A aviação civil é, no setor dos transportes, a componente que maior crescimento tem apresentado tanto em emissões de GEE como de atividade (passageiros transportados), dado que por um lado permite a deslocação entre grandes distâncias ou com uma relação custo/tempo favorável, e por outro lado, por não ter sido penalizada pelos acordos internacionais de mitigação das alterações climáticas, nomeadamente encontrando-se isenta de impostos sobre combustíveis num quadro de livre-trânsito internacional. Contudo, com vista a conter as emissões, em 2010 o setor da aviação europeu foi integrado no Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE), um mecanismo de regulação através da aquisição de licenças de emissão, e em 2018 surge o Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation (CORSIA), um mecanismo internacional de regulação das emissões através da compensação das emissões excedidas. Tendo Portugal assumido o compromisso de atingir a neutralidade carbónica em 2050, o País encaminha-se de forma positiva para o seu cumprimento; contudo, e à exceção do efeito recente da pandemia de COVID-19, a aviação não só não tem reduzido as suas emissões, como é esperado um crescimento constante até 2050, tanto dos passageiros transportados como do total de emissões. Neste trabalho, o aspeto mais relevante desenvolvido foi estimar o prospetivo peso completo da aviação nas emissões nacionais, pois atualmente, para efeito de inventariação nacional e para o objetivo de neutralidade carbónica, apenas são contabilizadas as emissões associadas aos trajetos domésticos, omitindo assim o peso total das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) nos trajetos de ou para Portugal. Dele resultam quatro cenários de evolução do setor: três cenários com tendências menos favoráveis ao cumprimento das metas, e um cenário mais ambicioso que praticamente atinge a redução necessária. O trabalho conclui que é possível a aviação, mediante desenvolvimento tecnológico e com limitação do crescimento dos passageiros, ser compatível com o cumprimento da neutralidade carbónica em 2050. Civil aviation is, in the transport sector, the fastest growing component that has shown the biggest growth in terms of both GHG emissions and activity (transported passengers), since, on one hand it allows travel between long distances or with a favorable cost/time ratio, and, on the other hand, because it has not been limited by international agreements to mitigate climate change including being exempted from fuel tax in an international free trade frame-work. However, with a view to contain emissions, in 2010 the aviation sector was integrated into the European Union Emissions Trading System (EU ETS), a regulatory mechanism through the acquisition of allowances, and, in 2018, The Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation (CORSIA) is set up, an International mechanism for regu-lating emissions by compensating for exceeded emissions. Portugal is committed to achieve carbon neutrality by 2050 and the country is moving positively to its fulfilment; however, except for the recent effect of the COVID-19 pandemic, aviation has not only not reduced its emissions, but it is expected to grow constantly until 2050 for both passengers transported and total emissions. In this work, the most relevant aspect developed was to estimate the prospective full weight of aviation in national emissions, since nowadays, for the purpose of national inven-tory and for the objective of carbon neutrality, only the emissions associated with domestic routes are counted, thus omitting the total weight of greenhouse gas (GHG) emissions on the routes to or from Portugal. It results in four sector's evolution scenarios: three scenarios with less positive trends to meet the targets, and one more ambitious scenario that practically achieves the necessary re-duction. This work concludes that it is possible, through technology development and limited passenger growth, for aviation to be compatible with achieving carbon neutrality in 2050.