Neste trabalho, considerarei algumas perspectivas suscitadas pela recepção estética de práticas artísticas associadas ao uso exploratório e transgressivo da tecnologia. O eixo de discussão será a noção de diferença vinculada a essa abordagem hacker, conforme a proposta de McKenzie Wark construída a partir do legado deleuziano. Em contraponto a essa compreensão específica da diferença, revisarei aspectos encontrados em vertentes ligadas ao pensamento de Jacques Derrida e Niklas Luhmann. Com isso, pretendo apontar algumas vias comuns de compreensão a respeito dos processos que constituem as corporeidades tecnológicas dos trabalhos de arte hacker. Seus resultados podem então ser percebidos como manifestações estéticas das operações derivadas das diferenças sistêmicas que frequentemente concernem tanto o artificial quanto o orgânico. A partir disso, considerarei como os impulsos e respostas sensório-motoras articulados pela arte hacker correspondem a um embaralhamento das qualificações estéticas ligadas à vida singularizada e política (βίος), em correspondência aos fatores artefatuais explorados e transgredidos com base na tecnologia. A esta artefatualidade farei aqui referência por meio do uso homofônico e metonímico do acrônimo BI/OS, usado para designar o sistema básico de entrada (input) e saída (output) que fundamenta a operação do hardware computacional, ou seja, a sua corporeidade. Palavras-chave: Diferença e Tecnologia, Sistemas, Hackeamento, Artemídia.