La carte postale est un kaléidoscope de vues, d’ornements et de couleurs, qui consacre un tout petit espace au message. C’est à la photographie et aux procédés de reproduction photomécaniques que revient le mérite d’avoir industrialisé la production de la carte postale. Et ce sont les clichés de villes, avec leurs monuments et leurs paysages, qui confèrent à la carte postale son statut de moyen de communication de masse et qui lui concèdent une affinité avec l’industrie du tourisme. La carte postale s’est ainsi emparée de l’ambition photographique de reproduire le monde, s’alliant aux « besoins de l’exploration, des expéditions et des relevés topographiques » du médium photographique à ses débuts. Ayant comme point de départ la carte postale, notre objectif est de montrer les conséquences culturelles de la révolution optique, commencée au milieu du XIXe siècle, avec l’invention de l’appareil photo, et consumée dans la seconde moitié du XXe siècle, avec l’apparition de l’ordinateur. En effet, depuis l’apparition de l’appareil photographique et des cartes postales jusqu’au flux de pixels de Google Images et aux images satellite de Google Earth, un entrelacement de territoire, puissance et technique a été mis en oeuvre, la terre devenant, en conséquence, de plus en plus auscultée par les appareils de vision, ce qui impacte sur la perception de l’espace. Nous espérons pouvoir montrer avec cette étude que la lettre traditionnelle est à l’email ce que la carte postale est au post que l’on publie dans un blog ou dans des réseaux comme Facebook et Twitter. À notre sens, les cartes postales correspondent à l’ouverture maximale du système postal moderne, qui d’universel devient dépendant et partie intégrante des réseaux télématiques d’envoi. Par elles sont annoncés, en effet, la vitesse de transmission de l’information, la brièveté de la parole et l’hégémonie de la dimension imagétique du message, et pour finir, l’embarras provoqué par la fusion de l’espace public avec l’espace privé., The postcard is a kaleidoscope of views, ornaments and colors, which devotes a little space to the message. The merit of having industrialized the production of postcards can be ascribed to photography and photomechanical reproduction processes. And they are the views of cities, with their monuments and landscapes, which give the card the status of mass communication means and concede it an affinity with the tourism industry. The postcard has thus captured the photographic ambition to reproduce the world, connecting the "needs of the exploration, expeditions and topographical maps" of the photographic medium in its beginning. Having the postcard as starting point, our goal is to show the cultural consequences of the optical revolution, begun in the mid-nineteenth century, with the invention of the camera, and concluded in the second half of the twentieth century, with the advent of the computer. Since the appearance of the camera and postcards to the pixel flow of Google Images and Google Earth satellite images, an interweaving of territory, power and technique has been implemented, with the earth having become, consequently, increasingly apprehended by vision devices, which impacts on the perception of space. We hope to show with this study that the traditional letter is to the email as the postcard is to the post which we publish in a blog or in networks like Facebook and Twitter. In our sense, postcards correspond to the maximum opening of the modern postal system, which was universal and has now become dependent on and an integral part of telematic sending networks. The postcards, in effect, carry with them the speed of information transmission, the brevity of speech and the hegemony of the imagistical dimension of the message, and finally, the embarrassment caused by the fusion of public space with private space., O postal ilustrado é um caleidoscópio de vistas, ornamentos e cores, que apenas consagra um pequeno espaço à mensagem. O mérito e se ter industrializado a produção do postal ilustrado deve-se à fotografia e aos procedimentos de reprodução fotomecânicos. E são os clichés de cidades, com monumentos e paisagens, que conferem ao postal ilustrado uma afinidade com a indústria do turismo. O postal ilustrado apoderou-se, então, da ambição fotográfica de reproduzir o mundo, aliando-se às “necessidades da exploração, das expedições e dos levantamentos topográficos”, inscritas nas origens do medium fotográfico. Tomando como ponto de partida o postal ilustrado, o nosso objetivo é o de mostrar as consequência culturais da revolução ótica, iniciada por meados do século XIX, com a invenção da máquina fotográfica, e consumada na segunda metade do século XX, com a invenção do computador. Com efeito, nesta trajetória que vai do aparecimento da máquina fotográfica e dos postais ilustrados até ao fluxo de píxeis do Google Images e às imagens por satélite do Google Earth, deu-se um entrelaçamento de território, potência e técnica. Como consequência, a terra tornou-se cada vez mais auscultada por aparelhos de visão, sendo apreciável o impacto na perceção que passámos a ter do espaço. Com este estudo, esperamos poder mostrar que a carta tradicional está para o email como o postal ilustrado está para o post que publicamos num blogue ou em redes sociais, como o Facebook e o Twitter. A nosso ver, os postais ilustrados correspondem à abertura máxima do sistema do sistema postal moderno, o qual, na sua universalidade, se torna dependente e parte integrante das redes telemáticas de envio. Com efeito, neles anuncia-se já a velocidade da informação, a brevidade da palavra e a hegemonia da dimensão imagética da mensagem, e mesmo, o embaraço provocado pela fusão do espaço público com o espaço privado.