Orientador: Prof. Dr. Alexander de Freitas Coorientadora: Profa. Dra. Marilia Mello Pisani Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do ABC, Programa de Pós Graduação em Filosofia. São Bernardo do Campo, 2021 Esta pesquisa apresenta e discute as experiências de uma professora-pesquisadora com a comunidade escolar de instituições públicas da periferia de São Bernardo do Campo. Seu objetivo principal é a compreensão, desnaturalização e possível (des)construção dos discursos a respeito dos corpos injuriados na escola, o que traz à tona estereótipos, clichês e preconceitos acerca de representações de gênero, que visam fabricar, ditar, sancionar, vigiar e controlar determinados padrões de normalidade. Deste modo, a pesquisa incide sobre a emergência e a circulação de discursos presentes na vida escolar capazes de identificar, separar, diferenciar, julgar e rechaçar determinadas representações consideradas desviantes e anormais. No primeiro capítulo, apresenta-se a relação da professora-pesquisadora com o espaço, com as temáticas e com os afetos que atravessam as vidas ali presentes, de maneira a dar visibilidade aos modos e às estratégias por meio das quais as injúrias se apresentam nesta escola, em falas e em inscrições diversas. No segundo capítulo, discutem-se três versões de materiais didáticos elaborados pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (São Paulo Faz Escola), destinados ao trabalho pedagógico com questões de gênero, que tangem o universo das ciências humanas e, em particular, o ensino de filosofia. A análise crítica dos problemas e das fragilidades destes materiais deu subsídios para a professora-pesquisadora pensar, construir e aplicar sequências didáticas criadas, especificamente, em atenção a um inventário de imagens (verbais e não verbais) sobre as injúrias que atravessam o universo imaginativo e vivencial desta comunidade escolar apresentada no terceiro capítulo. Assim, em uma perspectiva interseccional, foi possível narrar as experiências vivenciadas com turmas do segundo ano do Ensino Médio, grupo docente e equipe gestora em relação ao uso do material criado no âmbito do ensino de filosofia. Destaca-se como parte deste processo o Dicionário "I de Injúria", construído pela comunidade escolar a partir da escolha de algumas injúrias presentes em suas vidas, que foram narradas, descritas e ressignificadas a partir da escrita de verbetes temáticos. This research presents and discusses the experiences of a researcher teacher with the school community of public schools on the outskirts of São Bernardo do Campo. The main objective is the comprehension, denaturalization and possible (de)construction of discourses about injured bodies at school, that brings to light stereotypes, clichés and prejudices about gender representations, that aim to manufacture, dictate, sanction, monitor and control certain patterns of normality. Thus, the research focuses on the emergence and circulation of discourses present in school life capable of identifying, separating, differentiating, judging and rejecting certain representations considered deviant and abnormal. In the first chapter, the teacher-researcher's relationship with the space is presented, with the themes and affections that cross the lives present there, in order to give visibility to the ways and strategies by which injuries are presented in this school, in speeches and in diverse inscriptions. In the second chapter, three versions of teaching materials prepared by the São Paulo Department of Education (São Paulo Faz Escola) intended for pedagogical work with gender issues, which affect the universe of human sciences, and, in particular, the are discussed, the teaching of philosophy. The critical analysis of the problems and weaknesses of these materials gave subsidies for the teacherresearcher to think, build and apply didactic sequences created specifically in response to an inventory of images (verbal and non-verbal) about the injuries that cross the imaginative and experiential universe of this school community presented in the third chapter. Thus, from an intersectional perspective, it was possible to narrate the experiences with secondyear high school classes, faculty and management in relation to the use of material created in the context of teaching philosophy. The Dictionary "I de Injúria" stands out as part of this process, which was built by the school community, from the choice of some injuries present in their lives, that were narrated, described and re-signified from the writing of thematic entries.