Dissertação apresentada à Universidade Fernando Pessoa como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Psicologia, ramo de Psicologia Clínica e da Saúde Ao longo dos tempos e com o avançar da investigação e da prática clínica tem-se verificado uma crescente associação entre os factores psicossociais e a dor crónica. Assim, é de extrema importância que na avaliação clínica da dor não se tenha apenas em consideração, os processos orgânicos mas o aglomerar de factores orgânicos e psicossociais, tanto na manutenção como na exacerbação da dor. Desta forma, a presente investigação tem como principais objectivos: caracterizar a dor, os pensamentos catastróficos, a percepção de doença da amostra; analisar a relação entre a dor e os pensamentos catastróficos, a percepção de doença e os pensamentos catastróficos e a relação entre a dor e as variáveis sócio-demograficas. A amostra, de conveniência, constituída por 80 adultos com diagnóstico de dor crónica (63 do sexo feminino e 17 do sexo masculino), com idades compreendidas entre os 24 e os 81 anos de idade (M=51,83; DP=12), seguidos na Consulta de Psicologia da Dor da Unidade de Dor Crónica do Hospital S.João – EPE, Porto, responderam a um questionário Sociodemográfico e Clínico, ao Inventário Resumido da Dor (BPI), à Escala de Catastrofização da Dor (PCS) e ao Illness Perception Questionare (IPQ). Verificou-se na presente amostra que no que respeita ao BPI Severidade o valor mais elevado corresponde à dor sentida no máximo na ultima semana, (M=7,83), sendo que para o BPI Interferência o valor mais elevado corresponde à actividade em geral, (M=7.84). Pode verificar-se ainda que em média (M=31,5) dos inquiridos apresenta pensamentos catastróficos associados à dor, nomeadamente, os valores mais elevados são encontrados na subescala Desamparo Aprendido (M=14,2). No que concerne à percepção de doença, os valores médios mais elevados verificam-se na subescala Duração aguda/crónica (M=26,85) sendo que o valor mínimo registado corresponde à coerência de doença (M=13,8). Os resultados permitiram ainda concluir que os níveis de dor e os pensamentos catastróficos estão correlacionados com todas as subescalas. O mesmo acontece no IPQ na subescala Duração, Consequências e Coerência de doença, que se encontram correlacionado com o BPI. A investigação permitiu ainda verificar que não existem diferenças estatisticamente significativas relativamente à idade, sexo, estado civil, níveis de escolaridade, situação profissional e níveis socioeconómicos face aos níveis de dor. Au fil du temps et avec les progrès de la recherche et de la pratique clinique, il y a eu une association croissante entre les facteurs psychosociaux et la douleur chronique. Il est donc extrêmement important que tout au long du processus de développement d’une évaluation clinique de la douleur, soit pris en considération non seulement les processus organiques mais l’ensemble des facteurs organiques et psychosociaux dans la maintenance et l’exacerbation de la douleur. De cette manière, cette investigation a comme principaux objectifs, caractériser les niveaux de douleur dans l’échantillon ; caractériser les niveaux de pensées catastrophiques dans l’échantillon ; caractériser la perception de maladie dans l’échantillon ; caractériser les variables sociodémographiques et cliniques ; ainsi qu’analiser la relation entre la douleur et les pensées catastrophiques ; analyser la relation entre la perception de maladie et les niveaux de pensées catastrophiques, ainsi que les niveaux de douleur ; analyser les niveaux de douleur et les variables sociodémographiques. Cette dissertation reflète un échantillon de convenance de 80 adultes souffrant de douleur chronique (63 de sexe féminin et 17 de sexe masculin, âgés entre 24 et 81 ans (M=51,83 ; DP=12) suivis en consultation de psychologie de la douleur de l’unité douleur chronique de l’Hôpital S. João – EPE, Porto. Les patients qui ont participés à cette investigation ont répondu à un questionnaire Sociodémographique et Clinique, à l’Inventaire Résumé de la Douleur (BPI), à l’Echelle de Catastrophisme de la Douleur (PCS), et à l’Illness Perception Questionare (IPQ). Il a été constaté dans cet échantillon, qu’en moyenne (M=31,5) des personnes interrogées présente des pensées catastrophiques associées à la douleur, notamment les valeurs les plus élevées se trouvent dans la sous-échelle Désappointement Appris (M= 14,2). En ce qui concerne la perception de maladie, les valeurs moyennes les plus élevées se trouvent dans la sous-échelle chronique aiguë terme (M=26,85), la valeur minimale enregistrée correspondant à la cohérence de maladie (M=13,8). Les résultats ont permis également de conclure que les niveaux de douleur et les pensées catastrophiques sont directement corrélés dans toutes les sous-échelles. On vérifie la même situation dans l’IPQ dans la sous-échelle Durée, Conséquence et cohérence de maladie, qui se trouve directement corrélée avec le BPI. La recherche a permis également de vérifier qu’ils n’existent pas de différences statistiquement significatives relativement à l’âge, sexe, état civil, niveau d’instruction, situation professionnelle et niveaux socioéconomiques face aux niveaux de la douleur. Over the time and with the developments on the research and with the clinical practice it has been seen a growing association between psychosocial factors and the chronic pain. Therefore, it is extremely important in the whole process of developing a clinical evaluation of pain, take into account not only the organic process but the agglomeration of organic and psychosocial factors in the maintenance and exacerbation of pain. This way, the present investigation has as main objectives, characterize the levels of pain in the sample, characterize the levels of catastrophic thoughts in the sample, characterize the perception of illness in the sample, characterize the clinical and sociodemographic variables, as well as analyze the relationship between pain and catastrophic thoughts, analyze relationship between perception of illness and the levels of catastrophic thoughts and also the levels of pain, analyze the levels of pain and the sociodemographic variables. This thesis reflects a convenience sample of 80 adults with a chronic pain diagnosis (63 females and 17 males) aged between 24 and 81 (M=51,83; DP=12) during the appointments of Psychology of Pain on The Chronic Pain Unit at S. João Hospital– EPE Porto. The users who agreed to participate in this study answered a Sociodemographic and Clinical questionnaire, to the Brief Pain Inventory (BPI), to the Pain Catastrophizing Scale (PCS) and to the Illness Perception Questionnaire (IPQ) It was found on this study that on average (M=31,5) of those questioned has catastrophic thoughts associated to the pain, namely the higher values are found on the subscale Learned Helplessness (M=14,2). Concerning the Illness Perception the average higher values are found on the subscale term acute chronic (M=26,85) being the minimum value recorded corresponds to the Coherence of Disease (M=13,8) The results also allowed concluding that the levels of pain and the catastrophic thoughts are directly related on all the subscales. The same happens on the IPQ on the subscale Duration, Consequences and Coherence of Disease, which is directly related with BPI. The research also allowed concluding that there are no statistically significant differences directly linked to age, males or females, marital status, scholarity levels, professional situation and socioeconomic levels compared to the pain levels.