Tese de doutoramento em Ciências da Saúde, Acute pain is a protective mechanism that triggers escape behaviours in order to avoid a source of injury. However, when pain becomes constant and prolonged, such as in arthritis, it highly affects the quality of life. Moreover, arthritic pain is often accompanied by other disorders, such as mood alterations like anxiety and depression, which are usually overlooked when treating arthritic patients. Although the mechanisms underlying the comorbid development of anxiety and depression during chronic pain are not yet understood, it is clear that brain regions and neurotransmitter pathways involved in pain processing and modulation are also implicated in the modulation of mood and emotions. Among other neurotransmitters, galanin (GAL) appears to be an important player in both pain and emotions, with GAL infusion into the brain ventricles eliciting depressive-like behaviours and activation of the amygdala, a central area of emotional and pain processing, and the dorsomedial nucleus of the hypothalamus (DMH), a region that recently emerged as a hypothalamic region involved in anxiety response and capable of mediate behavioural hyperalgesia (increased nociception). The DMH pronociceptive action was correlated with alterations in the activity of rostral ventromedial medulla (RVM) On- and Off- pain modulatory cells. The RVM is part of the main pain inhibitory system although its facilitatory role has also been demonstrated. In addition to the RVM, the medullary dorsal reticular nucleus (DRt) is also a brainstem area associated to pronociception, with its neurones responding almost exclusively to noxious stimulation. The kaolin/carrageenan (K/C) model of monoarthritis was used to assess the effect of prolonged arthritic-like pain in the knee upon nociception as well as upon the comorbid development of emotional-like disorders. Four weeks after saline (SHAM animals) or K/C (ARTH animals) injection into the right knee, animals were evaluated by the pressure application test directly in the injected knee to confirm the arthritic pain state. The open field and elevated plus maze tests were used to assess locomotion and anxiety-like behaviour; and the sucrose preference and forced swimming tests to evaluate depression-like behaviours. In order to study a potential therapeutic effect of amitriptyline, a tricyclic antidepressant, in the reversion of pain- and emotional-related behaviours in ARTH animals, a three-week period of amitriptyline treatment was performed. The contribution of GAL receptors for the DMH-mediated behavioural hyperalgesia and associated pronociception, in SHAM and ARTH animals, was evaluated using heat noxious stimulation and electrophysiological recordings of RVM and spinal dorsal horn neuronal activities when pharmacologically manipulating the DMH with agonist and antagonists of GAL receptors. The role of the DRt as a potential brainstem mediator and the serotonin subtype-3 receptors (5HT3R) as potential spinal cord mediators of the descending GAL/DMH pronociceptive effect was assessed by administering GAL in the DMH with simultaneous blockage of the DRt and 5HT3R in the spinal cord, respectively, and measuring the behavioural response of SHAM and ARTH animals in the Hargreaves test. Our results demonstrated that prolonged arthritis in the knee induces pain and comorbid development of anxiety- and depressive-like symptoms, which can be at least partially reversed by the treatment with amitriptyline. In addition, the general activation of the DMH by glutamate resulted in behavioural hyperalgesia only in SHAM animals with concomitant alteration in the activities of RVM On- and Off-like cells. Interestingly, a GAL-dependent DMH pronociceptive pathway, independent of RVM On- and Off-like cells, is not only functional in SHAM but also in ARTH animals, as the administration of GAL in the DMH decreased the paw-withdrawal latency of the animals, an effect that was mimicked by the infusion of a GAL receptor 1 agonist. The reversion of the pronociceptive effect of GAL in the DMH was observed when inhibiting the DRt with lidocaine or by blocking spinal 5HT3R, although the behavioural hyperalgesia elicited by DRt activation was not eliminated by blocking these spinal receptors. Importantly, not only the DRt-dependent but also the spinal 5HT3R-dependent pathways are tonically activated in ARTH animals. Finally, preliminary results showed that RVM Neutral-cells could be the brainstem mediators of the GAL-DMH nociceptive facilitatory pathway that acts through the activation of spinal 5HT3R. In conclusion, GAL receptors in the DMH appear to play a key role in nociceptive facilitation during chronic arthritis, with these receptors having a potential role in the integration of emotional and nociceptive information. Further studies should evaluate the role of GAL in the DMH upon the development of anxiety and depression-like pathologies; and to clarify upstream nuclei that could be activating this pathway, such as the amygdala and the bed nucleus of the stria terminalis, for a better understanding of the mechanisms underlying chronic pain and associated emotional disorders., A dor aguda é um mecanismo protetor que desencadeia comportamento de escape no sentido de evitar danos tecidulares. No entanto, quando