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Resumo Neste texto, buscamos caminhos para o enfrentamento do negacionismo científico, que já mostrou ser instrumento de uma política de morte. Situamos nossos argumentos em uma disputa entre a noção de exatidão, herdada do pensamento cartesiano, e a inclusão do infinito na matemática tal como proposta por Leibniz, com base na posição de que o incompreensível desperta o pensamento. A partir dessa inspiração, que faz referência a um momento determinante da história da matemática, defendemos uma educação como política de vida, que produza outras narrativas, capazes de adiar o fim do mundo. Abstract In this paper, we seek ways to confront scientific denialism as death-inducing politics. We sustain our arguments in a dispute between the notion of accuracy of Cartesian thinking and the infinity inclusion in the mathematics proposed by Leibniz, based on the position that the incomprehensible instigates thought. We defend education as life-inducing politics, which produces other narratives, capable of postponing the end of the world.

Resumo O presente artigo propõe uma revisão da historiografia sobre a constituição da Ciência do Sistema Terra (CST) de modo a extrair desse procedimento indícios sobre as condições de produção específicas que levaram essa comunidade a incorporar em seus textos elementos narrativos de caráter prescritivo. Para tanto, considera-se a autonomia relativa da CST diante da reestruturação neoliberal das relações globais de produção que impactaram a pragmática científica em geral a partir da década de 1970, bem como a reação dessa comunidade aos negacionismos científicos. Ao final, o artigo apresenta uma reflexão sobre como essas discussões podem ser incorporadas na historiografia de modo mais abrangente. Abstract This article proposes a review of the historiography on the constitution of Earth System Science (CST), in order to extract from this procedure evidence about the specific conditions of production that led this community to incorporate prescriptive narrative elements into their texts. To this end, the relative autonomy of the CST is considered in the face of the neoliberal restructuring of global relations of production that impacted scientific pragmatics in general from the 1970s onwards, as well as the reaction of this community to scientific denialism. At the end, the article presents a reflection on how these discussions can be incorporated in historiography in a more comprehensive way.

Un fantasma recorre América Latina: la desaparición forzada es un pasado que se perpetua en el presente, de las dictaduras militares del cono sur y las guerras civiles centroamericanas hasta el conflicto armado colombiano y la guerra contra las drogas en México. Más de 80.000 desaparecidos forzados interpelan a la sociedad colombiana que se niega a reconocer. ¿Por qué nos cuesta hacerlo? Este artículo propone siete hipótesis interpretativas para su comprensión más allá de la indiferencia y la normalización social de la violencia: su reconocimiento tardío y esclarecimiento reciente, la participación de agentes de Estado por acción u omisión, la pluralidad de violencias como contexto, la incidencia del negacionismo del conflicto armado, la criminalización y la estigmatización de las víctimas, la marginalidad social y el anonimato de las víctimas, y las asimetrías en las políticas públicas para afrontar los distintos hechos de violencia. A ghost runs through Latin America: enforced disappearance is a past that is perpetuated in the present, from the military dictatorships of the southern cone and the Central American civil wars to the Colombian armed conflict and the drug war in México. More than 80,000 forced disappeared persons question Colombian society that refuses to recognize. Why are we having trouble doing it? This article proposes seven interpretative hypotheses for their understanding beyond the indifference and social normalization of violence: its late and recent recognition, the participation of state agent by action or omission, the plurality of violence as context, the incidence of denialism from the armed conflict, the criminalization and stigmatization of the victims, the social marginality, the anonymity of the victims, and the asymmetries of public policies to deal with the different types of violent acts.

Resumo Este artigo tem como objetivo refletir criticamente a respeito do fenômeno do negacionismo científico e da chamada “política de pós-verdade”, investigando as condições específicas de emergência, existência e ação do negacionismo climático no Brasil. Metodologicamente, capta-se o aparecimento do negacionismo climático a partir de problemas que o situaram como elemento de um “dispositivo” de natureza essencialmente estratégica. Em nossas análises, destacaremos o papel estratégico do negacionismo climático na visão de mundo liberal conservadora e sua ação de impedimento de processos de governamentalização ambiental no Brasil. Abstract This article aims to critically analyse the specific conditions of emergence, existence, and action of climate denialism in Brazil. Methodologically, the appearance of climate denialism is captured from problems that placed it as an element of a “dispositif” of an essentially strategic nature. In our analyses, we highlight the strategic role of climate denial in the conservative-liberal worldview and its action in impeding environmental governmentalization processes in Brazil.

Within the climate countermovement, neoliberal think tanks have played a predominant role in both the United States and Europe. There are links between climate obstructionism and ideologies such as conservatism and the extreme right; androcentrism, patriarchal worldviews and industrial masculinities, and whiteness and xenosceptic ideologies. This research takes as a case study the Dutch think tank CLINTEL, which, despite having been founded in 2019, has managed to get a declaration against the climate emergency to members of the European Parliament, which has been signed by climate action contrarians from all over the world. This paper analyses the contrarian framings present in this declaration based on the typology established by Almiron et al. (2020). In addition, this research makes a gendered discursive analysis of the discussion about this statement in a forum of the European Parliament, where CLINTEL met with members of the far-right Dutch party Forum van Democratie (FvD), part of the European Conservatives and Reformists group. The study on CLINTEL's statement shows that the think tank uses similar frames as other European denialist think tanks. Its climate declaration has a significant gender bias, with an overwhelming over-representation of men among the signatories. This, together with the discursive analysis of its discussion with members of the European Parliament, is a contribution to the emerging line of research on industrial masculinities and climate change obstructionism. This paper provides information on the think tank CLINTEL, helping to fill a knowledge gap on the climate change countermovement in the Netherlands. Dentro del contramovimiento climático, los think tanks neoliberales han desempeñado un papel predominante tanto en Estados Unidos como en Europa. Existen vínculos entre el obstruccionismo climático e ideologías como el conservadurismo y la extrema derecha; el androcentrismo, las cosmovisiones patriarcales y las masculinidades industriales, y las ideologías blanca y xenoescéptica. Esta investigación toma como caso de estudio el think tank neerlandés CLINTEL, que, a pesar de haber sido fundado en 2019, ha conseguido hacer llegar a los miembros del Parlamento Europeo una declaración contra la emergencia climática, que ha sido firmada por contrarios a la acción climática de todo el mundo. Este trabajo analiza los encuadres contrarios presentes en esta declaración a partir de la tipología establecida por Almiron et al. (2020). Además, esta investigación realiza un análisis discursivo de género del debate sobre esta declaración en un foro del Parlamento Europeo, donde CLINTEL se reunió con miembros del partido holandés de extrema derecha Forum van Democratie (FvD), que forma parte del grupo de Conservadores y Reformistas Europeos. El estudio sobre la declaración de CLINTEL muestra que el think tank utiliza marcos similares a los de otros think tanks negacionistas europeos. Su declaración sobre el clima tiene un importante sesgo de género, con una abrumadora sobrerrepresentación de hombres entre los firmantes. Esto, junto con el análisis discursivo de su debate con los miembros del Parlamento Europeo, es una contribución a la línea de investigación emergente sobre las masculinidades industriales y el obstruccionismo del cambio climático. Este artículo proporciona información sobre el think tank CLINTEL, contribuyendo a llenar un vacío de conocimiento sobre el contramovimiento del cambio climático en los Países Bajos

