1. PLANEJAMENTO EM SAÚDE COM GESTORES MUNICIPAIS DA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL DE CHAPECÓ: UMA VIVÊNCIA ACADÊMICA EM ENFERMAGEM.
- Author
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CELUPPI, IANKA CRISTINA, FERREIRA, JÉSSICA, GEREMIA, DANIELA SAVI, FAGANELLO MADUREIRA, VALÉRIA SILVANA, TOMBINI, LARISSA HERMES, and MARTINS, EMANUELLY
- Abstract
Introdução: A criação do SUS e a descentralização dos serviços exigiram mudanças na gestão dos serviços de saúde, tornando os gestores municipais protagonistas deste processo1. Nesta lógica de municipalização, é necessário que os gestores estejam habilitados a planejar as ações em saúde, facilitando a pactuação entre os municípios da região, estabelecendo redes de atenção à saúde. Assim evidencia-se a importância deste trabalho, pois a compreensão sobre o processo de planejamento, fundamental para direcionar os trabalhos a serem realizados e possibilitar a obtenção de resultados, a pactuação existente entre os municípios e o estímulo à utilização de estratégias de gestão como o Plano Municipal de Saúde e o Plano Plurianual contribuem para organizar e potencializar a gestão municipal. Tal processo favorece o estabelecimento de vínculos entre os municípios da região e fortalece a pactuação de serviços, bem como a formação de redes de atenção à saúde na região oeste de Santa Catarina. A gestão em saúde está ancorada em métodos e estratégias tradicionais e arcaicas, oriunda de teorias clássicas de administração. Neste contexto é necessário construir novas formas de gestão respaldadas na participação, em práticas cooperativas e interdisciplinares, nas quais profissionais de saúde atuem como sujeitos ativos². Portanto, investigar o que pensam os gestores do serviço e manter relações profissionais com eles é uma estratégia promissora para o entendimento dos problemas e o planejamento de futuras intervenções e resoluções². Objetivo: Relatar a experiência acadêmica vivida com os secretários de saúde e gestores dos municípios da área de abrangência da Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) de Chapecó em uma oficina de Planejamento realizada em 2015, parte do projeto de extensão "Formação em Gestão Pública do SUS: ênfase no financiamento e planejamento dos serviços de saúde". Métodos: O projeto de extensão ao qual a oficina está relacionada está institucionalizado na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e financiado pelo Edital 804/UFFS/2015. A oficina ocorreu no município de Chapecó no dia três de setembro de 2015, totalizando 8 horas e foi a primeira realizada na SDR de Chapecó explorando a temática de Gestão e Planejamento do SUS, a qual seria seguida por outras duas oficinas a serem desenvolvidas com as temáticas de Financiamento da Saúde e Redes de Atenção à Saúde. A oficina iniciou com a explanação sobre aspectos da gestão e do planejamento no Sistema Único de Saúde, reforçando a importância da cooperação e da solidariedade na gestão, bem como o envolvimento de diferentes atores no processo de planejamento. Essa ação inicial relembrou o histórico da legislação, instigou debates sobre descentralização, territorialização e instrumentos de gestão como o Plano Municipal de Saúde, Programação Anual de Saúde, Relatório Anual de Saúde, Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias, Plano Orçamentário Anual e o Sistema de Apoio ao Relatório Anual de Gestão (SARGSUS), visto que estes assuntos são fundamentais para o planejamento eficaz dos serviços de saúde. Também houve uma dinâmica de grupos com o objetivo de reunir os participantes para discutir sobre seus municípios, demonstrando sua atual estrutura e apontado as potencialidades e dificuldades enfrentadas na gestão e planejamento dos serviços. Desta dinâmica resultaram cartazes produzidos pelos grupos e que foram socializados com todos. Esta dinâmica de levantamento de potencialidades e dificuldades possibilitou a observação do município em sua totalidade, propiciando a visão espacial do município, fortalecendo a lógica de territorialização e facilitando o processo de planejamento. Resultados: Alguns participantes destacaram a falta de preparo profissional para planejar os serviços de saúde como um ponto negativo para a gestão em saúde, sugerindo como solução para este problema a organização de ações para qualificação e empoderamento dos gestores e demais profissionais de saúde, fortalecendo a inserção destes como atores com participação ativa no processo de planejamento em saúde. Também foi evidenciada a necessidade de capacitar os profissionais para o preenchimento correto dos formulários e bases de dados, contribuindo para que os dados epidemiológicos do município retratem a real situação de saúde municipal. Outra dificuldade relatada pelos participantes da oficina diz respeito à pouca/baixa participação da população no processo de decisão pública na saúde, visto que a população é o principal beneficiado com as ações em saúde do município e não ocupam os meios legais que garantem a participação popular na construção e fiscalização do SUS, como os Conselhos Municipais de Saúde e as Conferências de Saúde. Os gestores também apontaram que a saúde do trabalhador e a saúde mental são áreas pouco desenvolvidas na realidade de seus municípios e demonstram um grande potencial para serem exploradas futuramente na região, buscando fortalecer estas redes e garantir um atendimento integral para a população. De forma geral, os participantes relataram maior facilidade na gestão dos serviços de atenção primária de saúde, tendo em vista que estes são administrados diretamente pelo município, não dependendo de pactuações com empresas privadas ou outras cidades, o que surge como grande dificuldade para a efetividade dos serviços de maior complexidade. Conclusão: Foi possível perceber a necessidade de mudanças e avanços no planejamento de saúde da região, inclusive no fortalecimento e estimulação da pactuação entre os municípios. Em razão disso compreende-se que é necessário encorajar ações de educação permanente com os gestores municipais de saúde, visto que a maioria dos secretários de saúde da região não possui formação na área de atuação profissional, o que dificulta o entendimento de alguns contextos específicos da área, o planejamento e o desenvolvimento de uma gestão em saúde eficiente e eficaz. Essa percepção é reforçada quando os gestores que têm formação ou algum curso que os capacite para a gestão, apresentam maior facilidade para desenvolver suas atividades. Desta forma, destaca-se a importância de dar sequência a este projeto visto à rotatividade dos secretários municipais de saúde e outros gestores que ocupam cargos comissionados, habilitando estes profissionais para a gestão nas situações de troca de gestores. A partir da construção, planejamento e participação dessa oficina, as acadêmicas integrantes do projeto puderam aperfeiçoar-se na temática de planejamento, aprofundando os saberes teóricos como consequência do auxílio na preparação do material, bem como os saberes práticos evidenciados pelo trabalho com os gestores de saúde da SDR. Assim ressalta-se que o conhecimento adquirido nessa experiência contribui para a formação acadêmica, tanto ao possibilitar aprofundamento teórico como ao instrumentalizar para o desenvolvimento de ações em comunidade. Historicamente, os enfermeiros gerenciam os serviços de saúde³, por isso a importância de reforçar-se o estudo da gestão na graduação de enfermagem de forma preparatória para um futuro profissional. A interação dos acadêmicos com os gestores de saúde da região, por meio de projetos de extensão como este viabiliza a troca de conhecimento e a aproximação entre universidade e comunidade regional. [ABSTRACT FROM AUTHOR]
- Published
- 2016