José Américo de Almeida dedicou um espaço muito especial das suas memórias à sua professora de primeiras letras, ele dizia que por causa dela teria descoberto sua vocação para homem de letras. Ao passo em que, também ela dedicou a ele um espaço importante de sua imagem pública, seria reconhecida em sua velhice como a professora do ministro. O objetivo desse texto é discutir como a memória das aulas de primeiras letras foi agenciada por ambos ao longo das correspondências e de seus relatos autobiográficos. Isso significa observar os diferentes espaços sociais atribuídos aos intelectuais criadores, como os literatos, e às intelectuais mediadoras, no caso da professora de primeiras letras, conforme definem Angela de Castro Gomes e Patrícia Hansen (2016). Consideradas essas circunstâncias, foi possível observar um intercâmbio constante de memórias entre o político e a professora, o qual perdurou, em dezenas de cartas trocadas, por mais de duas décadas.