Search

Por meio de uma investigação bibliográfica, dialogando com certos acontecimentos sócio-históricos e políticos, articulamos três processos frutos das relações sociais envolvendo questões de raça e de classe: i) négrification [desumanização e transformação de originários/as do continente africano em nègre no auge do sistema colonial-escravista], ii) negrification-subversiva [lutas ocorridas na pós-escravização para positivar o termo nègre, exigindo que ele seja admitido como cidadão pleno] iii) dénégrification [projeto e processo neoliberais racistas que visa exterminar dos chamados de nègre]. Ao articular esses três processos, problematizamos o devir-negro [devenir nègre] do pensador camaronês Achille Mbembe – pressuposto de que o neoliberalismo tende a transformar todo mundo em negro. Sustentamos que enquanto nègre é definido epidermicamente, é possível que a condição do tendencial do nègre atinge os não-nègres, mas esses nunca serão vistos como nègres. Pois, para se tornarem nègres, os nègres no sentido epidérmico precisariam desaparecer.

Neste artigo, busca-se apresentar como a opressão, dominação, inferiorização do outro pelos grupos que se hegemonizaram ao longo da história são pedra angular da sociedade dita moderna. Aponta-se que a violência é o meio utilizado para construção da sociedade pautada na discriminação estrutural, já que em nenhum momento, aqueles/as tidas como inferiores aceitam de bom grado a posição de subalternidade que lhes são infligidos/as, de modo que enfrentam as discriminações com produção acadêmica, debates políticos e sociais correlatos. As lutas multidimensionais levadas a cabo por grupos vítimas desses processos de subjugação são exemplos nítidos da não-aceitação de dominação. A articulação entre racismo e sexismo expressa a complexidade desta opressão interseccional que afeta as mulheres negras. Desta forma, a partir da revisão bibliográfica de livros e artigos qualificados, destaca-se as contribuições de algumas intelectuais a partir de suas “escrevivências” sobre a relação raça e gênero. In this article, we try to show how oppression, domination, subordination of the other by the groups that had supremacy throughout history are the cornerstone of what is called modern society. It is indicated that by means of violence a society based on structural discrimination was built. It is shown that at no time, those considered inferior willingly accept the position of subordination inflicted against them, given that they face discrimination using academic production, related political and social debates. The multidimensional struggles carried out by groups that are victims of these processes of subjugation are clear examples of the non-acceptance of domination. The link between racism and sexism express the complexity of this intersectional oppression that affects black women. Thus, from the bibliographical review of qualified books and articles, the contribution of some thinkers from their writings and perception about the relation between race and gender are highlighted.

Ao olhar pela questão racial, o presente artigo apresenta considerações sobre a Antropologia haitiana do século XIX, centrando em duas obras produzidas no final do mesmo século, Da Igualdade das Raças Humanas: antropologia positiva de Firmin (1885) e Da Reabilitação da Raça Negra pela República do Haiti de Price (1898). Ambos os autores não apenas denunciaram violências, discriminações sofridas pela “raça” negra, mas também denunciaram o racismo científico europeu, lutando para (re)construir uma imagem positiva das pessoas negras. Analisando essas obras, compreendo que esses autores tiveram influências sobre pensadores afro-americanistas. Também explicito que seus trabalhos objetivaram promover uma nova concepção de Antropologia e de seres humanos. Ao cotejar essas duas obras, apreendo que a antropologia haitiana, ao longo do século XIX, permaneceu uma antropologia contra-hegemônica.

Ao olhar pela questão racial, o presente artigo apresenta considerações sobre a Antropologia haitiana do século XIX, centrando em duas obras produzidas no final do mesmo século, Da Igualdade das Raças Humanas: antropologia positiva de Firmin (1885) e Da Reabilitação da Raça Negra pela República do Haiti de Price (1898). Ambos os autores não apenas denunciaram violências, discriminações sofridas pela “raça” negra, mas também denunciaram o racismo científico europeu, lutando para (re)construir uma imagem positiva das pessoas negras. Analisando essas obras, compreendo que esses autores tiveram influências sobre pensadores afro-americanistas. Também explicito que seus trabalhos objetivaram promover uma nova concepção de Antropologia e de seres humanos. Ao cotejar essas duas obras, apreendo que a antropologia haitiana, ao longo do século XIX, permaneceu uma antropologia contra-hegemônica.