1. O privilégio branco sistêmico, as normas raciais e a manifestação do racismo estrutural : a perspectiva de líderes organizacionais
- Author
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Samaha, Marcos Baruki, Bastos, Neusa Maria Oliveira Barbosa, Hanashiro, Darcy Mitiko Mori, Teixeira, Maria Luisa Mendes, Coelho Júnior, Pedro Jaime de, Quintão, Antônia Aparecida, and Souza, Eloisio Moulin de
- Subjects
privilégio branco sistêmico ,análise crítica do discurso ,CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::ADMINISTRACAO::ADMINISTRACAO DE EMPRESAS [CNPQ] ,racismo estrutural ,normas raciais - Abstract
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Racism is a structure of oppression rooted in the social formation of Brazilians, given the economic importance of slavery, which lasted for 349 years. In spite of the fact that it was extinguished more than a century ago, it is still reflected in the serious problem of racial inequality in the country. The social and economic conditions of blacks in the country are the worst in all statistics on education, health, housing, employment, income, violence and mortality. Between 2001 and 2015, the rare presence of black executives in 500 companies analyzed by the Ethos Institute varied from 4.8% to 5.8%. The disproportionality between whites and blacks in organizational leadership has not evolved for decades. There is a normalization and legitimization of historical, cultural, institutional and interpersonal dynamics, which give advantages to the white population, while perpetuating disadvantages for the black population. In view of that scenario, it is necessary to analyze the factors that impact the social dynamics. There is a gap in the literature related to systemic white privilege and the implicit racial norms in the work environment, seen as barriers to the advancement of blacks in organizations. The general objective of the thesis is to understand the manifestation of structural racism, through systemic white privilege and racial norms in business organizations, by analyzing the discourse of leaders. The investigation is founded on Critical Race Theory and on Fairclough's Critical Discourse Analysis. Fourteen in-depth interviews were conducted with organizational leaders, men and women, whites and blacks. The implicit racial norms and the systemic white privilege perpetuate the inequality originated in Structural Racism, in a complex and multidimensional system that is fed, sustained and justified by normalized ideologies of meritocracy and color-blindness. The awareness of structural racism is observed in different leaders, in a wide spectrum that goes from explicit racism to unconscious negationism, including omission, inefficiency and gradualism. Leaders make the decisions and influence the decisions of their subordinates. The subjectivity of recruitment and professional assessment processes and practices allows for racial norms to affect decisions regarding hiring and promotion. Diversity and racial inclusion projects are few, and the few that exist are gradual, with results expected only for the long-term. These factors negatively impact access to work and careers for black Brazilian professionals. O racismo é uma estrutura de opressão enraizada na formação social do brasileiro, dada a importância econômica da escravidão, que perdurou por 349 anos e foi extinta há mais de um século, mas que ainda se reflete no grave problema de desigualdade racial do país. As condições sociais e econômicas dos negros no país são as piores em todas as estatísticas sobre educação, saúde, habitação, emprego, renda, violência e mortalidade. Entre 2001 e 2015, a rara presença de executivos negros em 500 empresas analisadas pelo Instituto Ethos variou de 4,8% para 5,8%. A desproporcionalidade entre brancos e negros na liderança organizacional não evolui há décadas. Há uma normalização e uma legitimação de dinâmicas históricas, culturais, institucionais e interpessoais que dão vantagens à população branca, enquanto perpetuam desvantagens para a população negra. Em face desse cenário, é primordial analisar os fatores que impactam a dinâmica social. Há uma lacuna na literatura relacionada ao privilégio branco sistêmico e às normas raciais implícitas no ambiente de trabalho, configuradas como barreiras para o avanço dos negros nas organizações. O objetivo geral da pesquisa é entender a manifestação do racismo estrutural, por meio do privilégio branco sistêmico e das normas raciais nas organizações empresariais privadas, através da análise do discurso de líderes. A investigação foi fundamentada na Teoria Racial Crítica e na Análise Crítica do Discurso, de Fairclough. Foram realizadas 14 entrevistas em profundidade com líderes organizacionais, homens e mulheres, brancos e negros. As normas raciais implícitas e o privilégio branco sistêmico perpetuam a desigualdade originada no Racismo Estrutural, em um sistema complexo e multidimensional que se retroalimenta, sustentado e justificado por ideologias normalizadas da meritocracia e do daltonismo. A consciência sobre o racismo estrutural observa-se em diferentes líderes, em um amplo espectro, que vai do racismo explícito ao negacionismo inconsciente, passando por omissão, ineficácia e gradualismo. Os líderes tomam as decisões e influenciam as decisões de seus liderados. A subjetividade dos processos e práticas de recrutamento e de avaliação profissional favorece que as normas raciais afetem as decisões de contratações e promoções. Os projetos de diversidade e inclusão racial são poucos, e os poucos existentes são gradualistas, com expectativas de resultado no longo prazo. Esses fatores impactam negativamente o acesso ao trabalho e à carreira de profissionais negros.
- Published
- 2021