Os debates públicos sobre o fenômeno do negacionismo parecem se pautar sobre a ambiguidade da noção de engano: os “negacionistas profissionais” seriam aqueles que enganam, os cientistas seriam os que não (se) enganam e as “pessoas comuns” seriam as mais suscetíveis a se enganarem ou serem enganadas. Porém, estudos mostram que os negacionistas consideram sua própria atitude como uma precaução contra o engano; por isso, explicações que os tratam como anticientificistas, antidemocráticos e ignorantes não dão conta do fenômeno em toda sua complexidade. Neste artigo, recorro à noção nietzschiana de “vontade de verdade” para pensar o negacionismo como um efeito deletério da imagem da ciência como um escudo desinteressado contra o engano. Mais que isso, examino a hipótese de que a oposição verdade/engano nos torna a todos potenciais negacionistas, e proponho, como proteção contra esse risco, admitir os interesses que levam as pessoas a disputar os fatos científicos. Discuto também o contexto sociopolítico no qual o negacionismo pôde emergir e apresento alguns caminhos para uma noção de verdade mais condizente com as “questões de preocupação” (matters of concern) atuais.

Tesis CEINDO, Universidad San Pablo CEU, Programa de doctorado "Humanidades para el mundo contemporáneo". Leída el 29 de marzo de 2023 En el contexto de sucesos de carácter traumático, la determinación del contenido y forma de la narrativa histórica de aquellos puede acarrear tensiones entre la política de la Memoria y la disciplina de la Historia, la cual investiga y estudia los hechos del pasado para su comprensión. El interés de gobiernos y grupos particulares en recurrir a la ley como instrumento para sustentar y proteger una forma concreta de representación histórica, hace de la memoria una política de la historia que supone una forma de intervención jurídico-política en el ámbito de los estudios históricos. Dicha intervención es notoria en aspectos como la enseñanza de la historia o la sanción penal cuando una narrativa histórica no se ajusta a lo estipulado en la normativa. La intervención legislativa ha sido patente desde la década de los años 1990 cuando, en un número creciente de países de Europa, han venido promulgándose normas con finalidad sancionadora como forma de evitar cualquier cuestionamiento sobre temas históricos, sobre la base de que dicho cuestionamiento supone una amenaza para la paz pública y un desafío al consenso histórico e ideológico existente tras la Segunda Guerra Mundial. El resultado ha sido una creciente judicialización de la historia. In the context of traumatic events, the determination of the content and form of the historical narrative of those events can lead to tensions between the politics of memory and the discipline of history, which investigates and studies the events of the past in order to understand them. The aspiration that governments or interest groups may have in proposing a law as a means of sustaining and protecting a particular form of historical representation makes memory a politics of history that involves a form of legal-political intervention in the field of historical studies. Such intervention is notorious in aspects such as the teaching of history or the penal sanction when a historical narrative does not comply with the regulations. This phenomenon of legislative intervention has been evident since the 1990s when, in a growing number of European countries, punitive legislation has been enacted as a way of preventing any questioning of historical issues, on the grounds that such questioning is a threat to public peace and a challenge to the historical and ideological consensus that existed after the Second World War. The result has been an increasing judicialization of history.

O estudo investiga articulações político-midiáticas em favor de uma narrativa comum sobre a pandemia de Covid-19 baseada em teorias conspiratórias e negacionistas e pautada em discursos populistas e de ódio. A análise tem como foco vídeos sobre a pandemia do apresentador do programa policialesco Alerta Nacional, Sikêra Júnior. Os resultados apontam para uma lógica de complementaridade entre o comunicador e o discurso do presidente Jair Bolsonaro, em uma estratégia comunicativa que integra mídia hegemônica e redes sociais como forma de potencializar a disseminação de desinformações, além de trazer indícios de relações que preservam as raízes clientelistas do sistema de comunicação brasileiro.

RESUMO Este artigo propõe uma discussão sobre o negacionismo dos crimes de guerra cometidos pelo Estado japonês durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa, tendo em vista a complexa relação entre a historiografia japonesa sobre os crimes de guerra cometidos pelo país e as mobilizações negacionistas. Concluo que as narrativas acerca das bombas atômicas lançadas sobre o Japão são utilizadas tanto como forma de legitimar o discurso negacionista (ideia de vitimização), quanto para corroborar com uma historiografia engajada (que em nada anistia o Estado japonês) que pretende compreender o passado em sua complexidade, sendo o Japão vítima e algoz, a depender do contexto e dos sujeitos/instituições envolvidos. Busco, assim, analisar como a historiografia japonesa responde aos negacionismos partindo de lógicas e práticas que entendem a narrativa sobre o passado a partir de uma visão não maniqueísta entre vítima e algoz. ABSTRACT This paper proposes a discussion on the denial of war crimes committed by the Japanese state during the Second Sino-Japanese War, considering the complex relationship between Japanese historiography about war crimes committed by Japan and the negationist mobilizations. We conclude that the narratives about the atomic bombs dropped on Japan are used both as a way to legitimize the negationist discourse (the idea of victimization), and to corroborate with an engaged historiography (which in no way amnesty the Japanese State) that intends to understand the past in its complexity, being Japan victim and executioner, depending on the context and the subjects/ institutions involved. Therefore, I seek to analyze how Japanese historiography reacts to denials based on logics and practices that understand the narrative about the past from a non-Manichean view between victim and executioner.

