A presente tese é uma incursão feita mediante o olhar antropológico do fenômeno social dos rolês produzidos por jovens estudantes e universitários em lugares específicos do Centro Histórico da cidade de Goiás entre os anos de 2017 e 2019. Para além de ver tal fenômeno contemporâneo pela lente das questões de gênero, sexualidade e os estudos de juventude, a pesquisa vislumbrou uma proposta metodológica e etnográfica interessada em cruzar os campos da história e da antropologia. No fazer etnográfico optei, além dos procedimentos convencionais da pesquisa de campo (entrevistas, interlocução e registro em diários de campo), a tomada do desenho (a aquarelas) e a produção de imagens como forma de registro para a produção da narrativa que compõem esta investigação. Fruto de profunda pesquisa de campo e em arquivos este trabalho propôs um giro pela Goiás contemporânea, por suas marcas do tempo e pelos usos feitos por jovens estudantes, universitários e turistas de seus espaços monumentalizados por moradores, poder público e pela Unesco em 2001. Partindo de bares ou dos becos, da praça do Coreto e de seus lugares limítrofes, ou seguindo o fluxo de tantas pessoas em noitadas ao som do funk, sertanejo universitário, eletrônico, forró, arrocha e sempre acompanhados por alguma bebida (corote, vodca com ice, vinho, cerveja, licores ou outras misturas) testemunhei, nas noites de rolês, diferentes grupos de jovens mobilizarem outros significados e atribuírem outros sentidos a Goiás ainda que não deixassem de lado a fama que a cidade carrega e que se relaciona ao seu passado e à sua história. Junto a muitas pessoas participei de novas diversões e vi diferentes formas de se usar os espaços de Goiás nos períodos de tempo em que decorriam os rolês e festas. Tudo isto evidentemente veio acompanhado pelo cenário romântico de uma cidade de pequenas dimensões territoriais, guardiã de passados e de tradições, iluminada por lampiões com uma coloração amarelada, poética, evocativa e que remetia a uma longa trajetória histórica caracterizada pelos tempos da Colônia, do Império e da República. Pensando nos significados que tantas pessoas atribuíam à cidade, naquilo que as estimulava a estar por tantos espaços dessa cidade e interessado na localização etnográfica de Goiás no tempo e no espaço, eu explorei algumas pesquisas que antecederam esta, percorri questões que inspiraram esta proposta investigativa, apontei algumas problemáticas conceituais e metodológicos, caminhei por sua história, mostrei como a ideia de Cidade Histórica e patrimonial foi fabricada e alcancei alguns dos muitos sentidos produzidos por jovens frequentadores de rolês em uma Goiás famosa, centro de atenções da mídia local e nacional e badalada por muitas festas. Claro que nesse processo precisei ampliar minha anterior lente de análise, no começo apegada a gênero e sexualidade, para questões de classe e raça. Em campo e vendo como jovens recorriam a certos passados da cidade e/ou usavam a sua história para justificar sua presença e comportamentos no Coreto eu não tive outra opção que me colocar na fronteira entre a História e a Antropologia. Deste modo, esta tese fala de entrelugares e de fronteiras, as minhas e as de meus interlocutores. The present thesis is an incursion made through the anthropological view of the social phenomenon of the rolês produced by young students and university students in specific places in the Historic Center of the city of Goiás between the years 2017 and 2019. In addition to seeing this contemporary phenomenon through the lens of gender, sexuality and youth studies, the research envisaged a methodological and ethnographic proposal interested in crossing the fields of history and anthropology. In the ethnographic work I chose, in addition to the conventional procedures of field research (interviews, dialogue and recording in field diaries), the taking of the drawing (watercolors) and the production of images as a way of recording for the production of the narrative that compose this book. investigation. As a result of deep field research and archives, this work proposed a tour of contemporary Goiás, for its time marks and for the uses made by young students, university students and tourists of its monumentalized spaces by residents, public authorities and Unesco in 2001. Starting from bars or alleys, from Praça do Coreto and its neighboring places, or following the flow of so many people in nights to the sound of funk, university sertanejo, electronic, forró, arrocha and always accompanied by a drink (corote, vodka with ice, wine, beer, liqueurs or other mixtures) I witnessed, on the nights of rolês, different groups of young people mobilize other meanings and attribute other meanings to Goiás, even though they did not leave aside the fame that the city carries and that is related to its past and its history. Together with many people I participated in new entertainment and saw different ways of using the spaces of Goiás in the periods of time in which the rolês and parties took place. All this was evidently accompanied by the romantic setting of a city of small territorial dimensions, guardian of pasts and traditions, illuminated by lamps with a yellowish, poetic, evocative color and that referred to a long historical trajectory characterized by the times of the Colony, the Empire and the Republic. Thinking about the meanings that so many people attributed to the city, about what stimulated them to be in so many spaces of this city and interested in the ethnographic location of Goiás in time and space, I explored some research that preceded this one, covered questions that inspired this investigative proposal, I pointed out some conceptual and methodological problems, walked through its history, showed how the idea of Historic and Heritage City was manufactured and reached some of the many meanings produced by young people who go to rolês in a famous Goiás, center of attention of the local and national and popular media. for many parties. Of course, in this process I had to broaden my previous lens of analysis, at first focused on gender and sexuality, to issues of class and race. In the field and seeing how young people resorted to certain pasts of the city and/or used their history to justify their presence and behavior in the Bandstand, I had no choice but to place myself on the border between History and Anthropology. In this way, this thesis talks about in-between places and borders, mine and those of my interlocutors. Outro