Fonseca, Bruna de Moraes Mazetto, 1987, Annichino-Bizzacchi, Joyce Maria, 1957, Orsi, Fernanda Loureiro de Andrade, 1975, Menezes, Fábio Hüsemann, Fertrin, Kleber Yotsumoto, Wolosker, Nelson, Ribeiro, Daniel Dias, Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas, Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia Médica, and UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Orientadores: Joyce Maria Annichino-Bizzacchi, Fernanda Loureiro de Andrade Orsi Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas Resumo: A trombose venosa profunda (TVP) é uma doença multifatorial em que ocorre a formação de um trombo no interior de um vaso do sistema venoso profundo. Atualmente, os maiores desafios após um episódio trombótico são prevenção das sequelas tardias relacionadas à doença, como a recidiva e o surgimento de síndrome pós-trombótica (SPT), que podem ser observadas mesmo frente a um manejo anticoagulante adequado. A avaliação do trombo venoso residual como fator de risco para ambas as sequelas vem sendo estudada nos últimos anos, mas até hoje não houve um consenso entre estudos publicados em relação ao seu papel na recidiva da doença e na manutenção e gravidade da SPT, sendo o fator mais importante para a ausência de consenso a falta da padronização de uma metodologia adequada para avaliação desse trombo. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar se a presença e ecogenicidade do trombo venoso residual, evidenciada pela análise GSM (grayscale median) de imagens obtidas por ultrassonografia, poderia ser uma ferramenta na avaliação de complicações tardias da TVP: SPT e recidiva. Para a avaliação do papel do trombo residual na SPT, o modelo de estudo utilizado foi o transversal, e na recidiva, o prospectivo. Foram incluídos no estudo 56 pacientes com TVP de membros inferiores. No momento da inclusão no estudo, os pacientes foram submetidos a análise ultrassonográfica e coleta de sangue para dosagem de dímero-D. Esses pacientes foram acompanhados durante dois anos, quando foram reconvocados para a realização de um novo exame ultrassonográfico, avaliação clínica (para detecção de SPT e obesidade) e coleta de sangue para dosagem dos níveis de proteína C reativa (PCR). Dos 56 pacientes incluídos, 41 apresentaram SPT, sendo que a SPT leve foi detectada em 23 pacientes, SPT moderada em 11, e grave em 7. Pacientes com SPT grave eram predominantemente obesos, apresentaram níveis elevados de PCR e também foram caracterizados pela presença de trombo hipoecóico quando comparados aos pacientes com SPT leve-moderada ou com pacientes sem SPT. Em relação a recidiva da doença, 10 pacientes tiveram esse desfecho e todos apresentaram trombo residual ao ultrassom. Valores de dímero-d acima de 630 ng/mL conferiram alto risco para recorrência, a ausência de trombo residual teve um efeito protetor, e a presença do trombo residual hipoecóico mostrou ser um marcador preditivo do risco de recorrência. Esses resultados permitem concluir que pacientes que apresentam trombo hipoecóico, após a fase aguda da TVP, parecem ter uma pior evolução clínica em comparação aos pacientes que não apresentam trombo hipoecóico. Assim, a ecogenicidade do trombo residual pela análise GSM, poderia representar uma nova estratégia para avaliação do prognóstico em relação às complicações tardias da TVP Abstract: Deep venous thrombosis (DVT) is a multifactorial disease that occurs by formation of acute thrombus in the deep venous system. Currently, the major concerns related to DVT are the late sequelae, such as post-thrombotic syndrome (PTS) and DVT recurrence, that may appear even after adequate anticoagulation therapy. The evaluation of residual venous thrombosis (RVT) as a risk factor for both complications has been extensively studied in recent years, but there is no consensus among investigators regarding the role of RVT in the recurrence of DVT and maintenance and severity of PTS, probably due to a lack of a standardized methodology for thrombi evaluation. Thus, the aim of this study was to evaluate if the presence and echogenicity of RVT, evidenced by GSM analysis (grayscale median) of ultrasound images, could be tools to assess late sequelae of DVT. We performed a cross-sectional study designed to evaluate the role of RVT in PTS and a prospective study to evaluate DVT recurrence. Fifty-six patients with previous diagnosis of DVT of lower limbs were included in the study. At the time of inclusion, patients were submited to an ultrasound examination to detect RVT and blood collection for d-dimer measurements. These patients were followed for two years, when they were reconvened to perform a new ultrasound examination, clinical evaluation (to detect PTS and Obesity) and blood collection for measurements of C-reactive protein (CRP) levels. Of the 56 patients included, 41 presented PTS. Mild PTS was detected in 23 patients, moderate PTS in 11 and severe PTS in 7. Patients with severe PTS presented obesity, higher CRP levels and were characterized by the presence of hypoechoechoic RVT when compared to patients with mild-moderate PTS or no PTS. DVT recurrence was observed in 10 patients, all of which presented RVT. D-Dimer levels above 630ng/mL conferred higher risk for recurrence, the absence of RVT was a protective marker for recurrence and the presence of hypoechoic RVT presented predictive value for recurrence. These results indicate that patients with hypoechoic thrombus, after the acute episode of DVT, seem to have a worse clinical outcome compared to patients without hypoechoic thrombus. Thus, the echogenicity of the RVT, by GSM analysis, could represent a new strategy for prognostic evaluation related to late sequelae of DVT Doutorado Fisiopatologia Médica Doutora em Ciências FAPESP 2012/14082-6