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Depois de definido o pano de fundo histórico‑político da pergunta que adopta como título, o texto começa por analisar a situação presente, debruçando‑se, em seguida, sobre as condições que tornam viável uma resposta prudentemente afirmativa a essa pergunta e concluindo por uma especificação de algumas das áreas em que uma relação entre o direito e a emancipação social se afigura mais urgentemente necessária e possível. After defining the historical and political background of the title question, this text analyzes the current situation and then addresses the conditions that warrant a cautiously affirmative answer to this question. The conclusion specifies some of the areas in which the relation between law and social emancipation appears to be more urgently necessary and possible. Après avoir tracé la toile de fond historique et politique de la question posée dans le titre, le texte analyse la situation actuelle et se penche sur les conditions qui rendent viable une réponse prudemment affirmative. La conclusion aborde certains domaines dans lesquels une relation entre le droit et l’émancipation sociale apparaît nécessaire et possible dans son urgence.

A governação é hoje apresentada como um novo paradigma de regulação social que veio suplantar o paradigma anteriormente em vigor assente no conflito social e no papel privilegiado do Estado, enquanto ente soberano, para regular esse conflito por via do poder de comando e de coerção ao seu dispor. Neste artigo faço uma crítica radical do novo paradigma, concebendo-o como a matriz regulatória do neoliberalismo, entendido como a nova versão do capitalismo de laissez faire. Centrada na questão da governabilidade, esta matriz regulatória pressupõe uma política de direito e de direitos que tende a agravar a crise da legitimidade do Estado. Algumas das facetas da governação podem ser encontradas no movimento global de resistência contra a globalização neoliberal que tem hoje a sua melhor expressão no Fórum Social Mundial. Ao contrário da governação hegemónica, este movimento assenta na ideia de conflito e da luta contra a exclusão social, o que se torna manifesto nas concepções e políticas de direito que adopta. Governance is today presented as a new paradigm of social regulation that has come to supplant the previously established paradigm based on social conflict and on the privileged role of the sovereign state to regulate this conflict through the power of control and coercion at its disposal. In this article, the author presents a radical critique of the new paradigm, conceiving it as a regulatory matrix of neoliberalism, seen as a new version of laissez faire capitalism. Centered on the question of governability, this regulatory matrix presupposes a politics of law and a politics of rights that tend to aggravate the crisis of legitimacy of the state. Some aspects of governance may be found in the global movement of resistance against neoliberal globalization which finds its best expression today in the World Social Forum. Unlike hegemonic governance, this movement is grounded on the idea of conflict and struggle against social exclusion, and this is evident in the conceptions and politics of law that it adopts. La gouvernance est aujourd’hui présentée comme un nouveau paradigme de régulation sociale venant supplanter le paradigme antérieurement en vigueur, fondé sur le conflit social et le rôle privilégié de l’Etat en tant qu’être souverain chargé de réguler ce conflit par la voie du pouvoir de commande et de coercition à sa disposition. Dans cet article, je fais une critique radicale de ce nouveau paradigme, en le concevant comme la matrice régulatrice du néolibéralisme, entendu comme la nouvelle version du capitalisme de laissez-faire. Centrée sur la question de la gouvernabilité, cette matrice régulatrice présuppose une politique de droit et des droits tendant à aggraver la crise de la légitimité de l’Etat. Certaines facettes de la gouvernance peuvent être rencontrées dans le mouvement global de résistance contre la globalisation néo-libérale, dont la meilleure expression se trouve dans le Forum Social Mondial. Au contraire de la gouvernance hégémonique, ce mouvement se fonde sur l’idée du conflit et de la lutte contre l’exclusion sociale ; c’est ce qui se manifeste dans les conceptions et les politiques de droit qu’il adopte.