De todas as energias renováveis existentes, a biomassa é o recurso com maior disponibilidade e versatilidade, podendo desempenhar um papel importante no desenvolvimento de um sistema energético sustentável. A gaseificação térmica de biomassa é um processo termoquímico amplamente utilizado para a obtenção de produtos de maior valor e potencial para aplicações energéticas e químicas. O objetivo do presente trabalho é comparar o desempenho de dois processos diferentes de gaseificação térmica, em escala piloto, um de leito fluidizado e outro de leito fixo, utilizando como matéria-prima peletes de bagaço de azeitona (resíduos agroindustriais), peletes de Miscanthus (plantação energética) e peletes de pinho (resíduos agroflorestais), a diferentes temperaturas. O desempenho dos processos de gaseificação foi avaliado através do poder calorífico inferior do syngas, relação ER (razão entre o ar que entra na reação e o ar estequiométrico, relativo à combustão total dos produtos) e génese de subprodutos relativamente ao volume de syngas. Os resultados obtidos demonstram a viabilidade das tecnologias estudadas no que respeita à elevada produção de energia utilizando resíduos biomássicos como combustível. Os testes realizados apresentaram as seguintes caraterísticas, para um consumo de 100 kg/h (0,17 m³/h), um LHV de syngas de 4,55 a 6,62 MJ/m³ para o leito fluidizado e de 5,12 a 5,84 MJ/m³ para o leito fixo, produção de material particulado (cinzas e carvões) e alcatrões de 0,013 a 0,016 m³ (material particulado) e 0,009 a 0,021 m³ (alcatrões) para o sistema de leito fluidizado e 0,008 a 0,015 m³ (material particulado) e 0,002 e 0,004 m³ (alcatrões) para o leito fixo, sendo que o volume de syngas produzido situa-se entre os 130,50 e 156,67 m³ e para leito fluidizado e para o leito fixo entre 230,91 e 330,68 m³. Com base nas premissas estudadas, foram propostas e comparadas duas instalações (leito fluidizado e leito fixo) para o mesmo consumo de matéria-prima (100 kg/h), localizadas junto a uma indústria de processamento florestal e/ou agroindustrial. A análise técnico-económica mostrou que o projeto de leito fluidizado não é economicamente viável nas atuais condições de mercado, para as biomassas estudadas, apresentando um VAL negativo de -75.790 € (bagaço de azeitona), -265.354 € (Miscanthus) e -279.928 € (pinho), uma TIR de -9,08 % (bagaço de azeitona) e não reproduzível para as restantes biomassas, e um PB de 14 anos para o bagaço de azeitona e não reproduzível para as restantes biomassas. No que respeita ao projeto de leito fixo mostrou-se economicamente viável para as biomassas bagaço de azeitona, Miscanthus e pinho, com um VAL positivo de 126.190 €, 10.119 € e 158.930 €, uma TIR de 47,23 %, 6,81 % e 45,32 %, e um PB de 2, 10 e 2 anos, respetivamente. Concluiu-se que a gaseificação térmica é uma tecnologia perfeitamente adequada para a valorização de matérias-primas de origem lenhocelulósicas, apresentando viabilidade económica, no que respeita à tecnologia de leito fixo Of all the existing renewable energies, biomass is the resource with the greatest availability and versatility, and it can play an important role in the development of a sustainable energy system. Biomass gasification is a thermochemical process widely used to obtain products of greater value and potential for energy and chemical applications. The objective of the present work is to compare the performance of two different thermal gasification processes, on a pilot scale, one of fluidized bed and one of fixed bed, using olive pomace pellets (agroindustrial residues), Miscanthus pellets as raw material (energetic crops) and pine pellets (agroforestry waste), at different temperatures. The performance of the gasification processes was evaluated through the lower calorific value of the syngas, the ER ratio (ratio between the air entering the reaction and the stoichiometric air, relative to the total combustion of the products) and the genesis of by-products in relation to the volume of syngas. The results obtained demonstrate the feasibility of the technologies studied with regard to high energy production using biomass residues as fuel. The tests performed revealed the following characteristics, for a consumption of 100 kg/h (0.17 m³/h), an LHV of syngas from 4.55 to 6.62 MJ/m³ for the fluidized bed and from 5.12 to 5.84 MJ/m³ for the fixed bed, production of particulate material (ash and chars) and tars, of 0.013 to 0.016 m³ (particulate material) and 0.009 to 0.021 m³ (tars) for the fluidized bed system and 0.008 to 0.015 m³ (particulate material) and 0.002 and 0.004 m³ (tar) for the fixed bed, the volume of syngas produced was between 130.50 and 156.67 m³ and for fluidized bed and for the fixed bed between 230.91 and 330.68 m³. Based on the assumptions studied, two facilities (fluidized bed and fixed bed) for the same consumption of raw material (100 kg/h) were proposed and compared, located next to a forestry and/or agroindustrial processing industry. The technical-economic analysis presented that the fluidized bed project is not economically viable in the current market conditions, for the studied biomasses, presenting a negative VAL of -75,790 € (olive pomace), -265,354 € (Miscanthus) and -279,928 € (pine), an IRR of -9.08% (olive pomace) and non-reproducible for the remaining biomasses, and a 14-year PB for olive pomace and non-reproducible for the remaining biomasses. Regarding the fixed bed project, it proved to be economically viable for olive pomace, Miscanthus and pine biomass, with a positive VAL of 126,190 €, 10,119 € and 158,930 €, an IRR of 47.23%, 6.81% and 45.32%, and a BP of 2, 10 and 2 years, respectively. It was concluded that thermal gasification is a perfectly suitable technology for the valorization of raw materials of lignocellulosic origin, presenting economic viability, with respect to the fixed bed technology