This critical-reflective essay seeks to discuss the role of environmental justice as a social conscience, articulating the discussion with the need to think about the challenges in times of denialism. A question that arises here is: how can social conscience interfere in the construction of environmental justice, from a local social context, with global influence in times of denialism? The main objective of this text concerns to face the contemporary debate around the concepts of environmental justice and social conscience, in order to intervene in a qualified way so that the current situation is modified. The research was developed using the dialectical method, through the qualitative approach, with documental research techniques - bringing legal and bibliographic aspects. Among the results that can be pointed out are the identification of established human relationships that, at times, have caused damage to environmental issues arising from a challenging context and the modus operandi as a form of critical resistance that opposes this denialism. Este ensayo crítico-reflexivo busca discutir el papel de la justicia ambiental como conciencia social, articulando la discusión con la necesidad de pensar los desafíos en tiempos de negacionismo. Una pregunta que surge aquí es: ¿cómo la conciencia social puede interferir en la construcción de la justicia ambiental, desde un contexto social local, con influencia global en tiempos de negacionismo? El objetivo principal de este texto se refiere a enfrentar el debate contemporáneo en torno a los conceptos de justicia ambiental y conciencia social, a fin de intervenir de manera calificada para que se modifique la situación actual. La investigación se desarrolló utilizando el método dialéctico, a través del enfoque cualitativo, con técnicas de investigación documental, trayendo aspectos legales y bibliográficos. Entre los resultados que se pueden señalar están la identificación de relaciones humanas establecidas que, en ocasiones, han causado daños a las cuestiones ambientales derivadas de un contexto desafiante y el modus operandi como forma de resistencia crítica que se opone a este negacionismo. Nesse ensaio critico-reflexivo busca-se discutir o papel da justiça ambiental enquanto consciência social, articulando a discussão com a necessidade de se pensar os desafios em tempos de negacionismo. Uma questão que se coloca aqui é: de que forma a consciência social pode interferir na construção da justiça ambiental, a partir de um contexto social local, com influência global em tempos de negacionismo? O objetivo central do presente texto diz respeito a enfrentar o debate contemporâneo em torno dos conceitos de justiça ambiental e consciência social, de modo a intervir de forma qualificada para que o atual quadro seja modificado. A pesquisa foi desenvolvida utilizando o método dialético, por intermédio da abordagem qualitativa, com técnicas de pesquisa documental- trazendo aspecto legal e bibliográfico. Entre os resultados que podem ser apontados estão a identificação de relações humanas estabelecidas que, por vezes, têm causado prejuízo as questões ambientais decorrentes de um contexto desafiador e do modus operandi como forma de Resistencia critica que se contrapõe a esse negacionismo.

Resumo Políticas de controle da pandemia de Covid-19 têm sido alvo de disputas no Brasil, com autoridades divergindo sobre formas de tratamento e os efeitos das estratégias de distanciamento social. Análises recentes caracterizam tais disputas como uma “batalha ideológica” de Bolsonaro contra “argumentos racionais” de especialistas e da OMS. Além disso, críticos caracterizam Bolsonaro como um representante do “populismo científico” que produz fake news para sustentar pautas negacionistas. Neste artigo, dialogamos com o campo de estudos de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) para analisar os usos da ciência durante a pandemia. Demostramos que Bolsonaro não nega enunciados científicos in toto, mas busca legitimar suas políticas de saúde a partir das controvérsias públicas sobre a ciência. Ao explorar os meandros da produção de fatos científicos, o que Bolsonaro faz é questionar as credenciais da OMS e acusar opositores de politizarem pesquisas sobre formas de contenção da pandemia. Em outras palavras, Bolsonaro e seu entorno avançam uma imagem transcendental da Ciência, que reifica a divisão moderna entre o saber científico e a cultura, para criticar a contaminação ideológica de algumas instituições científicas no período de pandemia. Tal postura revela o jogo de poder epistêmico intrínseco ao debate contemporâneo sobre pós-verdade, no qual ideologia, esoterismo e desrazão são atribuídos sempre ao enunciado do outro. Abstract The politics of Covid-19’s pandemic control in Brazil has been engulfed in disputes, with local authorities disagreeing about alternatives of health treatment and the effects of social distancing strategies. Recent analyses have characterized such disputes as Bolsonaro’s “ideological battle” against “rational arguments” of specialists and the WHO. Also, critics have described Bolsonaro as a representative of “scientific populism” who produces fake news to support his anti-science politics. In this article, we engage with the field of Science and Technology Studies (STS) to observe the multiple uses of science during the pandemic. We argue that Bolsonaro does not deny scientific statements in toto but seeks to legitimize his government’s health politics based upon public controversies about science. Bolsonaro explores the interstices of the making of scientific facts to question WHO’s credibility and to accuse his adversaries of politicizing scientific research during the pandemic. Thus, Bolsonaro sustains a transcendental image of science, which reifies the modern separation between science knowledge and culture, to criticize the ideological contamination of certain institutions. This posture reveals the epistemic dispute intrinsic to contemporary debates on post-truth, which postulates that ideology, esoterism, and anti-reason are always attributes of others.

