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In this article I reconstruct, discuss, and develop both the understanding of scientific practice and philosophy set forth by Pierpaolo Cesaroni in his book, La vita dei concetti. Hegel, Bachelard, Canguilhem. As regards the understanding of science, I focus on the investigation of the distinction between activity subjected to norms and activity elaborating norms. I also consider a number of connected issues, including the one relating to that particular form of necessity implied in the elaboration of a scientific concept. As to the understanding of philosophy, I distinguish the several intellectual performances which can be deemed as philosophical. The closing annex is devoted to the Althusserian conception of an authentic science of politics. [ABSTRACT FROM AUTHOR]

RESUMO O artigo propõe-se a explorar, a partir de uma posição bachelardiana, as relações entre imaginação e horror. Para tanto, examino o campo dos sonhos vividos durante o regime de terror nazista, e em especial o material onírico e a experiência vivida por Jean Cayrol no universo concentracionário, pondo à prova teses fundamentais da concepção bachelardiana acerca da imaginação criadora em sua significação antropológico-existencial.

Assim como o neokantismo, a fenomenologia e a filosofia analítica, também a epistemologia histórica francesa teve sua emergência no contexto da crise das ciências na virada para o século XX. Por seus desdobramentos particulares, as obras de Gaston Bachelard e de Georges Canguilhem romperam, cada uma a seu modo, respectivamente com o neokantismo representado por Brunschvicg (no caso de Bachelard) e por Alain (no caso de Canguilhem). Neste artigo, propomos tirar algumas consequências epistemológicas, éticas e políticas dessas duas rupturas, analisando brevemente as particularidades de cada um dos dois casos.

En littérature comparée, la phénoménologie bachelardienne est un outil puissant pour rendre compte de la convergence thématique qui relie certaines œuvres, au-delà des évidences premières. Quand l’origine de l’image poétique est appliquée à la fonction première d’habiter, se pose la question suivante : « Comment les refuges éphémères et les abris occasionnels reçoivent-ils parfois, de nos rêveries intimes, des valeurs qui n’ont aucune base objective ? » Pour répondre à cette question, nous étudierons les images poétiques liées au rêve de hutte dans deux récits : L’île d’un autre (Perry, 1979) et L’île à midi (Cortázar, 1966). Les résultats de l’analyse démontreront que deux archétypes irriguent cette convergence thématique : le primitivisme et la nostalgie des origines.

This paper intends to start from the recent reprint of the "new scientific spirit" of the French philosopher Gaston Bachelard. The questions we ask to the text are linked to the sociology of the imaginary and to the sociology of the media. To investigate the new scientific spirit means to highlight what innovationis it contains and what (even today) can be useful both for the disciplinary fields from which we have decided to investigate the text, and for the question we have decided to be the central question of investigate: can there be a new scientific spirit?

Neste artigo, abordamos o problema do “silêncio epistemológico” de Gaston Bachelard (1884-1962) após 1953. Bachelard era um escritor prolífico: entre 1927 e 1953, concluiu 13 livros sobre epistemologia – cerca de um livro a cada 14 meses. Todavia, em certo momento deixou de publicar obras sobre o tema, embora tivesse continuado a escrever sobre a imaginação poética. Michel Vadée e Olival Freire notam o problema e indicam caminhos possíveis, mas deixam sua solução em aberto. Mais especificamente, Freire sugere que a questão pode estar relacionada a uma importante tomada de posição de Louis de Broglie, que, em 1952, rompe com a interpretação de Copenhagen (adotada por Bachelard), propondo uma teoria que admite uma solução não probabilista para a teoria quântica. Essa reviravolta por parte do mais importante físico francês pode ter abalado o espírito de Bachelard. Acreditamos ter encontrado, em um artigo de Bachelard publicado em 1957, elementos que permitem resolver a questão. [In this paper, we address the problem of Gaston Bachelard’s (1884-1962) “epistemological silence” after 1953. Bachelard was a prolific writer: between 1927 and 1953, he completed 13 books on epistemology ‒ about one book every 14 months. However, at one point he stopped publishing works on the subject, although he continued to write about the poetic imagination. Michel Vadée and Olival Freire note the problem and point out possible paths, but leave their solution open. More specifically, Freire suggests that the issue may be related to an important position taken by Louis de Broglie, who, in 1952, breaks with the Copenhagen interpretation (adopted by Bachelard), proposing a theory that admits a non-probabilistic solution for Quantum theory. This turnaround by the most important French physicist may have shaken Bachelard's spirit. We believe we have found, in an article by Bachelard published in 1957, elements that allow us to resolve the issue.]

Resumo Este artigo pretende avaliar o papel da imagem na história do atomismo e sua relação com a ideia da visualização do invisível da matéria, com enfoque nas perspectivas epistemológicas de Gaston Bachelard. As origens do atomismo estão ligadas à visão, mas é somente no final do século XVI que a iconografia atomística surge. No artigo, a autora procura evidenciar a tentação humana para o “reino das imagens”: (1) começando por explanar a importância da “metafísica da poeira” (segundo Bachelard, a poeira conferiu uma imagética fundadora à tese atomística); (2) fazendo notar que o termo “átomo” designou entidades diversas e ressaltando a importância conferida à geometria nas concepções atomísticas, tão presente ao longo da história do atomismo filosófico; (3) tecendo considerações sobre uma das primeiras imagens do átomo - Area Democriti, de Giordano Bruno; (4) colocando em destaque a problemática da imagem no atomismo contemporâneo e do seu radical abstracionismo; (5) explorando o paradoxo da utilidade das imagens a partir de várias obras bachelardianas; (6) mostrando que Bachelard não parece tomar a noção de imagem em sentido lato e que distinguir imagens de não-imagens é supor que ela tenha uma essência e classificação estável; e, por fim, (7) apontando para o fato de cada vez mais a filosofia da ciência tentar apurar qual a função que a iconografia pode ter na criação científica e na transmissão de conhecimento.

