In Brazil, there are few researches that deal with Victor Hugo as an artist not only verbal, but also non-verbal, considering his vast pictorial work. The transpositions from one system of signs to another, such as those in novels by Hugo (Notre-Dame de Paris, Les Misérables, L’Homme qui rit, etc.), in the form of comic books, dance shows, pieces by theater, series or films (LASTER, 2012), find theoretical anchoring for the “interpretation of linguistic signs through non-linguistic sign systems” (JAKOBSON, 2003, p. 64-65). In this relationship, it seems important to consider the elements that make up the artistic imagination: its trajectory, its formation, its creative process, its production context (social and political). Thus, we believe that the artistic imagination that derives from Victor Hugo’s pictorial art dialogues intimately with the creative imagination of his literary production. We are interested here in investigating, based on the painting Pleine Lune (~1856), produced during the artist’s exile, the elements present in the textual dramaturgy of the play La Forêt Mouillée (1854), written in the same period, and which would function as metaphors in the pictorial, as well as the signifying system resulting from the contact between dramaturgy and the artist’s pictorial work. In the theatrical field, the mise en scène, as an autonomous work, as well as the figure of the director date from the 19th century (UBERSFELD, 1996, p. 54- 56). Although there were troupes and many theaters, at the time, the role of thedirector (metteur en scène) had not been institutionalized, as the structure of the play was conceived as a whole (text, scenery, costumes, etc.). The mise en scène (staging) took shape with the German composer Richard Wagner (NAUGRETTE, 2001, p 109), who tried to introduce a series of reforms in the theater orchestra with the aim of raising the performance of the musicians to an impeccable level. In this context, Hugo’s particular interest in the mise en scène of his dramas was manifested both in the profusion of didactics present in the texts, which contained scene indications, and in the interventions he carried out in the different components of theatrical production, even choosing himself , the main actors of the performances of his plays. In his career as a playwright, Hugo also consolidates his break with the tradition of romantic drama, after years of success, and confirms his avant-garde tradition with the Théâtre en Liberté, in which La Forêt Mouillée (1854) is inserted. Thus, supported by a critical apparatus that supports the intersection between dramaturgy, painting and literature, as well as by some contemporary montages of the play, this article intends to reflect on the existence of a communicating imagery source between the textual dramaturgy of the play La Forêt Mouillée (1854) and the artist’s pictorial creative process, through the canvas Pleine Lune (~1856)., No Brasil, são poucas as pesquisas que tratam de Victor Hugo enquanto artista não apenas verbal, mas também não-verbal, considerando-se sua vasta obra pictórica. As transposições de um sistema de signos para outro, como as que tocam romances de Hugo (Notre-Dame de Paris, Les Misérables, L’Homme qui rit etc.), sob a forma de histórias em quadrinhos, espetáculos de dança, peças de teatro, séries ou filmes (LASTER, 2012), encontram ancoragem teórica para a “interpretação dos signos linguísticos por meio de sistemas de signos não linguísticos” (JAKOBSON, 2003, p. 64-65). Nessa relação, parece-nos importante considerar os elementos que compõem a imaginação artística: sua trajetória, sua formação, seu processo criativo, seu contexto de produção (social e político). Assim, acredita- mos que a imaginação artística que se depreende da arte pictórica de Victor Hugo dialoga intimamente com o imaginário criador de sua produção literária. Interessa-nos, aqui, investigar, a partir da pintura Pleine Lune (~1856), produzida durante o exílio do artista, os elementos presentes na dramaturgia tex- tual da peça La Forêt Mouillée (1854), escrita no mesmo período, e que funcionariam como metáforas no pictorial, assim como o sistema significante resultante do contato entre a dramaturgia e o trabalho pictórico do artista. No campo teatral, a mise en scène, enquanto trabalho autônomo, assim como a figura do diretor, datam do século XIX (UBERSFELD, 1996, p. 54-56). Nesse contexto, o interesse particular de Hugo pela mise en scène de seus dramas se manifestou tanto na profusão de didascálias presentes nos textos, que continham indicações de cena, quanto nas intervenções que efetuava nos diferentes componentes da produção teatral, chegando a escolher, ele próprio, os atores principais das representações de suas peças. Em sua trajetória como dramaturgo, Hugo consolida também a ruptura com a tradição do drama ro- mântico, após anos de sucesso, e confirma sua tradição vanguardista com o Théâtre en Liberté, no qual se insere La Forêt Mouillée (1854).Assim, apoiado por um aparato crítico que sustente a interseção entre adramaturgia, a pintura e a literatura, assim como por algumas montagens contemporâneas da peça, o presente artigo pretende refletir sobre a existência de um manancial imagético comunicante entre a dramaturgia textual da peça La Forêt Mouillée (1854) e o processo criativo pictórico do artista, através da tela Pleine Lune (~1856).