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Informacoes relacionadas a alimentacao de uma especie contribuem para o conhecimento de sua bionomia e funcionamento do ecossistema no qual ela vive. Desta forma, entender a ecologia alimentar de uma populacao de peixes e seus aspectos ontogeneticos, temporais e espaciais auxiliam na compreensao da assembleia de peixes e de toda a comunidade de um rio. Reconhecer tal estrutura e fundamental para o manejo e conservacao da biodiversidade do habitat. A ecologia alimentar de Deuterodon langei Travassos, 1957 foi analisada por meio da composicao da dieta, partilha de recursos, estrategia alimentar e contribuicao dos itens alimentares para o nicho alimentar. As analises incluem uma abordagem das variacoes ontogeneticas, espaciais e temporais. A especie foi considerada onivora com uma grande plasticidade alimentar causada pela variabilidade sazonal na disponibilidade de recursos e ao longo da bacia hidrografica, mas principalmente ao longo de sua ontogenia. A dieta dos individuos menores revelou uma predominância de insetos e outros artropodes, enquanto nos individuos maiores ocorreu um predominio de vegetais aloctones. Os baixos valores de Quociente Intestinal (IQ) para os individuos menores foram associados a uma dieta predominantemente insetivora. Os maiores comprimentos intestinais estiveram associados com uma maior plasticidade dos adultos, os quais sao capazes de utilizar itens maiores e de dificil digestao, como itens de origem vegetal. Neste sentido, mudancas na ecologia alimentar durante o crescimento sao confirmadas neste peixe onivoro de rios tropicais, ampliando o conceito de que, quando se compara os habitos alimentares entre especies, o tamanho dos peixes examinados deve ser levado em consideracao. Este estudo contribui tambem com informacoes necessarias sobre a ecologia alimentar de peixes intrinsecamente associados com a Floresta Atlântica, um dos mais biodiversos e ameacados ecossistemas do planeta.

We tested whether interindividual variations in diet composition within a population of Deuterodon stigmaturus can be explained by morphological differences between individuals, and whether diet-morphology relationships are dependent on the ontogenetic development. We analyzed diet of 75 specimens sampled in a coastal stream of Southern Brazil. Variation in stomach content was summarized with a Principal Coordinate Analysis (PCoA). The retained PCoA axes were tested as response to standard length (SL), and to values of intestine length (IL) and mouth length (ML) independent of body size, using linear mixed-effects models (LMM). The most consumed food items by D. stigmaturus were filamentous algae (41%), terrestrial plants (20.3%), detritus (12%), and aquatic invertebrates (8.8%). The LMMs showed that SL was positively related to consumption of terrestrial plants, whereas IL independent of SL was negatively related to aquatic invertebrates and positively related to filamentous algae. When body sized was held constant, ML was not related to diet variation. Interindividual diet differences conditioned to body size suggest that individuals shift their trophic niche and function in the ecosystem along the ontogenetic development. Relationships between intestine length and diet composition suggest interindividual differences in foraging ability and digestibility of distinct food items. RESUMO Nós testamos se variações na composição da dieta de uma população de Deuterodon stigmaturus podem ser explicadas por diferenças morfológicas entre indivíduos, e se as relações entre morfologia e dieta são dependentes do desenvolvimento ontogenético. A dieta de 75 indivíduos amostrados em um riacho costeiro do sul do Brasil foi analisada. Uma Análise de Coordenadas Principais (PCoA) foi utilizada para sumarizar variações individuais no conteúdo estomacal. Os eixos retidos da PCoA foram testados como resposta ao comprimento padrão (CP) e ao comprimentos do intestino (CI) e da boca (CB), independentes do tamanho corporal, usando modelos lineares mistos (LMMs). Os itens macroscópicos mais consumidos por D. stigmaturus foram algas filamentosas (41%), plantas terrestres (20,3%), detritos (12%), e invertebrados terrestres (8,8%). Os LMMs mostraram que o CP foi positivamente relacionado ao consumo de plantas terrestres, enquanto que valores de CI independentes de CP foram negativamente relacionados ao consumo de invertebrados aquáticos e positivamente relacionados ao consumo de algas filamentosas. Quando o CP foi mantido constante, CB não foi relacionado a composição da dieta. As diferenças na dieta condicionadas ao tamanho corporal sugerem que os indivíduos mudam seu nicho trófico e função no ecossistema ao longo do desenvolvimento ontogenético. As relações entre o tamanho do intestino e composição da dieta sugerem diferenças individuais na habilidade de forragear e digerir itens alimentares distintos.