Submitted by Leonardo Lima (leoslima89@gmail.com) on 2022-02-05T12:33:13Z No. of bitstreams: 1 Dissertação de mestrado - Leonardo Silva Lima_versão com ficha catalográfica.pdf: 3203986 bytes, checksum: 59d3757cbb231b6231381510ac951032 (MD5) Approved for entry into archive by Isaac Viana da Cunha Araújo (isaac.cunha@ufba.br) on 2022-02-14T13:08:53Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Dissertação de mestrado - Leonardo Silva Lima_versão com ficha catalográfica.pdf: 3203986 bytes, checksum: 59d3757cbb231b6231381510ac951032 (MD5) Made available in DSpace on 2022-02-14T13:08:53Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Dissertação de mestrado - Leonardo Silva Lima_versão com ficha catalográfica.pdf: 3203986 bytes, checksum: 59d3757cbb231b6231381510ac951032 (MD5) Previous issue date: 2022-01-21 CAPES Este é um estudo sobre a atuação humanitária de psicólogos em contextos de desastres. É comum que esses profissionais se deparem com o desafio de experienciar desastres sob a expectativa social de que devem ofertar cuidado à população atingida e, ao mesmo tempo, precisem lidar com mudanças nas suas vidas, inerentes ao contato com as culturas e os espaços nos quais se dão as suas missões. Segundo a perspectiva do self dialógico, o self de cada sujeito é constituído por diversas vozes ou I-positions que dialogam entre si e coexistem, muitas vezes, sob tensão. No caso desses profissionais, é esperada a emergência de posições como: eu-cuidador (a), eu-psicólogo (a), eu-recém-empregado, eu-profissional, eu-marido/esposa, eu-pai/mãe, eu-estrangeiro, dentre outras. Este trabalho tem, então, como objetivo geral, analisar como psicólogos configuram o seu self na esfera de experiência do trabalho humanitário em contextos de desastres. Seus objetivos específicos são: identificar as principais I-positions ocupadas por esses profissionais; analisar a dinâmica de interação entre tais I-positions, considerando suas fronteiras, tensões e mediações; analisar como mudanças transitivas e intransitivas são experienciadas, enfatizando redefinições no self; e investigar como esses profissionais fazem uso de recursos na promoção da continuidade do seu self. Esta pesquisa, de natureza qualitativa, traz, em seu delineamento, um estudo de três casos individuais, de cunho sistêmico e idiográfico, cujos dados foram analisados à luz da Psicologia Cultural de Orientação Semiótica. Participaram do estudo três psicólogas que trabalham em uma Organização Não Governamental de abrangência internacional, denominada Humanitários Pelo Mundo – HPM, a qual oferta cuidados em saúde e promove missões humanitárias em contextos de desastres. Estas participantes foram selecionadas por conveniência e de modo independente, ou seja, sem a coparticipação da instituição onde trabalham. Foram utilizados, como documentos, para consulta e análise, diários de bordo, notas de missão, entrevistas à mídia, fotos e vídeos produzidos pelas participantes com a anuência das mesmas. Os instrumentos aqui adotados, por sua vez, foram o Questionário sociodemográfico e a Entrevista Narrativa. Inicialmente, as participantes tiveram seus diários de bordo, entrevistas à mídia e notas de missão lidos, e seus vídeos e fotos apreciados, no intuito de fornecer dados para a elaboração de questões na fase de perguntas da entrevista narrativa. Por fim, elas foram submetidas à entrevista narrativa, na qual foram solicitadas a narrar suas experiências de vida desde que tinham sido admitidas na HPM. As entrevistas duraram, respectivamente, 2h6min, 2h5min e 1h16min. Uma vez construídos e transcritos, os dados foram então submetidos a uma análise de narrativas, sob a ótica da Psicologia Cultural e dos estudos sobre a atuação humanitária de psicólogos em contextos de desastre. Nos casos analisados, foi possível observar uma centralidade das posições eu-humanitária, eu-psicóloga e eu-cuidadora em relação às demais. Essa centralidade, entretanto, foi flexibilizada por posições relacionadas à família e ao autocuidado, em uma dinâmica que possibilita o fluxo contínuo de tensão nos sistemas analisados. Esse fluxo foi acompanhado pela utilização de importante recursos, como amizades, intérpretes e normas institucionais, os quais apresentaram relevância inestimável na trajetória de cada entrevistada. A partir das discussões aqui promovidas, espera-se impulsionar um aprofundamento dos estudos sobre o tema, especialmente no que tange à compreensão das práticas e vivências de cada profissional, dada a pluralidade com que se apresentam. This is a study about the humanitarian work of psychologists in disaster contexts. It is common that these professionals face the challenge of experiencing disasters under the social expectation that they must offer care to the affected population and, at the same time, need to deal with changes in their lives inherent to the contact with the cultures and spaces in which their missions take place. According to the perspective of the dialogical self, the self of each subject is made up of several voices or I-positions that dialogue among themselves and coexist, often under tension. In the case of these professionals, it is expected the emergence of positions such as: I-caregiver, I-psychologist, I-recently-employed, I-professional, I-husband/wife, I-father/mother, I-foreigner, among others. This paper has, then, as a general objective, to analyze how psychologists configure their self in the sphere of experience of humanitarian work in disaster contexts. Its specific objectives are: to identify the main I-positions occupied by these professionals; to analyze the dynamics of interaction between these I-positions, considering their boundaries, tensions and mediations; to analyze how transitive and intransitive changes are experienced, emphasizing redefinitions in the self; and to investigate how these professionals make use of resources to promote the continuity of their self. This research, of qualitative nature, brings, in its design, a study of three individual cases, of systemic and idiographic nature, whose data were analyzed in the light of Cultural Psychology of Semiotic Orientation. Three female psychologists, who work in an international Non-Governmental Organization, called Humanitarian Around the World – HAW, that provides health care and promotes humanitarian missions in disaster contexts, participated in the study. These participants were selected by convenience and independently, that is, without the co-participation of the institution where they work. The documents used for consultation and analysis were logbooks, mission notes, media interviews, photos, and videos produced by the participants with their consent. The instruments adopted here, in turn, were the Sociodemographic Questionnaire and the Narrative Interview. Initially, the participants had their logbooks, media interviews, and mission notes read, and their videos and photos appreciated, in order to provide data for the elaboration of questions in the question phase of the narrative interview. Finally, they underwent the narrative interview, in which them were asked to narrate their life experiences since they had been admitted to HAW. The interviews lasted 2h6min, 2h5min, and 1h16min, respectively. Once constructed and transcribed, the data were then subjected to a narrative analysis from the perspective of Cultural Psychology and studies on the humanitarian performance of psychologists in disaster contexts. In the cases analyzed, it was possible to observe a centrality of the I-humanitarian, I-psychologist and I-caregiver positions in relation to the others. This centrality, however, was made more flexible by positions related to family and self-care, in a dynamic that allows a continuous flow of tension in the analyzed systems. This flow was accompanied by the use of important resources, such as friendships, interpreters, and institutional norms, which had inestimable relevance in the trajectory of each interviewee. From the discussions here promoted, it is expected to encourage further studies on the theme, especially regarding the understanding of the practices and experiences of each professional, given the plurality with which they present themselves.