Ce travail propose une interprétation de la Poétique de l’espace (1957) de Gaston Bachelard. Dans sa discussion de l’ouvrage du philosophe, Claude Zilberberg met à contribution des concepts fondamentaux de la sémiotique tensive dans ses développements de la toute dernière phase, dont notamment les « modes sémiotiques », à savoir le mode d’efficience (survenir vs. parvenir), le mode d’existence (saisie vs. visée) et le mode de jonction (concession vs. implication). L’auteur évoque en outre les subvalences de la tonicité, du tempo, de la temporalité et de la spatialité, de même que le rôle joué par les « styles syntaxiques » dans les choix opérés par les sujets de l’énonciation.

The notion of ‘phenomenotechnique’ which Gaston Bachelard introduced in the 1930’s has gained popularity among historians of science who used it in order to insist upon the technical and social mediateness of scientific facts. In philosophy, in the wake of the current triumphal return to epistemological ‘realism’, the idea of phenomenotechnique has been dismissed as an alleged relic of ‘constructivism’. The article advocates for a different reading of ‘phenomenotechnique’, which, rather than insisting on the fabrication of the scientific fact, highlights the intrinsic connection of phenomenality and technicality. Phenomena are not simply given, they must be brought to visibility. Such a premise forces not only to reconceptualize the role traditionally granted to technicity within aesthetics, but also that of aesthesis within the technical operations.

O artigo propõe estudar o papel que a doutrina dos elementos ou princípios materiais fundamentais da natureza, presente na filosofia pré-socrática, desempenha na estética de Gaston Bachelard; ao mesmo tempo, o texto busca assinalar de que maneira essa referência - que, na Antiguidade Clássica, traduzia entre os filósofos gregos uma concepção da physis, do mundo da experiência sensível -, não pôde por outro lado ser apropriada pela epistemologia bachelardiana, cuja elaboração se alimentou da revolução intelectual operada no campo científico entre o final do século XIX e o início do XX.

Bachelard’s works on imagination have been used primarily by literary critics interested in the archetypal imagery of writers. His treatment of the imagination of matter has led to a method of classifying poets according to their favorite substances, based on a view of Bachelard as a “psychoanalyst” of the elements. But the phenomena of imagination, the images themselves, are not his fundamental concern. Bachelard’s physics and chemistry of imagination also imply a metaphysics. Definition of the contents and function of imagination illustrating a philosophy of imagination in itself is the purpose of the present essay.

Among the most provocative propositions inaugurated by Bachelard’s work one cannot miss his reflection on the question of imagination as “a major force of human nature” (The Poetics of Space), anticipating thus the premise that the productivity of imagination does not reside—as was usually thought—in its capacity for creating images derived from reality but in “the faculty of forming images which would surpass reality” (Water and Dreams). In pursuing these ideas, Bachelard—apart from enriching the hermeneutical apparatus around the elucidation of literary works—was able to take his writing at the center of the becoming of the imagination as well as into the transcendental phenomena of the poetic vision. His understanding of the experience of imagination as a becoming would make possible the internalization of the flow of the imagining as an organic entity which could not possibly be ascribed to pragmatic fields of representation nor to chronological or linear dimensions. My essay reflects on the above referred principles which are essential to Bachelard’s construction of his poetics of imagination. Additionally, I contextualize these ideas with an analyses of the imaginative processes found in Pedro Prado’s work Alsino, a poetic novel that can be situated in the antipodes of rationality since its drive for the construct of the ascensional pertain to both the realm of the oneiric, and the plane of an enduring psychical energy.

Neste breve artigo tento apresentar a compreensão singular de filosofia que aparece na reflexão que Gaston Bachelard dedica à arte e à literatura.In this short article I try to present the peculiar philosophy's understanding that turn up in the reflection that Gaston Bachelard devotes to the art and science.

Resumo Este ensaio propõe atuar com as forças artísticas de um currículo a partir dos trabalhos de Sophie Calle e Georges Perec. De modo a embaralhar arte e vida, ambos os autores se prestam a um movimento de reduções, de subtrações tendo por base um minimalismo brutal e uma simplicidade crua. Nessa medida, tomada por ideias oulipianas e, em meio ao pensamento de Bachelard, busca-se um currículo poeticamente inventariado, suspendendo as definições, as verdades, os julgamentos, os quadros de referência, as atitudes preformatadas. Trata-se de um exercício que deseja portar um falar de coisas comuns do cotidiano, do trivial e por vezes evidentes, mas que, no entanto, raramente recebem nossa atenção. Assim, mais do que qualquer outra coisa, pretende-se pensar em um currículo que se efetuaria no encontro com diferenças tornadas visíveis, produzidas por impressões sensíveis que se repetem singularmente a cada experiência.