Introdução/ enquadramento/ objetivos Os telemóveis são usados cada vez com maior frequência, quer em contexto pessoal, quer profissional. Vários investigadores têm apresentado evidência de que se tratam de objetos que comportam geralmente vários microrganismos, alguns dos quais eventualmente patogénicos. Existirão alguns setores profissionais onde esta questão se poderá tornar problemática, nomeadamente entre instituições de saúde hospitalares (não só pelo tipo de microrganismos existente, como pela imunossupressão e/ ou debilidade médica geral dos indivíduos presentes). Pretende-se com esta revisão perceber o que está descrito a nível de risco biológico para os trabalhadores que manuseiem telemóveis, ainda que quase todos os estudos publicados se convertam para o setor da Saúde e a enfase seja dada aos pacientes (e secundariamente à comunidade) e não aos trabalhadores em si. Metodologia Trata-se de uma Scoping Review, iniciada através de uma pesquisa realizada em abril de 2019 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e RCAAP”. Conteúdo A temperatura do telemóvel pode criar boas condições para o desenvolvimento de alguns microrganismos. Daqui eles podem, com alguma facilidade, passar para a face, olhos e boca do utilizador. Para além disso, alguns dos telemóveis usados em trabalho não são só para uma só pessoa, mas sim passados entre turnos; em alguns países não é rara a partilha por vários membros da mesma família e/ ou emprestado às crianças, para jogarem. Para além disso, muitos usam este objeto durante as refeições/ na cozinha e até quando estão na casa de banho, o que potencia a carga microbiológica. Os smartphones parecem estar mais contaminados, devido a serem geralmente maiores e proporcionarem mais interação e manuseamento; simultaneamente, os com ecrã “touch” apresentam menos colonização que os teclados (eventualmente devido à homogeneidade da superfície). Alguns investigadores colocam a hipótese de existir relação entre a colonização de alguns telemóveis e a que existe no interior de malas de senhora, onde eles são geralmente transportados. Conclusões Ainda que os estudos tenham sido muito dispares em relação a procuram qualquer tipo de microrganismos ou apenas bactérias ou vírus e para além da diversidade microbiológica real entre países, as técnicas de cultivo diferentes certamente possibilitaram o crescimento de algumas estirpes e a inviabilidade de outras. Ainda que existam estes enviesamentos que justificaram algumas diferenças percentuais significativas, simultaneamente, também ficou claro que todos os telemóveis albergam inúmeros microrganismos, ainda que a maioria destes não seja relevante para indivíduos imunocompetentes e todos os artigos tenham sido escritos antes da Pandemia por Covid-19. Assim, em contexto de Saúde Ocupacional, parece não existir um risco muito significativo para Trabalhadores que não sejam imunocomprometidos. Contudo, as exceções, simultaneamente, podem se tornar relevantes: ou seja, para Funcionários com alterações no funcionamento do sistema imune, para microrganismos com multirresistências aos fármacos convencionalmente utilizados e, obviamente, nesta fase em que nos encontramos (início do segundo semestre de 2020) para estirpes novas, para as quais não existem ainda eventual imunidade natural (por infeção prévia) ou proporcionada por vacina eficaz e, por isso, capazes de causar doença muito extensa nas populações e, ainda que o número de casos graves seja pequeno, dado a dimensão do contágio, tal adquire uma amplitude muito relevante, por todas as suas implicações humanas, emocionais, técnicas, laborais e económicas. Recomenda-se por isso o uso muito criterioso do telemóvel (sobretudo em circunstâncias onde a contaminação biológica é mais provável e/ ou intensa), quer a nível de trabalho, quer em contexto pessoal; bem como a desinfeção adequada e regular destes objetos, por álcool a 70%., Introduction / background / objectives Mobile phones are used more frequently, both in a personal and professional context. Several researchers have presented evidence that they are objects that generally contain several microorganisms, some of which are possibly pathogenic. There will be some professional sectors where this issue may become problematic, namely between hospital health institutions (not only due to the type of microorganisms that exist, but also due to the immunosuppression and/ or general bad medical conditions of the individuals present). The aim of this review is to understand what is described in terms of biological risk for workers who handle mobile phones, although almost all published studies convert to the Health sector and the emphasis is given to patients (and secondarily to the community) and not to the workers themselves. Methodology It is a Scoping Review, initiated through a survey conducted in April 2019 in the databases “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina and RCAAP”. Content The temperature of the mobile phone can create good conditions for the development of some microorganisms. From here they can pass to the user’s face, eyes and mouth. In addition, some of the mobile phones used at work are not just for one person, but are passed between shifts; in some countries they are shared by several members of the family and/ or lent to children, to play. In addition, many use this object during meals/ in the kitchen and even when they are in the bathroom, which enhances the microbiological load. Smartphones appear to be more contaminated, due to being generally larger and providing more interaction and handling; simultaneously, those with a touch screen have less colonization than keyboards (possibly due to the homogeneity of the surface). Some researchers have hypothesized that there is a relationship between the colonization of some mobile phones and that which exists inside women’s bags, where they are usually transported. Conclusions Although the studies were very dispar in relation to looking for any type of microorganisms or just bacteria or viruses and in addition to the real microbiological diversity between countries, the different cultivation techniques certainly made it possible for some strains to grow and others not to be viable. Although these biases can justified some significant percentage differences, it was also clear that all cell phones contain numerous microorganisms, although most of these are not relevant for immunocompetent individuals, bet all articles were written before the Pandemic by Covid-19 . Thus, in the context of Occupational Health, there seems to be no significant risk for workers who are not immunosuppressed. However, the exceptions, simultaneously, can become relevant: for Employees with changes in the functioning of the immune system, for microorganisms with multidrug resistance to conventionally used drugs and, obviously, at this stage (april 2020 ) for new strains, for which there is still no natural immunity (by previous infection) or provided by an effective vaccine and, therefore, capable of causing very extensive disease in populations and, although the number of serious cases is small, given the contagion dimension, this acquires a very relevant amplitude, for all its human, emotional, technical, labor and economic implications. For this reason, it is recommended to use the phone very carefully (especially in circumstances where biological contamination is more likely and/ or intense), both at work and in a personal context; as well as the proper and regular disinfection of these objects, by 70% alcohol.