esta se torna constante e prolongada, como no caso da artrite, tem um enorme impacto na qualidade de vida. Além disso, a dor artrítica é geralmente acompanhada por outras patologias, como alterações emocinais (ansiedade e depressão), que são normalmente sub-avaliadas quando se trata pacientes com artrite. Embora os mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento de ansiedade e depressão durante dor crónica não estejam clarificados, a existência de regiões encefálicas e neurotransmissores envolvidos no processamento e modulação da dor que estão também implicados na modulação do humor e das emoções é amplamente conhecida. Entre outros neurotransmissores, a galanina (GAL) parece ser um importante interveniente tanto na dor como nas emoções, sendo que a injecção de GAL nos ventrículos cerebrais promove um comportamentos do tipo depressivo e ativa a amigdala, uma área importante no processamento das emoções e da dor, e o núcleo dorsomedial do hipotálamo (DMH), uma região que está envolvida na resposta à ansiedade e na mediação de hiperalgesia comportamental (aumenta a nociceção). A ação pronocicetiva do DMH foi correlacionada com alterações na atividade das células-“On” e –“Off” do bolbo rostral ventromedial (RVM). O RVM é parte do principal sistema de inibição descendente da dor, embora já tenha sido demonstrado o seu papel na facilitação da nociceção. Para além do RVM, também o núcleo dorsal reticular (DRt), no tronco cerebral, está associado a pronociceção, contendo neurónios que respondem preferencialmente a estímulos nóxicos. O modelo de monoartrite induzido por caolina e carragenina (K/C) foi usado para estudar o efeito de dor artrítica prolongada no joelho na nociceção, assim como no desenvolvimento de patologias do tipo emocional. Quatro semanas após a injeção de soro fisiológico (animais SHAM) ou K/C (animais ARTH) no joelho direito, os animais foram avaliados no teste pressure application measurement diretamente sobre o joelho injetado para confirmar o estado de dor artrítica. Os testes open field e elevated plus maze foram usados para avaliar a locomoção e o comportamentos do tipo ansioso; e os testes sucrose preference e forced swimming para avaliar o comportamento do tipo depressivo. No sentido de estudar um potencial efeito terapêutico da amitriptilina, um antidepressivo tricíclico, na reversão dos comportamentos dolorosos e emocionais em animais ARTH, foi realizado um tratamento durante três semanas. A contribuição dos recetores de GAL na hiperalgesia e pronociceção mediadas pelo DMH, em animais SHAM e ARTH, foi avaliada usando estimulação nóxica quente e gravações eletrofisiológicas da atividade neuronal do RVM e do corno dorsal da medula espinhal, enquanto se manipulou farmacologicamente o DMH com agonistas e antagonistas dos recetores de GAL. O papel do DRt como um potencial mediador encefálico e dos recetores de serotonina do tipo-3 (5HT3R) como potenciais mediadores espinhais do efeito pronocicetivo descendente da GAL no DMH foi avaliado através da administração de GAL no DMH com o bloqueio simultâneo do DRt e dos 5HT3R na medula espinhal, respetivamente, e medindo a resposta comportamental dos animais SHAM e ARTH no teste de Hargreaves. Os resultados demonstram que a artrite prolongada no joelho induz dor e o desenvolvimento de sintomas de ansiedade e depressão que podem ser parcialmente revertidos pelo tratamento com amitriptilina. Além disso, uma ativação geral do DMH com glutamato resulta em hiperalgesia comportamental apenas em animais SHAM com alterações concomitantes na atividade das células do tipo “On” e “Off” do RVM. Interessante foi o facto da via pronociceptiva do DMH dependente de GAL, que é independente das células do tipo “On” e “Off” do RVM, se encontrar funcional não só em animais SHAM mas também em animais ARTH, uma vez que a administração de GAL no DMH diminuiu a latência de flexão da pata dos animais, um efeito que foi mimetizado pela injeção de um agonista dos recetores de GAL do tipo-1. A reversão do efeito pronocicetivo da GAL no DMH foi observada quando se inibiu o DRt com lidocaina ou bloqueou os 5HT3R espinhais, embora a hiperalgesia comportamental induzida pela ativação do DRt não tenha sido eliminada pelo bloqueio destes recetores espinhais. Importante é o facto de, tanto a via dependente do DRt como a via dependente dos 5HT3R espinais se encontrarem tonicamente ativas nos animais ARTH. Finalmente, resultados preliminares mostram que as células “Neutras” do RVM podem ser os mediadores supraspinhais da via facilitadora induzida pela GAL no DMH que atua pela ativação dos 5HT3R na medula espinal. Em conclusão, os recetores de GAL no DMH parecem ser importantes na facilitação da nociceção durante artrite crónica, com estes recetores a terem um potencial papel na integração da informação emocional e nocicetiva. Estudos adicionais devem avaliar o papel da GAL no DMH sobre o desenvolvimento de patologias do tipo ansioso e depressivo; e clarificar quais os núcleus a montante que podem estar a ativar esta via, como por exemplo a amygdala e o núcleo da estria terminal, para uma melhor compreensão dos mecanismos subjacentes à dor crónica e patologias emocionais associadas., This work was supported by a grant from Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT): SFRH/BD/71219/2010