A argumentação é atividade discursiva dialógica, que se caracteriza pela defesa e confronto de pontos de vista. Considerada uma atividade inerentemente epistêmica, é importante para que o indivíduo seja capaz de tomar decisões racionais, avaliar fenômenos sociais, tornar-se cidadão consciente e participativo, trabalhar em equipe, em situações de resolução de problemas e construir seu conhecimento. A argumentação é fundamental na vida das pessoas e a prática argumentativa poderia ser estimulada como um comportamento cotidiano, necessário e aprendido desde os primeiros anos de formação. Esse estudo analisou as dinâmicas do processo de mediação por recursos transmídia no desenvolvimento da argumentação em crianças, entre 6 e 7 anos, alunas do primeiro ano do ensino fundamental. O estudo enfatizou a relação entre a mediação por recursos transmídia e o processo de desenvolvimento da argumentação em crianças pequenas, configurando-se assim o fenômeno central da investigação. Sabemos que a mudança cultural repercute no desenvolvimento da criança, de forma que a introdução desses recursos provavelmente também configurou uma nova forma de mediação na construção do conhecimento. A reflexão buscou compreender o processo de desenvolvimento da argumentação ao se promover a mediação através desses recursos, com foco na criança, que se constituiu como protagonista no processo de mudança. Realizou-se uma investigação de cunho qualitativo, sob a perspectiva teórica da psicologia cultural, que compreende a cultura como parte integrante, como a essência na constituição do indivíduo. Seis crianças, alunas do primeiro ano do ensino fundamental de uma escola privada da cidade de Teresina/PI, participaram do estudo. As atividades foram realizadas no decorrer de cinco momentos. Para a composição das informações utilizamos observação, filme, jogo digital, gravação de vídeo, tirinhas, fantoche e elaboração de desenhos. Foram criadas estratégias e promovidas condições de interação entre as crianças, o fantoche, a pesquisadora e as demais ferramentas, para que se pudesse observar as construções argumentativas produzidas na intersubjetividade. Os dados observados foram submetidos a uma análise microgenética em quatro níveis, que nos permitiu identificar a relação entre o desenvolvimento da argumentação em crianças e a mediação por recursos transmídia, incluindo o modo como se deu esse processo. Esse estudo é uma oportunidade de refletir sobre questões atuais, que fazem parte do nosso cotidiano; bem como sobre a importância de se promover o desenvolvimento da argumentação em crianças pequenas, permitindo o desenvolvimento do pensamento reflexivo e consequentemente a construção do conhecimento. Os resultados indicaram que a argumentação é aprendida na intersubjetividade, através de negociação dialógica, quando há em jogo forças intersubjetivas com uso de estratégias, com pedidos de esclarecimento, espelhamento e problematização por parte do adulto, e de réplica simples e réplica elaborada produzidas pelas crianças. Ao desenvolver a narrativa transmídia, por meio da gravação de um vídeo, a inserção de obstáculos promove desenvolvimento, em que a criança parte da experiência concreta e vai para o exercício simbólico, sai do uso de razões individuais para razões coletivas. Argumentation is a discursive activity, a dialogical process, which is characterized by defense and confrontation of points of view. Considered to be an inherently epistemic activity, it is important for the individual to be capable of making rational decisions, evaluating social phenomena, becoming a conscious and participatory citizen, working as part of a team, in problem solving situations and building their knowledge. Argumentation is fundamental in people’s lives and argumentative practice could be stimulated as commonplace behavior, given its necessity, and learned since the first years of formation. This study analyzed the dynamics of the mediation process by transmedia resources in the development of argumentation in first year elementary students, aged between 6 and 7 years old. The study emphasized the relationship between mediation by transmedia resources and the process of argumentation development in young children, thus establishing the central phenomenon of investigation. It is known that cultural change affects a child’s development, in a way that the introduction of such resources has also probably established a new form of mediation in the construction of knowledge. The reflection sought to comprehend the process of argumentation development by promoting mediation through these resources, focusing on the child, who was made the protagonist in the process of change. A qualitative investigation was conducted, under the theoretical perspective of cultural psychology, which comprehends culture as an integrating part, as the essence of an individual’s constitution. The participants were six children, first year elementary students from a private school in the city of Teresina – PI. The activities were carried through over five moments. To compose the information we used observation, film, digital game, video recording, comic strips, puppet and sketching. Strategies were created and conditions for interaction among the children, the puppet, the researcher and the various tools were promoted, so that the argumentative constructions produced in the intersubjectivity could be observed. The collected data were submitted to a microgenetic analysis at four levels, which allowed us to infer the relationship between children’s development of argumentation and mediation by transmedia resources, including the way in which this process took place. This study is an opportunity to reflect upon current issues, which are part of our daily lives; as well as upon the importance of promoting argumentation development in young children, allowing the development of reflective thinking and consequently the construction of knowledge. Results have indicated that argumentation is learned amid intersubjectivity, through dialogic negotiation, when there are intersubjective forces at play using strategies, with requests for clarification, mirroring and problematization by the adult, and simple and elaborate replies produced by the children. When developing the transmedia narrative, by video recording, inserting obstacles promotes development, in which the child starts from concrete experience and goes to symbolic exercise, they leave the use of individual reasoning for collective reasoning.