O primeiro número da revista “Arquitectura” foi publicado em Janeiro de 1927. E embora com interrupções e alterações de orientação editorial, a revista publicou-se até 1984, em quatro séries. Nos primeiros 30 anos publicaram-se duas séries da revista, que coincidem aproximadamente com os períodos de maior produção das duas primeiras gerações dos arquitectos modernos portugueses. Os arquitectos da 1ª geração, nascidos na década de 1890, que realizaram algumas das suas obras mais notáveis na década de 1930, quando se publicava a 1ª série da revista “Arquitectura” – Cassiano Branco, Carlos Ramos, Cristino da Silva, Pardal Monteiro… E os arquitectos da 2ª geração da arquitectura moderna portuguesa, nascidos na década de 1910, e que realizaram as suas principais obras no período em que se publicou a 2ª série da revista, na segunda metade da década de 1940, e na primeira metade da década de 1950 – Keil do Amaral, Viana de Lima, Januário Godinho… A 3ª série da revista “Arquitectura” publicou-se entre 1957 e 1974, e nesse período de 17 anos a revista não teve sempre a mesma importância cultural, nem a mesma capacidade de influenciar o debate. Embora sem uma fronteira rígida muito bem definida, é necessário distinguir dois momentos. Durante os primeiros anos da 3ª série, a revista tinha um programa cultural bem definido. A nova geração de editores propunha retomar alguns dos princípios chave que estavam na origem da arquitectura moderna, e procurava encontrar alternativas à linguagem do “Estilo Internacional”, na tentativa de ultrapassar a dimensão estritamente funcional da arquitectura racionalista do Movimento Moderno. Individualmente, considerando o ponto de vista de cada um dos protagonistas do debate nesse momento, é possível encontrar diferentes motivações e diferentes inclinações. Mas, do ponto de vista colectivo é possível reconhecer uma tendência dominante. Todo o programa cultural da nova geração se concentrava na necessidade de encontrar formas de continuidade cultural. Essa procura de continuidade significava que a arquitectura devia passar a representar uma consciência profunda daquilo que era específico da cultura portuguesa. A “Storia dell’Architettura Moderna”, de Bruno Zevi, publicada em 1950, era uma das principais referências, e um dos principais modelos de pensamento teórico que inspirava a nova geração dos arquitectos portugueses, nesse momento. O segundo momento pode situar-se aproximadamente na última década da 3ª série da revista, e corresponde a um período em que se torna irreconhecível o projecto colectivo que tinha dominado o debate na viragem da década de 1950 para 1960. Isso não significava que não fosse possível, no final dos anos 60 e no início dos 70, continuar a construir um pensamento crítico adequado à situação contemporânea. Mas não era possível continuar a fazê-lo seguindo o mesmo modelo que tinha sido seguido durante cerca de uma década, e o que era profundamente diferente era o facto desse modelo de pensamento não estar a ser substituído por um novo modelo, mas por muitos – muitos modelos possíveis e divergentes entre si. Depois do fim da 3ª série, em 1974, a publicação da revista esteve interrompida durante 5 anos. Em 1979, inicia uma 4ª série, que se publicou até 1984. Nesse momento a revista não tem a mesma importância cultural que teve no final da década de 1950 e durante a década de 1960. Já não representa a produção dum pensamento crítico dominante, e tem uma capacidade muito limitada para influenciar o debate. De qualquer forma, representa um documento histórico importante para compreender a evolução do debate arquitectónico em Portugal no início da década de 1980, e fundamental para compreender como, a partir desse momento, as revistas de arquitectura começam a perder protagonismo e a ceder espaço a outras formas de debate e de produção de crítica, El primer número de la revista “Arquitectura”, fue publicado en enero de 1927. Aunque con interrupciones y cambios de orientación editorial, la revista se publicó hasta 1984, en cuatro series. En los primeros 30 años, se publicaron dos series de la revista, coincidiendo aproximadamente con los períodos de más producción de las dos primeras generaciones de arquitectos modernos portugueses. Los arquitectos de la primera generación, nacidos en la década de 1890, que proyectaron algunas de sus obras más notables en la década de 1930, cuando se publicó la primera serie de la revista “Arquitectura” – Cassiano Branco, Carlos Ramos, Cristino da Silva, Pardal Monteiro... Y los arquitectos de la segunda generación de la arquitectura moderna portuguesa, nacidos en la década de 1910, que proyetaron sus principales obras en el período en que se publicó la segunda serie de la revista, en la segunda mitad de la década de 1940 y la primera mitad de la década 1950 – Keil do Amaral, Viana de Lima, Januário Godinho… La tercera serie de la revista “Arquitectura” se publicó entre 1957 y 1974, y en este período de 17 años, la revista no tuvo siempre el mismo significado cultural, ni la misma capacidad de influir en el debate. Aunque sin una frontera muy estricta, es necesario distinguir dos momentos. Durante los primeros años de la tercera serie, la revista tenía un programa cultural bien definido. La nueva generación de editores buscaba retomar algunos de los principios fundamentales que habían estado en el origen a la arquitectura moderna, y buscaba alternativas al lenguaje del “Estilo Internacional”, intentando superar la dimensión estrictamente funcional de la arquitectura racionalista del Movimiento Moderno. Individualmente, teniendo en cuenta el punto de vista de cada uno de los protagonistas en el debate en ese momento, se pueden encontrar diferentes motivaciones y diferentes pensamientos. Pero desde el