devido a bradicardia de origem congênita (39,4%), pós-cirúrgica (54,5%) ou adquirida não cirurgicamente (6,1%). RESULTADOS: Ao final de 7,1 ± 5,3 anos (708,3 pacientes-anos) de seguimento, 18 (18,2%) pacientes haviam morrido. A sobrevida atuarial foi de 85%, 79,5%, e 74,2%, aos cinco, 10, e 15 anos, respectivamente. Os fatores independentes de mortalidade identificados pela análise proporcional de Cox foram: menor idade ao implante (p = 0,028), presença de anomalias cardíacas não corrigidas ou presença de próteses intracardíacas (p = 0,0001) e evidências radiográficas de cardiomegalia (p = 0,035). CONCLUSÕES: A estimulação cardíaca endocárdica permanente pela via femoral apresenta expectativa de sobrevida comparável a outras técnicas, com baixas taxas de complicações devidas ao implante de marcapasso. A sobrevida em longo prazo foi limitada pela menor idade e dilatação cardíaca no momento do implante, assim como pela presença de defeitos cardíacos sem correção ou de próteses valvares.OBJECTIVE: Permanent cardiac pacing improves survival of children with congenital or acquired bradycardia, although mortality after pacing remains relatively high. The aim of this study was to evaluate the long-term outcomes of children who undergo permanent endocardial cardiac pacing via the femoral vein, including the identification of associated risk factors for mortality. METHOD: From 1981 to 2000, 99 patients ranging in ages from one day to 13 years (4.1 ± 3.6 and median = 3 years) underwent permanent transfemoral pacemaker implantation due to congenital (39.4%), postsurgical (54.5%), or non-surgically acquired bradycardia (6.1%). RESULTS: By the end of 7.1 ± 5.3 years (708.3 patient-years) of prospective follow-up, 18 (18.2%) patients had died. The actuarial survival rates were 85%, 79.5%, and 74.2%, at 5, 10, and 15 years, respectively. Independent predictors of mortality identified by Cox proportional hazards analysis were younger age at implantation (p = 0.028), the presence of untreated cardiac anomalies or intracardiac prostheses (p = 0.0001), and radiographic evidence of cardiomegaly (p = 0.035). CONCLUSIONS: Permanent endocardial pacing via the femoral vein presented survival expectance comparable to other techniques with a low rate of pacing complications. Long-term survival was limited by lower ages and cardiac dilatation at the time of implantation as well as by the presence of untreated cardiac defects or valve prostheses.