O artigo discute a política de educação especial na perspectiva inclusiva do município de Santo André, localizado na região do ABC Paulista, Brasil. Destaca o pioneirismo da cidade ao romper com a cultura de exclusão e segregação de alunos com deficiências de gestões democráticas da cidade, a partir dos anos 1990, assim como as resistências e recuos que, recorrentemente, ameaçam a sua continuidade. O trabalho é fruto de pesquisa qualitativa, que combinou dados documentais e empíricos coletados em uma roda de conversa com professoras assessoras de educação inclusiva que atuam de forma itinerante nas escolas municipais. O estudo se ancora no conceito de atuação de políticas que considera o contexto e os processos de interpretação e tradução das normativas oficiais realizado pelos atores escolares. Frente à consolidação de políticas orientadas por uma cultura competitiva e meritocrática de educação, conclui-se que a sobrevivência da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem dependido muito mais do engajamento das profissionais que atuam na linha de frente das escolas do que do genuíno compromisso das administrações públicas de investir na sua continuidade