punto de vista colectivo, puede reconocerse una tendencia dominante. Todo el programa cultural de la nueva generación se dirigía hacía la necesidad de encontrar formas de continuidad cultural. Esta búsqueda de continuidad significaba que la arquitectura debería representar a un conocimiento profundo de lo que era específico de la cultura portuguesa. La “Storia dell'Architettura Moderna” de Bruno Zevi, publicada en 1950, era una de las referencias clave, y uno de los modelos de pensamiento teórico que inspiraban la nueva generación de arquitectos portugueses en ese período. El segundo momento se puede situar en la última década de la tercera serie de la revista, y es un período en el cual se vuelve irreconocible el proyecto colectivo que había dominado el debate en el final de la década de 1950 e inicio de 1960. Eso no significa que no fuera posible, a finales de los años 60 y principios de los 70, seguir construyendo un pensamiento crítico ajustado a la situación contemporánea. Pero no era posible seguir con el mismo modelo que se había tenido durante más de una década, y lo que era profundamente distinto es que, ese modelo de pensamiento no estaba siendo sustituido por un nuevo modelo, pero por muchos – muchos modelos posibles y divergentes. Después del final da la tercera serie, en 1974, la publicación de la revista fue interrumpida durante cinco años. En 1979, empieza una cuarta serie, que se publicó hasta 1984. En ese momento la revista no tuvo la misma importancia cultural que había tenido a finales de 1950 y durante la década de 1960. Ya no representa la producción de un pensamiento crítico dominante, y tenía una capacidad muy limitada para influir en el debate. De todos modos, es un documento histórico importante para la comprensión de lo que fue el debate arquitectónico en Portugal a principios de 1980, y fundamental para entender cómo, a partir de ese momento, las revistas de arquitectura empiezan perdiendo protagonismo para a otras formas de debate y de producción de crítica, The first issue of the magazine “Architecture” was published in January 1927. And although with some interruptions and changes of editorial guidance, the magazine was published until 1984, in four series. In the first 30 years, two series were published, which roughly coincides with the two periods of great architectural production of the first two generations of Portuguese modern architects. The architects of the first generation, born in the 1890s, who performed some of his most notable works in the 1930s, when it was published the 1st series of the magazine “Architecture” – Cassiano Branco, Carlos Ramos, Cristino da Silva, Pardal Monteiro... And the architects of the second generation of modern Portuguese architecture, born in the 1910s, who made their major works in the period in which it was published the 2nd series of the magazine, in the second half of the 1940s, and the first half of the 1950 decade – Keil do Amaral, Viana de Lima, Januário Godinho... The 3rd series of the magazine “Architecture” was published between 1957 and 1974, within this period of 17 years the magazine had not always the same cultural significance, or the same ability to influence the debate. Although without a strict boundary, perfectly well-defined, it is important to distinguish two different phases. During the early years of the 3rd series, the magazine had a well-defined cultural program. The new generation of publishers proposed to resume some of the key principles that gave rise to the modern architecture, and tried to find alternatives to the “International Style” in an attempt to overcome the strictly functional dimension of the Modern Movement rationalist architecture. Individually, considering the point of view of each of the protagonists in the debate at that time, it is possible to find different motivations and different preferences. But collectively it is possible to recognize a dominant trend. All the cultural program of the new generation was focused on the need to find forms of cultural continuity. This quest for continuity meant that architecture should represent a deep awareness of what was specific to the Portuguese culture. The book “Storia dell'architettura Modern” published by Bruno Zevi in 1950, was one of the main references, and one of the main models of theoretical thinking that inspired the new generation of Portuguese architects at that time. The second phase can be placed roughly in the last decade of the 3rd series of the magazine, and it is a period when it becomes unrecognizable the collective project that had dominated the debate at the turn of the 1950s to 1960s. That does not mean it was impossible, in the late 60s and early 70s, to continue to build a critical thinking to face the contemporary problems. But it was not possible to continue to do so following the same model that had been followed for over a decade. And there was something profoundly different – the previous model was not being replaced by a new model, but by many possible models, and differing between themselves. After the end of 3rd series in 1974, the magazine’s publication was interrupted for five years. In 1979, it begins a 4th series, which was published until 1984. At that time the magazine has not the same cultural importance it had in the late 1950s and during the 1960s. It represents no longer the production of a leading critical thinking, and it has a very limited ability to influence the debate. Although it is an important historical document to understand the development of architectural debate in Portugal in the early 1980s, and to understand how, from that moment, the architectural magazines begin to lose leadership and to give way to other forms of production of debate and critical thinking.