The politics of Covid-19’s pandemic control in Brazil has been engulfed in disputes, with local authorities disagreeing about alternatives of health treatment and the effects of social distancing strategies. Recent analyses have characterized such disputes as Bolsonaro’s “ideological battle” against “rational arguments” of specialists and the WHO. Also, critics have described Bolsonaro as a representative of “scientific populism” who produces fake news to support his anti-science politics. In this article, we engage with the field of Science and Technology Studies (STS) to observe the multiple uses of science during the pandemic. We argue that Bolsonaro does not deny scientific statements in toto but seeks to legitimize his government’s health politics based upon public controversies about science. Bolsonaro explores the interstices of the making of scientific facts to question WHO’s credibility and to accuse his adversaries of politicizing scientific research during the pandemic. Thus, Bolsonaro sustains a transcendental image of science, which reifies the modern separation between science knowledge and culture, to criticize the ideological contamination of certain institutions. This posture reveals the epistemic dispute intrinsic to contemporary debates on post-truth, which postulates that ideology, esoterism, and anti-reason are always attributes of others., Políticas de controle da pandemia de Covid-19 têm sido alvo de disputas no Brasil, com autoridades divergindo sobre formas de tratamento e os efeitos das estratégias de distanciamento social. Análises recentes caracterizam tais disputas como uma “batalha ideológica” de Bolsonaro contra “argumentos racionais” de especialistas e da OMS. Além disso, críticos caracterizam Bolsonaro como um representante do “populismo científico” que produz fake news para sustentar pautas negacionistas. Neste artigo, dialogamos com o campo de estudos de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) para analisar os usos da ciência durante a pandemia. Demostramos que Bolsonaro não nega enunciados científicos in toto, mas busca legitimar suas políticas de saúde a partir das controvérsias públicas sobre a ciência. Ao explorar os meandros da produção de fatos científicos, o que Bolsonaro faz é questionar as credenciais da OMS e acusar opositores de politizarem pesquisas sobre formas de contenção da pandemia. Em outras palavras, Bolsonaro e seu entorno avançam uma imagem transcendental da Ciência, que reifica a divisão moderna entre o saber científico e a cultura, para criticar a contaminação ideológica de algumas instituições científicas no período de pandemia. Tal postura revela o jogo de poder epistêmico intrínseco ao debate contemporâneo sobre pós-verdade, no qual ideologia, esoterismo e desrazão são atribuídos sempre ao enunciado do outro.

A dissertação tem como objeto a análise de narrativas escolares sobre a ditadura militar em livros didáticos de História do ensino fundamental, especificamente do 9º ano. Foram analisadas as três coleções de maior adoção entre as aprovadas pelo Programa Nacional do Livro Didático e do Material Didático (PNLD) de 2020 para o quadriênio 2020-2024: História, Sociedade & Cidadania (2018), Projeto Araribá – História (2018) e Vontade de Saber – História (2018). Busca compreender a abordagem da ditadura militar a partir de quatro categorias: nomenclaturas, antecedentes do golpe, relação entre Estado e Direitos Humanos e transição. Pretendeu-se perceber se a temática está abordada em consonância com os debates historiográficos atuais, que abarcam a memória e a história do tempo presente, a partir de um cenário político que fortaleceu os vieses relativistas e negacionistas. A metodologia adotada foi a análise narrativa de livros didáticos, sob a luz das categorias eleitas, bem como das relações com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o PNLD. Entendeu-se que a tessitura de uma narrativa escolar é dotada de complexidade e atende a múltiplos interesses, de forma que mesmo que haja ausência de distorções graves, os livros didáticos podem estabelecer debates mais ampliados sobre o tema. Apresenta-se, assim, um Caderno Didático para avaliação do tema "ditadura militar" em livros didáticos, contemplando as dimensões da memória, compreensão do tema a partir de discussões conceituais e sugestões para abordagens de temas sensíveis nas aulas de história. The dissertation has as its object the analysis of school narratives about the military dictatorship in History textbooks for elementary school, specifically for the 9th grade. The three collections with the highest adoption among those approved by the Programa Nacional do Livro Didático e do Material Didático (PNLD) of 2020 for the 2020-2024 quadrennium were analyzed: História, Sociedade & Cidadania (2018), Projeto Araribá – História (2018) and Vontade de Saber - História (2018). It seeks to understand the approach of the military dictatorship from four categories: nomenclatures, antecedents of the coup, relations between State and human rights and transition. It was intended to understand whether the theme is addressed in line with current historiographical debates, which encompass the memory and history of the present time, from a political scenario that strengthened relativist and negationist biases. The methodology adopted was the narrative analysis of textbooks, under the light of the elected categories, as well as the relationships with the Base Nacional Comum Curricular (BNCC) and the PNLD. It was understood that the fabric of a school narrative is endowed with complexity and meets multiple interests, where even if there are no serious distortions, textbooks can establish broader debates on the subject. Thus, a Didactic Notebook is presented to evaluate the theme "military dictatorship" in textbooks, contemplating the dimensions of memory, understanding of the theme from conceptual discussions and suggestions for approaches to sensitive themes in history classes.

RESUMO A história nunca deixou de se confrontar com a mentira. Como argumenta Anthony Grafton, a falsificação é uma contraparte da busca pela verdade, podendo, inclusive, estimular procedimentos de atestação e verificação do saber histórico. Este trabalho investiga dois empreendimentos contemporâneos de desmascaramento da mentira, levados a cabo por historiadores profissionais. Pierre Vidal-Naquet, em “Os assassinos da memória”, e Deborah E. Lipstadt, em “Negação”, opuseram-se ao negacionismo do Holocausto e, nesse embate, explicitaram alguns dos pressupostos básicos da operação histórica. No artigo, procuro discutir categorias centrais que orientam o ofício historiográfico, como verdade, prova e autópsia, reivindicadas como ferramentas fundamentais no combate às práticas negacionistas. As iniciativas de Vidal-Naquet e Lipstadt permitem compreender não somente os recursos disponíveis e as possibilidades oferecidas aos historiadores, mas também as limitações institucionais na contínua e premente tarefa de identificar e combater a mentira. ABSTRACT History has always been confronted with lies. As Anthony Grafton argues, forgery is a counterpart to the search for the truth, and can even stimulate procedures for attesting and verifying historical knowledge. This paper investigates two contemporary attempts carried out by professional historians to uncover lies. Pierre Vidal-Naquet, in “The Killers of Memory”, and Deborah E. Lipstadt, in “Denial”, have opposed Holocaust denialism and, in this struggle against lies, have made explicit some of the basic assumptions of the historical operation. I seek to discuss key notions that guide the historical craft, such as truth, proof, and autopsy; claimed as fundamental tools in the fight against the denialist practices. The initiatives of Vidal-Naquet and Lipstadt allow us to understand not only the resources available and the possibilities offered to historians but also the institutional limitations in the continuous and pressing task of identifying and confronting lies.

O artigo tem o objetivo de discutir o sentido do termo “negacionismo”, tal como ocorre nas publicações do Instituto Questão de Ciência (IQC) e em produções da ciência da informação (CI). Seguindo a metodologia qualitativa da Teoria Fundamentada (grounded theory) faz a análise de publicações da Revista Questão de Ciência e de artigos do campo da CI, em que o termo “negacionismo” é objeto de consideração. Examina os efeitos nocivos do negacionismo em políticas públicas baseadas na ciência, como a Agenda 2030 da ONU. Os resultados situam o negacionismo em um conjunto de estratégias para desacreditar a ciência, como parte de um fenômeno de desinformação e pós-verdade. A conclusão indica necessidade dos cientistas e profissionais da informação se envolverem no combate ao negacionismo e outras formas de desinformação. El artículo tiene como objetivo discutir el significado del término "negacionismo", como ocurre en las publicaciones del Instituto Questão de Ciência (IQC) y en las producciones de ciencias de la información (IC). Siguiendo la metodología cualitativa de la teoría fundamentada, analiza las publicaciones del Journal Questão de Ciência y el campo del IC, en el que se produce el término "negacionismo". Examina los efectos nocivos del negacionismo en las políticas públicas basadas en la ciencia, como la Agenda 2030 de las Naciones Unidas. Los académicos coinciden en la necesidad de que los científicos y profesionales de la información participen en la lucha contra el negacionismo y otras formas de desinformación. Los resultados colocan el negacionismo en un conjunto de estrategias para desacreditar a la ciencia, como parte de un fenómeno de desinformación y posverdad. The article aims to discuss the meaning of the term “denialism”, as occurs in publications of the Instituto Questão de Ciência (IQC) and in information science (IS) productions. Following the qualitative methodology of grounded theory, it analyzes publications of the Journal Questão de Ciência and articles in the field of IS, in which the term “denialism” is object of consideration. It examines the harmful effects of denialism on science-based public policies, such as the UN 2030 Agenda. The results place denialism in a set of strategies to discredit science, as part of a phenomenon of disinformation and post-truth. The conclusion indicates the need for scientists and information professionals to engage in the fight against denialism and other forms of misinformation.

The article employs the ethnographic and comparative method by contrast, based on direct and participant observation, and field interviews in Brazil, France and the USA. Its purpose is to analyze the production of contradictory narratives in the contemporary world that claim to be legitimate truths for those who believe them. As a result, we show how such narratives are articulated to a generalized breakdown of ‘trust’, a presumed characteristic in the interactions of market societies, by a generalized distrust, more specifically characterized in Portuguese as ‘a cisma’. The main problem is the revival of the inquisitorial ethos in contemporary society and its implications for the forms of truth production. The intersection between schism and the inquisitorial ethos of systematic suspicion about all social interactions in contemporary society seems to be closely related to the effects of social networks on social practices and dynamics, in particular with regard to the cracking produced by these instruments in the construction of consensus, of the conceptions of the ‘common’ idea of truth, of the inclination to debate and criticism, etc. El artículo utiliza el método etnográfico y comparativo por contraste, basándose en la observación directa y participante y en entrevistas sobre el terreno en Brasil, Francia y Estados Unidos. Su objetivo es analizar la producción de narrativas contradictorias en el mundo contemporáneo que pretenden ser verdades legítimas para quienes las creen. Como resultado, demostramos cómo tales narrativas se articulan a una ruptura generalizada de la ‘confianza’, una presunta característica en las interacciones de las sociedades de mercado, por una desconfianza generalizada, más específicamente caracterizada en el idioma portugués como ‘a cisma’. El problema principal es el resurgimiento del ethos inquisitorial en la sociedad contemporánea y sus implicaciones para las formas de producción de la verdad. La intersección entre el cisma y el ethos inquisitorial de sospecha sistemática sobre todas las interacciones sociales en la sociedad contemporánea parece estar estrechamente relacionada con los efectos de las redes sociales en las prácticas y dinámicas sociales, en particular en lo que se refiere a la fisura producida por estos instrumentos en la construcción del consenso, de las concepciones de lo ‘común’ de la idea de verdad, de la inclinación al debate y la crítica, etc. O artigo emprega o método etnográfico e comparativo por contraste, fundado em observação direta, participante e entrevistas no campo no Brasil, na França e nos EUA. O objetivo do mesmo consiste em analisar a produção de narrativas contraditórias no mundo contemporâneo que se arrogam a qualidade de verdades legítimas para aqueles que acreditam nelas. Como resultado demonstramos como tais narrativas se articulam a uma generalizada quebra de ‘confiança’ (trust), característica presumida nas interações das sociedades de mercado, por uma desconfiança generalizada, mais especificamente caracterizada na língua portuguesa como ‘a cisma’. O principal problema é o renascimento do ethos inquisitorial na sociedade contemporânea e suas implicações nas formas de produção da verdade. A intersecção entre a cisma e o ethos inquisitorial de suspeição sistemática sobre todas as interações sociais na sociedade contemporânea parece estar intimamente relacionada com os efeitos das redes sociais nas práticas e dinâmicas sociais, em particular no que diz respeito à rachadura produzida por estes instrumentos na construção de consensos, das concepções do 'comum' da ideia da verdade, da inclinação ao debate e à crítica, etc.

Nesse texto, esboça-se uma interpretação sobre como o Brasil lidou com a pandemia de Covid-19 e um cenário hipotético sobre como será o país pós-pandemia. Argumenta-se que eventos traumáticos em grande escala são oportunidades de aprendizagem social, mas que, no caso brasileiro, houve uma conjunção de fatores culturais, políticos e ideológicos que bloqueou essa oportunidade. A reflexividade – conceito tão alardeado sobre a modernidade – não parece ser a protagonista dessa conjuntura. Entre os fatores mencionados, entrelaçam-se e retroalimentam-se o anti-intelectualismo, o relativismo e o negacionismo, consonantes com o discurso oficial governamental, e potencializados por elementos socioculturais brasileiros como um individualismo exacerbado e a pouca responsabilidade para com o coletivo. Ao final, são listadas algumas lições que deveriam, mas provavelmente não serão aprendidas pelo Brasil.

RESUMO Para tentar entender como foi possível ao Brasil chegar a uma situação que pode se caracterizar como de completo descontrole da pandemia de Covid-19, com milhares de mortes que aumentam a cada dia, proponho diferenciar pelo menos três grandes questões que antecedem à emergência da pandemia, mas que se agravaram no contexto da crise sanitária provocada pelo coronavírus. Elas são: questões epistemológicas vinculadas ao negacionismo científico; questões ético-políticas vinculadas aos direitos humanos; estratégias biopolíticas vinculadas à razão neoliberal. ABSTRACT To try to understand how Brazil could have reached a situation that may be characterized as completely out of control in the covid-19 pandemic, with thousands of deaths increasing every day, I propose to distinguish at least three major issues that preceded the emergence of the pandemic, but were worsened in the context of the health crisis caused by the coronavirus. They are: epistemological issues linked to scientific denialism; ethical-political issues linked to human rights; and biopolitical strategies linked to neoliberal reason.

Aunque vivimos un momento crucial en el que la ciencia del clima nos insta a tomar medidas contundentes para mitigar el cambio climático, existe un contramovimiento que obstaculiza la adopción de políticas climáticas. En Europa, hay partidos de extrema derecha que se han alineado con el contramovimiento climático. Esta investigación pretende examinar el discurso sobre el cambio climático del partido de extrema derecha español Vox, así como la recepción en la prensa de las ideas del partido sobre el tema. Este trabajo analiza la enmienda a la totalidad del Proyecto de Ley de Cambio Climático y Transición Energética (121/00019) presentada por Vox el 17 de junio de 2020 en el Parlamento español. El estudio consiste en un examen de los encuadres contrarios a la acción climática siguiendo la tipología de Almiron et al. (2020). A esta investigación le sigue un análisis crítico del discurso de la cobertura de esta enmienda en la prensa española. Este análisis de prensa permite conocer si los periodistas recibieron la propuesta de Vox de forma crítica y se alinearon con el consenso científico, si informaron de forma neutral, o si apoyaron sus ideas. Los resultados incluyen una reproducción de los manidos argumentos negacionistas del cambio climático difundidos por grupos de interés contrarios a la acción climática en Europa y los Estados Unidos. Este trabajo también identifica una reacción crítica de la prensa española a la enmienda de Vox, a pesar de la existencia de algunos textos que informan de forma neutral sobre la propuesta. While we live in a crucial time when climate science urges us to take strong action to mitigate climate change, there is a countermovement obstructing the adoption of climate policies. In Europe, there are far right parties that have aligned their positions with the climate countermovement. This research seeks to examine the climate change discourse of the Spanish far-right party Vox, as well as the press reception of the party's ideas on the subject. This paper analyses the amendment to the whole Law Project on Climate Change and Energetic Transition (121/00019) presented by Vox on June 17, 2020, at the Spanish Parliament. The study consists of an examination of the climate action contrarian framings following the typology of Almiron et al. (2020). This enquiry is followed by a critical discourse analysis of the coverage of this amendment in the Spanish press. This press analysis provides an insight into whether journalists received Vox's proposal critically and aligned themselves with the scientific consensus, whether they reported it in a neutral way, or whether they supported its ideas. The results include a replication of hackneyed climate change denialist arguments as disseminated by European and North American climate action contrarian stakeholders. This paper also identifies a critical reaction from the Spanish press to this Vox amendment, despite the existence of some texts that report neutrally on the proposal.

El cambio climático ha sido objeto de estudio frecuente desde distintos ámbitos de las ciencias sociales en las últimas décadas, también desde la comunicación. Gracias a ello, se ha generado una cada vez más abundante evidencia de la realidad compleja que se esconde tras la inacción política al respecto. Sin embargo, a la hora de comunicar esta realidad, los medios de comunicación, y una parte de la academia, han tendido a simplificar esta complejidad poniendo el foco en el contramovimiento climático y el negacionismo literal del fenómeno. Este contramovimiento ha sido abundantemente estudiado en los Estados Unidos, lo que ha puesto en evidencia la existencia de un negacionismo del cambio climático antropogénico muy influyente en ese país. Pero la investigación académica ha hecho también evidente que la inacción política al respecto del clima no puede explicarse solo con el concepto de negacionismo; ni en los Estados Unidos, ni mucho menos en Europa. En este artículo problematizamos el uso del concepto negacionismo en su uso indiscriminado actual y sugerimos incorporar un marco conceptual y de análisis más sofisticado, que aporte más matices y se alinee con las evidencias de la investigación académica. Se trata no solo de comunicar de forma crítica la realidad de la inacción política con respecto al clima sino de hacerlo también identificando todo el espectro real de responsabilidades, que no se reducen a negar o no negar el cambio climático Climate change has been the subject of much research in various fields of the social sciences in recent decades, including that of communication. As a result, much evidence has been accumulated on the complex reality behind political inaction in this regard. However, when it comes to communicating this reality, the media, and part of academia, have tended to simplify this complexity by focusing on the climate countermovement and literal denialism of the phenomenon. This countermovement has been extensively studied in the United States, revealing the existence of a highly influential anthropogenic climate change denialism in that country. However, academic research has also shown that political inaction on the climate cannot be explained by denialism alone; not in the United States, and much less in Europe. In this article, we question the current indiscriminate use of the concept of denialism and suggest the incorporation of a more sophisticated conceptual and analytical framework that provides more nuance and aligns with the evidence emerging from academic research. It is a matter not only of critically communicating the reality of political inaction with regard to the climate, but also of identifying the entire spectrum of responsibilities, which are not limited to simply denying or not denying climate change. Este trabajo ha sido financiado por la Agencia Estatal de Investigación (AEI) y el Fondo Europeo de Desarrollo Regional (FEDER) (CSO2016-78421-R), y por el Ministerio de Ciencia, Innovación y Universidades (FPU18/04207).

Desmontando la “plandemia” es un falso documental sobre los negacionistas del coronavirus en España. El presente texto describe el proceso creativo de un cortometraje documental en formato fake que conforma el Trabajo Fin de Grado de carácter profesional. La historia narrada en Desmontando la “plandemia” mezcla realidad y ficción para convencer al espectador de la veracidad de sus discursos a través de noticias reales. Los tres protagonistas, Pablo Fernández, Victoria Martínez y Julia Medina, exponen los principales bulos y teorías de la conspiración que se difundieron durante la pandemia. Finalmente, sus argumentaciones se solaparán con la explicación de dos expertos reales, Astrid Wagner y Alexandre López-Borrull, que hablarán sobre el contexto general que ha provocado la proliferación de este grupo, las técnicas de manipulación que emplean en sus mensajes. Con esta contraposición de verdad y mentira se pretende desmentir el argumentario negacionista para poner fin a la desinformación. También se pretende despertar la mirada crítica del espectador y establecer una referencia para empezar a cuestionar otros argumentos de la conspiración., Dismantling "plandemia" is a mockumentary about coronavirus denialists in Spain. This text describes the creative process of a short documentary film in fake format that is part of the professional Final Degree Project. The story told in Desmontando la "plandemia" mixes reality and fiction to convince the viewer of the veracity of their discourses through real news. The three characters, Pablo Fernández, Victoria Martínez and Julia Medina, expose the main hoaxes and conspiracy theories that were spread during the pandemic. Finally, their arguments will overlap with the explanation of two real experts, Astrid Wagner and Alexandre López-Borrull, who will talk about the general context that has led to the proliferation of this group, the manipulation techniques they use in their messages. The aim of this contrast between truth and lies is to disprove the denialist argument in order to stop the disinformation. It also aims to awaken the viewer's critical eye and establish a reference to begin to question other conspiracy arguments., Grado en Periodismo

El cambio climático ha sido objeto de estudio frecuente desde distintos ámbitos de las ciencias sociales en las últimas décadas, también desde la comunicación. Gracias a ello, se ha generado una cada vez más abundante evidencia de la realidad compleja que se esconde tras la inacción política al respecto. Sin embargo, a la hora de comunicar esta realidad, los medios de comunicación, y una parte de la academia, han tendido a simplificar esta complejidad poniendo el foco en el contramovimiento climático y el negacionismo literal del fenómeno. Este contramovimiento ha sido abundantemente estudiado en los Estados Unidos, lo que ha puesto en evidencia la existencia de un negacionismo del cambio climático antropogénico muy influyente en ese país. Pero la investigación académica ha hecho también evidente que la inacción política al respecto del clima no puede explicarse solo con el concepto de negacionismo; ni en los Estados Unidos, ni mucho menos en Europa. En este artículo problematizamos el uso del concepto negacionismo en su uso indiscriminado actual y sugerimos incorporar un marco conceptual y de análisis más sofisticado, que aporte más matices y se alinee con las evidencias de la investigación académica. Se trata no solo de comunicar de forma crítica la realidad de la inacción política con respecto al clima sino de hacerlo también identificando todo el espectro real de responsabilidades, que no se reducen a negar o no negar el cambio climático. Climate change has been the subject of much research in various fields of the social sciences in recent decades, including that of communication. As a result, much evidence has been accumulated on the complex reality behind political inaction in this regard. However, when it comes to communicating this reality, the media, and part of academia, have tended to simplify this complexity by focusing on the climate countermovement and literal denialism of the phenomenon. This countermovement has been extensively studied in the United States, revealing the existence of a highly influential anthropogenic climate change denialism in that country. However, academic research has also shown that political inaction on the climate cannot be explained by denialism alone; not in the United States, and much less in Europe. In this article, we question the current indiscriminate use of the concept of denialism and suggest the incorporation of a more sophisticated conceptual and analytical framework that provides more nuance and aligns with the evidence emerging from academic research. It is a matter not only of critically communicating the reality of political inaction with regard to the climate, but also of identifying the entire spectrum of responsibilities, which are not limited to simply denying or not denying climate change.

Within the climate countermovement, neoliberal think tanks have played a predominant role in both the United States and Europe. There are links between climate obstructionism and ideologies such as conservatism and the extreme right; androcentrism, patriarchal worldviews and industrial masculinities, and whiteness and xenosceptic ideologies. This research takes as a case study the Dutch think tank CLINTEL, which, despite having been founded in 2019, has managed to get a declaration against the climate emergency to members of the European Parliament, which has been signed by climate action contrarians from all over the world. This paper analyses the contrarian framings present in this declaration based on the typology established by Almiron et al. (2020). In addition, this research makes a gendered discursive analysis of the discussion about this statement in a forum of the European Parliament, where CLINTEL met with members of the far-right Dutch party Forum van Democratie (FvD), part of the European Conservatives and Reformists group. The study on CLINTEL's statement shows that the think tank uses similar frames as other European denialist think tanks. Its climate declaration has a significant gender bias, with an overwhelming over-representation of men among the signatories. This, together with the discursive analysis of its discussion with members of the European Parliament, is a contribution to the emerging line of research on industrial masculinities and climate change obstructionism. This paper provides information on the think tank CLINTEL, helping to fill a knowledge gap on the climate change countermovement in the Netherlands. Dentro del contramovimiento climático, los think tanks neoliberales han desempeñado un papel predominante tanto en Estados Unidos como en Europa. Existen vínculos entre el obstruccionismo climático e ideologías como el conservadurismo y la extrema derecha; el androcentrismo, las cosmovisiones patriarcales y las masculinidades industriales, y las ideologías blanca y xenoescéptica. Esta investigación toma como caso de estudio el think tank neerlandés CLINTEL, que, a pesar de haber sido fundado en 2019, ha conseguido hacer llegar a los miembros del Parlamento Europeo una declaración contra la emergencia climática, que ha sido firmada por contrarios a la acción climática de todo el mundo. Este trabajo analiza los encuadres contrarios presentes en esta declaración a partir de la tipología establecida por Almiron et al. (2020). Además, esta investigación realiza un análisis discursivo de género del debate sobre esta declaración en un foro del Parlamento Europeo, donde CLINTEL se reunió con miembros del partido holandés de extrema derecha Forum van Democratie (FvD), que forma parte del grupo de Conservadores y Reformistas Europeos. El estudio sobre la declaración de CLINTEL muestra que el think tank utiliza marcos similares a los de otros think tanks negacionistas europeos. Su declaración sobre el clima tiene un importante sesgo de género, con una abrumadora sobrerrepresentación de hombres entre los firmantes. Esto, junto con el análisis discursivo de su debate con los miembros del Parlamento Europeo, es una contribución a la línea de investigación emergente sobre las masculinidades industriales y el obstruccionismo del cambio climático. Este artículo proporciona información sobre el think tank CLINTEL, contribuyendo a llenar un vacío de conocimiento sobre el contramovimiento del cambio climático en los Países Bajos

This paper analyzes how President Jair Bolsonaro’s attitudes and policies towards the covid-19 pandemic reverberated in the population as a way of exploring the microlevel congruence between voter and representative positions. We investigate popular support for Brazilian president positions denying the covid-19 pandemic, bringing together supply and demand sides of right-wing populism. Using public opinion data from a survey applied in mid-2020, we focus on how support for the public health system, positions on which government level should lead the responses to the pandemic, perception of risks associated with the virus and adoption of social distancing varied among citizens. Results show low levels of support to denialist positions, except among core Bolsonaro supporters. However, perceptions of social mobility, as an indicator of status threat or gain, were important to explain support of the Bolsonaro government in the period. Resumo: Neste artigo, exploramos como atitudes do presidente Jair Bolsonaro sobre pandemia - que caracterizamos como populistas - reverberaram na população. Trata-se de uma forma de explorar se há convergência, em nível micro, entre posições de representantes e da cidadania. Investigamos o apoio popular às posições negacionistas do presidente do Brasil reunindo aspectos de oferta e de demanda do populismo de direita. São analisados dados de pesquisa de opinião aplicada em meados de 2020 para explorar os seguintes temas: apoio ao sistema de saúde pública, qual nível de governo deve liderar respostas à pandemia, percepção dos riscos associados ao vírus e adoção de distanciamento social, e como preferências são distribuídas pela sociedade. Os resultados mostram baixos níveis de apoio às posições negacionistas, à exceção dos apoiadores fiéis de Bolsonaro. No entanto, as percepções de mobilidade social, como um indicador de ameaça ou ganho de status, foram importantes para explicar o persistente apoio ao governo Bolsonaro no período. Resúmen: En este artículo exploramos cómo las actitudes del presidente Jair Bolsonaro sobre la pandemia - que calificamos de populistas - repercutieron en la población. Es una forma de explorar si existe convergencia, a nivel micro, entre las posiciones de los representantes y la ciudadanía. Investigamos el apoyo popular a las posiciones negacionistas del presidente brasileño reuniendo los lados de la oferta y la demanda del populismo de derecha. Con datos de una encuesta de opinión pública aplicada a mediados de 2020 se analizan los siguientes temas: apoyo al sistema de salud pública, qué nivel de gobierno debe liderar las respuestas a la pandemia, percepción de los riesgos asociados con el virus y adopción de la distancia social. Los resultados muestran bajos niveles de soporte a las posiciones de negación del riesgo del virus expresadas por el presidente, a excepción de los fieles apoyadores de Bolsonaro. Sin embargo, las percepciones de la movilidad social, como indicador de amenaza o aumento de estatus, fueron importantes para explicar el apoyo persistente al gobierno de Bolsonaro en el período.

In the context of denial and veiled information during the Covid-19 pandemic, this article presents an analysis of the audiovisual coverage in the regional television journalism of MG1 and MG2 - Zona da Mata, of TV Integração, on a case in Barbacena, Minas Gerais, involving the Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar), between May and July 2020. The work shows this information war and reflects on the role of journalism in combating fake news and the dissemination of information in the pandemic period, in addition to reinforcing that, through it, it is possible to transfer knowledge about what is happening in the world. In addition, the article showed how journalism becomes an important tool in a period of strong negative practices, whose actions can impact public health. The study adopted the Audiovisual Materiality Analysis methodology (COUTINHO, 2016). En el contexto de negación e información velada durante la pandemia Covid-19, este artículo presenta un análisis de la cobertura audiovisual en el periodismo televisivo regional de MG1 y MG2 - Zona da Mata, de TV Integração sobre un caso en Barbacena, Minas Gerais, involucrando a la Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar), entre mayo y julio de 2020. El trabajo muestra esta guerra informativa y reflexiona sobre el papel del periodismo en el combate de las fake news y la difusión de información en el período pandémico, además de reforzar que, a través de él, es posible transferir conocimientos sobre lo que sucede en el mundo. Además, el artículo mostró cómo el periodismo se convierte en una herramienta importante en un período de fuertes prácticas negativas, cuyas acciones pueden impactar la salud pública. El análisis adoptó la metodología de Análisis de Materialidad Visual (COUTINHO, 2016). No contexto de negacionismo e informações veladas durante a pandemia da Covid-19, o presente artigo traz uma análise da cobertura audiovisual no telejornalismo regional do MG1 e MG2 - Zona da Mata, da TV Integração acerca de um caso em Barbacena, Minas Gerais, envolvendo a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar), entre maio e julho de 2020. O trabalho mostra essa guerra informacional e reflete sobre qual é o papel do jornalismo no combate às fake news e na divulgação de informações no período pandêmico, além de reforçar que, por meio dele, é possível transferir conhecimento acerca do que se passa no mundo. Além disso, o artigo mostrou como o jornalismo se torna uma importante ferramenta em um período de fortes práticas negativistas, cujas ações podem impactar na saúde coletiva. A análise adotou a metodologia de Análise da Materialidade Visual (COUTINHO, 2016).