A água é um recurso natural de grande valor económico, ambiental e social, fundamental à subsistência e bem-estar do Ser Humano e dos ecossistemas terrestres. A sua disponibilidade assinala, todavia, grandes contrastes, tanto em termos espaciais como temporais. Daí resultam problemas relacionados com a sua escassez ou excesso (por exemplo as secas e as cheias/inundações), a que se associam o crescente consumo humano e de alguns setores de atividade, a degradação da sua qualidade e as variações recentes na sua quantidade impostas pelas mudanças climáticas. Recurso vital, essencial à produção de bens e serviços, manancial de biodiversidade, fonte de inspiração e de lazer, mas também de conflito, a gestão das águas superficiais e subterrâneas requer uma visão holística, que concilie as necessidades humanas, o desenvolvimento económico e a proteção dos ecossistemas naturais, por forma a não comprometer a sua sustentabilidade. Neste livro, denominado Territórios de Água, analisam-se e discutem-se múltiplas dimensões ligadas à água, em vários territórios nacionais e internacionais, encontrando-se dividido em quatro partes principais. A primeira parte, dedicada à análise dos Riscos e Dinâmicas Hidrológicas, aborda vários exemplos associados à manifestação de riscos e outras dinâmicas hidrológicas, privilegiando-se as dinâmicas fluviais, como resultado das complexas interações entre os elementos físicos e antrópicos presentes. Na parte II, Água, Cidade e Turismo, os ambientes aquáticos emergem com usos tão diferen- ciadores e inovadores que lhes dão um carácter multifuncional. Contudo, num mundo cada vez mais dominado pelas grandes concentrações urbanas, o incremento nas necessidades de consumos, quer pelo crescimento da população, quer pelas atividades relacionadas com a água, obrigam a uma reflexão sobre a sua própria fragilidade, sobretudo em termos de qualidade, servindo de ensejo para a valorização das temáticas da sustentabilidade territorial e do estudo de modos de redução de impactes ambientais. As paisagens de água emergem, no entanto, cada vez mais com valor cultural, lúdico, de entretenimento e turístico. Neste “novo” cenário, o lazer e o turismo adquirem significados económicos, sociais, culturais e simbólicos particularmente relevantes. Os rios, os estuários, os lagos, o mar são hoje palco de novas utilizações - turismo náutico, iatismo, turismo fluvial, animação turística, rotas e itinerários de visitação turística em ambiente marítimo e fluvial, praias fluviais, desportos e atividades radicais, pesca desportiva, entre outras. Na parte III, denominada Políticas e Gestão da Água, são abordadas políticas que atribuem um papel importante e determinante à água, enquanto elemento ambiental e recurso natural. São igualmente, discutidos problemas e questões ligadas à gestão da água, que se prendem com a desigual distribuição e acesso, com sua qualidade e com a necessidade de adotar novos modelos de governação ao nível da bacia hidrográfica, em particular, e ao nível domínio hídrico, em geral. Perante estes grandes desafios, tanto formuladores de políticas como planificadores precisam de fazer muito mais para melhor compreender e gerir com eficiência e sustentabilidade os recursos hídricos de que dispomos. A última parte, Água, Educação e Cultura, reflete a importância que a educação pode ter na construção de novos conceitos, na mudança de hábitos e no diálogo intergeracional. Apesar das questões ligadas à água, enquanto tema educacional, poderem ser abordadas sob diversas perspetivas e em várias áreas disciplinares, na Geografia emergem sob duas perspetivas principais: a água enquanto recurso e os riscos associados à água. Neste contexto, é importante educar para a preservação da água enquanto recurso e para a mitigação das consequências da manifestação dos riscos climático-hidrológicos e de poluição, através da adoção quer de medidas coletivas, quer de medidas individuais. Por último, a água emerge como um dos elementos centrais da reprodução não somente material mas também simbólica dos territórios, capaz de captar materialidades, espacialidades e imaterialidades, que se manifestam de maneira simbólica, imaginária, afetiva, mas sempre complementares, nas interpretações geográficas. A água assume-se, assim, neste século, como um recurso estratégico e a sua gestão corresponde a um desafio transversal à sociedade, por envolver não só as comunidades científica, política, empresarial e ligada à gestão territorial, mas também cada cidadão, nas suas ações individuais e/ou coletivas. Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Compete 2020, Portugal 2020, Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional