Resumo Este trabalho analisa a relação entre os conflitos e o surgimento de uma organização social que busca dar conta dos processos de gestão social do território. Parte-se da discussão a respeito da gestão social, como possibilidade de uma gestão pública, não estatal, que ocorre na esfera pública. A análise inclui a dimensão do conflito e a capacidade dos sujeitos de transcender os espaços formais em direção a esforços organizados para a gestão social do território. O estudo nas ilhas de Porto Alegre-RS revela o exercício da gestão social por parte de uma organização própria da comunidade que nasce em meio a uma série de conflitos e, por que não dizer, em razão deles. Tal gestão diz respeito às ações desenvolvidas pela comunidade para alcançar diversos fins (redistribuição, reconhecimento, respeito e autonomia) e que não se restringem à participação em espaços formais, como conselhos e instâncias de representação; muito menos é a articulação de atores formalmente constituídos ou movimentos sociais institucionalizados. Ela vai além para incluir os recursos informais, como as manifestações, os protestos, as ações simbólicas, os contatos políticos. Com efeito, não se limita à participação concedida, mas representa, também, aquela conquistada e que supera a fragmentação dos espaços públicos formais para representar algo em movimento, porém, estabelecido sobre a base de um território. É, portanto, uma "gestão social do território" feita nos espaços, entre eles e por meio deles. Abstract This paper analyzes the relationship between conflicts and the emergence of a social organization that seeks to tackle social management procedures in the territory. It starts from the discussion on social management, as the possibility of a public management, not belonging to the State, which takes place in the public sphere. The analysis includes the dimension of conflict and the ability of individuals to go beyond the formal spaces towards organized efforts for social management of the territory. The study conducted in the islands of Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil, reveals the practice of social management through an organization inherent to the community that is born amid a series of conflicts and, why not saying it, because of them. The social management concerns actions taken by the community to achieve various purposes (redistribution, recognition, respect, and autonomy) and they are not restricted to participation in formal spaces, such as councils and representation bodies; also, it is not the interconnection between formally constituted actors or institutionalized social movements. It goes further to include informal resources, such as manifestations, outcries, symbolic actions, political contacts. Indeed, it is not limited to the participation granted, but also represents the conquered one that overcomes the fragmentation of formal public spaces to represent something in motion, but established on the basis of a territory. It is, therefore, a "social management of the territory" taking place in the spaces, between them, and through them. Resumen En este trabajo se analiza la relación entre el conflicto y la emergencia de una organización social que busca sostener los procesos de gestión social del territorio. Se inicia con la discusión de la gestión social, como posibilidad de realización de una gestión pública, no estatal, que se produce en la esfera pública. El análisis incluye la dimensión del conflicto y de la capacidad de las personas para trascender los espacios formales en dirección a esfuerzos organizados para la gestión social del territorio. El estudio sobre las islas de Porto Alegre-RS revela el ejercicio de la gestión social por una organización de la comunidad que nace en medio de una serie de conflictos y, por qué no decirlo, del efecto de ellos. Esta gestión se refiere a las acciones desarrolladas por la Comunidad con diferentes propósitos (redistribución, reconocimiento, el respeto y la autonomía) y no se limita a la participación en espacios formales como consejos y espacios representativos; mucho menos es la articulación de actores formalmente constituidos o movimientos sociales institucionalizados. Se extiende para incluir las acciones informales, tales como manifestaciones, protestas, acciones simbólicas, contactos políticos. Esta gestión no se limita a la participación concedida, pero es también la que se logra. Supera la fragmentación de los espacios públicos formales para representar algo en movimiento, sin embargo establecido sobre la base de un territorio. Es por lo tanto una "gestión social del territorio" hecho en los espacios, entre ellos y a través de ellos. more...