OBJETIVO: A asma é a doença pulmonar crônica mais comum na infância, caracterizada por inflamação brônquica. Algumas crianças com asma podem apresentar função pulmonar persistentemente reduzida. A prevalência e etiologia dessa anormalidade em crianças com asma em países em desenvolvimento ainda não são conhecidas. O objetivo deste estudo foi estimar a proporção de pacientes com função pulmonar reduzida, sem resposta a tratamento, em um grupo de crianças e adolescentes com asma, e descrever as características fenotípicas da amostra. MÉTODOS: Foram selecionados pacientes ambulatoriais (5-17 anos) diagnosticados com asma persistente através de um questionário padronizado. Esses pacientes foram submetidos a espirometria e teste cutâneo para aeroalérgenos comuns. Definiu-se como função pulmonar persistentemente reduzida apresentar relação VEF1/CVF < 0,80, mesmo após ter recebido tratamento com broncodilatador e corticoide oral por 10 dias. O índice de intensidade de atopia foi utilizado para diferenciar pacientes pouco reatores daqueles multirreatores (ponto de corte: 4 alérgenos). RESULTADOS: Foram incluídos 96 pacientes, com média de idade de 10,6 anos. Desses, 52 (54,1%) eram do sexo masculino, e 89 (92,7%) eram atópicos. Dos 96 pacientes, 8 (8,3%) apresentaram redução da função pulmonar mesmo após o tratamento. Desses pacientes, 8 (100%) eram atópicos, 7 (87,5%) apresentavam asma moderada ou grave, e 7 (87,5%) tinham história de hospitalização por bronquiolite aguda. CONCLUSÕES: Crianças e adolescentes com asma moderada a grave podem apresentar função pulmonar reduzida e sem resposta a tratamento. Essa situação clínica é pouco estudada em países em desenvolvimento, e seus fatores de risco e etiologia serão mais bem entendidos somente com estudos de coorte de nascimento.OBJECTIVE: Asthma is the most common chronic pulmonary disease, characterized by bronchial inflammation. Some children with asthma have persistent pulmonary function impairment. The prevalence and etiology of this abnormality in children with asthma in developing countries remain unknown. The objective of this study was to estimate the proportion of patients with impaired pulmonary function who were unresponsive to treatment in a group of children and adolescents with asthma, and to describe the phenotypic characteristics of the sample. METHODS: Using a standardized questionnaire, we selected outpatients (5-17 years of age) diagnosed with persistent asthma. These patients underwent spirometry and skin prick tests for sensitivity to common aeroallergens. Persistent pulmonary function impairment was defined as an FEV1/FVC ratio < 0.80, even after 10 days of treatment with bronchodilators and oral corticosteroids. We used the atopic index to differentiate between patients with little or no response to the skin prick test and those with a strong response (cut-off point: 4 allergens). RESULTS: We included 96 patients with a mean age of 10.6 years. Of those, 52 (54.1%) were male, and 89 (92.7%) were atopic. Of the 96 patients, 8 (8.3%) had impaired pulmonary function even after the treatment. Among those patients, 8 (100%) were atopic, 7 (87.5%) had moderate or severe asthma, and 7 (87.5%) had a history of hospitalization for acute bronchiolitis. CONCLUSIONS: Children and adolescents with moderate or severe asthma can present with impaired pulmonary function and be unresponsive to treatment. This clinical situation has been little studied in developing countries, and its risk factors and etiology will be better understood only through birth cohort studies.