Made available in DSpace on 2016-08-29T14:09:47Z (GMT). No. of bitstreams: 1 tese_5791_Ana Cristina.pdf: 646485 bytes, checksum: 6db7ce00e6c850edf1bfda93ff21f408 (MD5) Previous issue date: 2012-06-21 CAPES RESUMO De acordo com o Relatório Semestral (dez/2010) do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), o Estado do Espírito Santo possui uma população carcerária de 10.803 internos. Não são poucas as vidas enclausuradas, isoladas do convívio em sociedade e ameaçadas cotidianamente com a invisibilidade social que legitima torturas físicas e psicológicas; são muitas as sobrevidas marcadas por precárias condições de higiene e salubridade, como se pode constatar em material divulgado pelo Conselho Estadual de Direitos Humanos do ES. Assim, firmou-se como objetivos desse trabalho conhecer a realidade prisional a que estão submetidos os internos do sistema carcerário capixaba, analisar as formas como estes vivenciam o cumprimento de suas penas, conhecer os mecanismos, os dispositivos e as estratégias produzidas por esses internos, as quais os permitem viver, bem como os favorecem no processo de criação, produção e afirmação da vida. Esse trabalho tornou-se possível a partir do acompanhamento cartográfico da Penitenciária de Segurança Máxima I localizada no Município de Viana (ES) e da vida de dois internos que, gentilmente, colocaram-se como parceiros na concretização desse pesquisar. Realizamos, assim, entrevistas continuadas por um período de cinco meses com dois internos da PSMA I, além de transitarmos por tal estabelecimento e de participarmos de algumas atividades por ele propiciadas. Nossas análises apontam para o combate, que se faz necessário nesses espaços de aprisionamento, aos estados de dominação reinantes não só nas prisões, mas circulantes por entre toda a sociedade estados de dominação que sufocam a criação da vida e que devem ser combatidos a partir das práticas de liberdade, práticas questionadoras sempre prontas à reinvenção dos códigos, das normas e das identidades forjadas por um discurso que produz o empobrecimento e massificação dos modos de ser e estar no mundo. Enfatizamos a prisão como um dispositivo marcadamente produtor de adoecimentos, um espaço que não cessa de subtrair a autonomia dos sujeitos, destituindo-os das rédeas de suas próprias vidas. Entretanto, acreditamos que nos movimentos cotidianos da vida, algo sempre escapa às normas, algo esbarra e ultrapassa as regras, produzindo pequenos desvios, recortes e delicados fragmentos que alimentam outra lógica, outras vidas. Palavras-chave: Prisão; Subjetividade; Normatividade. Área de conhecimento: Psicologia. 7.07.00.00-1. According to the semestral report (dec/2010) from the National Penitentiary Department (DEPEN), the Espirito Santo State has a population of 10,803 prisoners. It is not little the number of enclosed lives, isolated from the social living and daily threatened with the social invisibility that “legitimates” physical and psychological tortures; it is too many under lives marked by precarious hygiene and salubrity conditions – as we can see in a material divulged by the Espirito Santo State Council on Human Rights. Therefore, it was established as goals of this study to get to know the carceral reality under which the Espirito Santo carceral system’s prisoners are submitted, to analyze the ways how they experience the fulfilling of their sentences, to get to know the mechanisms, the devices and the strategies produced by those prisoners, which allow them to live, as well as support the process of creation, production and assertion of life. This study became possible because of the cartographic attendance of the Maximum Security Prison I (PSMA I), located in Viana, ES, and because of the lives of two prisoners who kindly place themselves as partners for the concretization of this research. We thereby made many interviews during five months with those two prisoners from the PSMA I, besides the walks along the institute and participations in eventual activities promoted by it. Our analyses indicate the fighting, necessary in such spaces of enclosure, against the domination states ruling not only in the prisons, but also among the whole society; such domination states stifle the creation of life, and must be wrestled by liberty experiences, questioning experiences – always ready for intervention – of codes, rules and identities forged by a discourse that produces impoverishment and massification of the ways of being in the world. We emphasize prison as a device markedly producer of illnesses, a space where subject’s autonomy do not stop being subtract, putting them away from the control of their lives. However, we believe that in the daily movements of life, something always escapes from the norms, something stumbles and overpasses the rules, producing small deviations, cuttings and slight fragments that feed another logic, other lives