OBJETIVO: Estimar a prevalência da morbidade materna extremamente grave e identificar procedimentos hospitalares associados. MÉTODOS: Foram utilizados dados do Sistema de Informação Hospitalar fornecidos pela Secretaria de Saúde de Juiz de Fora, MG, de 2006 a 2007. Foram selecionadas as internações para procedimentos obstétricos (n = 8.620 mulheres) cujo diagnóstico principal compreendia todo o capítulo XV, gravidez, parto e puerpério, da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, Décima Revisão. Foram identificados os códigos dos procedimentos realizados, procedimentos especiais e atos profissionais que pudessem contemplar o critério de morbidade materna extremamente grave da Organização Mundial da Saúde e outros procedimentos não habitualmente utilizados no período gravídico-puerperal. A análise de regressão logística foi utilizada para identificar associações entre desfecho e variáveis selecionadas. RESULTADOS: A prevalência de morbidade materna foi 37,8/1000 mulheres e a proporção de mortalidade foi 12/100.000 mulheres. O tempo de internação > 4 dias foi 13 vezes mais alto entre as mulheres que apresentaram alguma morbidade. Após análise ajustada, os fatores preditores de morbidade materna extremamente grave foram: tempo de internação, número de internações e filhos natimortos, e os procedimentos/condições mais frequentes foram a transfusão de hemoderivados (15,7/1.000), "permanência a maior" (9,5/1.000) e pré-eclâmpsia grave/eclâmpsia (8,2/1.000). CONCLUSÕES: Foi alta a prevalência de morbidade materna extremamente grave, associada principalmente às internações e variáveis relacionadas ao recém-nascido. O critério para identificação dos casos e o uso do Sistema de Informações Hospitalares mostraram-se úteis para a vigilância da morbimortalidade materna e para ampliar o conhecimento sobre os aspectos que a envolvem, contribuindo para a melhoria na qualidade da assistência à mulher no período gravídico-puerperal.OBJETIVO: Estimar la prevalencia de la morbilidad materna extremadamente grave e identificar procedimientos hospitalarios asociados. MÉTODOS: Se utilizaron datos del Sistema de Información Hospitalario suministrados por la Secretaria de Salud de Juiz de Fora, Sureste de Brasil, de 2006 a 2007. Se seleccionaron las internaciones para procedimientos obstétricos (n=8.620 mujeres) cuyo diagnóstico principal comprendía todo el capítulo XV, embarazo, parto y puerperio, de la Clasificación Estadística Internacional de Enfermedades y Problemas Relacionados con la Salud, Decima Revisión. Se identificaron los códigos de los procedimientos realizados, procedimientos especiales y actos profesionales que pudiesen contemplar el criterio de morbilidad materna extremadamente grave de la Organización Mundial de la Salud y otros procedimientos habitualmente no utilizados en el período embarazo-puerperio. El análisis de regresión logística fue utilizado para identificar asociaciones entre desenlace y variables seleccionadas. RESULTADOS: La prevalencia de morbilidad materna fue 37,8/1000 mujeres y la proporción de mortalidad fue 12/100.000 mujeres. El tiempo de internación > 4 días fue 13 veces más alto entre las mujeres que presentaron alguna morbilidad. Posterior al análisis ajustado, los factores predictores de morbilidad materna extremadamente grave fueron: tiempo de internación, número de internaciones e hijos nati-muertos y los procedimientos/condiciones más frecuentes fueron la transfusión de hemoderivados (15,7/1.000), "permanencia en internación" (9,5/1.000) y pre-eclampsia grave/eclampsia (8,2/1.000). CONCLUSIONES: Fue alta la prevalencia de morbilidad materna extremadamente grave, principalmente en lo concerniente a las internaciones y variables relacionadas con el recién nacido. El criterio para identificación de los casos y el uso del Sistema de Informaciones Hospitalarios se mostraron útiles para la vigilancia de la morbimortalidad materna y para ampliar el conocimiento sobre los aspectos que las involucran, contribuyendo en la mejoría en la calidad de la asistencia a la mujer en el período embarazo-puerperio.OBJECTIVE: To estimate the prevalence of severe acute maternal morbitidy and identify its associated hospital procedures. METHODS: Data from the Hospital Information System, obtained from the Municipal Secretariat of Health of the city of Juiz de Fora, Southeastern Brazil, for the years 2006 and 2007, were used. The studied women included those admitted to the hospital for obstetric procedures (n = 8,620), and whose primary diagnosis was included within chapter XV: pregnancy, childbirth and puerperium of the International Classification of Diseases, 10th revision. Codes for routine procedures, special procedures, and professional acts that fulfilled the World Health Organization's criteria for severe acute maternal morbidity were identified, as well as other procedures infrequently employed during pregnancy and the postnatal period. Logistic regression analysis was employed to identify associations between the outcome and selected variables. RESULTS: Prevalence of maternal morbidity was 37.8/1000 women, and that of mortality was 12/100,000 women. Hospitalization for more than 4 days was 13 times more frequent among women with some form of morbidity. After adjustment, predictors of severe acute maternal morbidity were: duration of hospitalization, number of hospitalizations, and still births, and the most frequent procedures and conditions were blood product transfusions (15.7/1,000), "extended stay" (9.5/1.000) and severe pre-eclampsia/eclampsia (8.2/1,000). CONCLUSIONS: Prevalence of severe acute maternal morbidity was high, and was related especially to hospitalization and to newborn variables. The criterion for identifying cases and the use of the National Hospital Information System proved to be useful for monitoring maternal morbidity and mortality and increasing our knowledge of its related aspects, contributing to the improvement of the quality of pregnancy and delivery care.