Dada a oferta típica do ensino rural no Estado de São Paulo - apenas até a 3ª ou 4ª série - o aluno que pretende continuar a estudar precisa deslocar-se até a cidade mais próxima. Por outro lado, os professores rurais precisam deslocar-se por conta própria até o local de trabalho. O estudo procurou, então, investigar a relação entre a oferta de meios de transporte e o nível de escolarização das crianças rurais, além das condições de deslocamento dos professores rurais. Após a análise de dados gerais do ensino rural no Estado de São Paulo, e do transporte escolar rural hoje oferecido, passou-se à análise detalhada de dois casos específicos. O primeiro foi o de Araraquara, que opera um dos maiores sistemas de transporte escolar rural do Estado há quase 20 anos e o segundo, o do município de Taubaté, que nunca ofertou transporte escolar rural. O caso de Araraquara foi estudado com mais detalhes devido à riqueza da experiência local com o transporte. Nos dois casos, procurou-se levantar dados relativos à oferta de ensino rural e ao deslocamento dos professores, sendo que nos de Araraquara foram estudados também os alunos transportados pelo sistema. Dentre as principais conclusões, destacam-se: o transporte escolar rural no Estado de São Paulo tem crescido nos últimos anos (100.000 alunos atendidos por dia em 1984), mas ainda é insuficiente; as professoras rurais dispendem em média cerca de 20% da sua renda com o transporte, e consideram-no um dos maiores problemas da profissão; o sistema de transporte de Araraquara está viabilizando a continuidade dos estudos na cidade para 221 crianças rurais (da 5 a 8 séries), e é considerado "vital" por cerca de 60% das crianças transportadas, a oferta de transporte parece estar acelerando e o esvaziamento das escolas rurais, em favor das urbanas, o que leva a necessidade de repensar a política global do ensino rural no Estado, considerando o problema do transporte e da dinâmica da economia rural.