Orientador: Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas Resumo: O uso racional de medicamentos, conforme Política estabelecida, tem sido amplamente discutido na literatura. O objetivo deste estudo foi caracterizar o uso de medicamentos em subgrupos populacionais específicos, a partir de dados de inquérito de saúde realizado em Campinas, SP (ISACamp 2008). Os resultados são apresentados em capítulos que se referem a três artigos. No primeiro artigo, "Uso de medicamentos prescritos e automedicação em homens" os achados mostraram que de 1.063 homens, 45,3% referiram uso de ao menos um medicamento nos três dias que antecederam a pesquisa e, destes, 32,9% referiram uso exclusivamente prescrito e 11,2% relataram automedicação. Associações positivas com o uso de medicamentos prescritos foram verificadas para idade (40 a 59 anos e ? 60 anos), não realização de atividade ocupacional, índice de massa corporal (25 a 30 kg/m2), procura de serviço de saúde nos últimos 15 dias, consulta odontológica no último ano, morbidade referida e presença de doenças crônicas. O menor uso de medicamentos prescritos foi verificado nos homens que referiram atividade física no lazer. Associações independentes e positivas com o uso de medicamentos sem prescrição foram encontradas também para morbidade referida nos 15 dias anteriores à pesquisa e para dor de cabeça frequente/enxaqueca. Ainda, verificou-se associação independente e inversa para internação hospitalar no último ano. Os fármacos sem prescrição mais consumidos foram: dipirona, paracetamol, AAS e diclofenaco. No segundo trabalho, "Diabetes em idosos: uso de medicamentos e risco de interação medicamentosa", pode- se verificar que a prevalência de diabetes referida pelos idosos foi de 21,7% sem diferença significativa entre os sexos. Verificou-se ainda maior percentual de idosos diabéticos com 70 anos ou mais, com menor escolaridade, renda familiar per capita inferior a 1 salário mínimo e que não realizavam atividade ocupacional. O número médio de medicamentos foi de 3,9 nos 3 dias anteriores. Identificaram-se 413 possíveis interações, sendo que 53,1%, 7,8% e 7,2% dos idosos apresentaram risco de interações medicamentosas moderadas, menores e graves, respectivamente. No estudo "Uso de psicofármacos em adultos residentes em Campinas, São Paulo, Brasil" dentre os 2.472 indivíduos de 20 anos ou mais, observou-se maior percentual de mulheres, de pessoas com idade entre 20 e 59 anos, dos que vivem com cônjuge, nos de cor da pele branca, nos mais escolarizados, com renda per capita ? 3 salários mínimos e que realizavam atividade ocupacional. A prevalência de uso de ao menos um psicofármaco foi de 6,8% (IC95%: 5,5-8,1). Os resultados revelaram associações positivas entre o uso e o sexo feminino, pior percepção da saúde, TMC e problemas emocionais. Menor prevalência foi verificada nos não brancos (RP=0,58; IC95%: 0,39-0,88). Destacaram-se os antidepressivos (52,6%), ansiolíticos (28,1%) e antipsicóticos (17,0%). A pesquisa contribuiu para o conhecimento de temas relevantes relacionadas ao uso de medicamentos. A necessidade de monitoramento da automedicação responsável; de considerar entre os idosos diabéticos, os riscos potenciais de interações medicamentosas; e do frequente uso de psicofármacos na população adulta, particularmente dos antidepressivos. Desta forma, este estudo oferece subsídios para o desenvolvimento do cuidado farmacêutico, apoiando o uso racional de medicamentos. Palavras-chave: Uso de medicamentos. Inquérito de Saúde. Interações Medicamentosas. Automedicação. Psicofármacos. Saúde do Homem. Diabetes Mellitus. Saúde do Idoso Abstract: The rational use of drugs, as established policy, has been widely discussed in the literature. The objective of this study was to characterize the use of drugs in specific subpopulations, from health survey data held in Campinas, SP (ISACamp 2008). The results are presented in sections which refer to three articles. In the first article, "Use of prescription drugs and self-medication in men," the findings showed that of 1,063 men, 45.3% reported using at least one drug in the three days preceding the survey, and of these, 32.9% reported use exclusively prescribed and 11.2% reported self-medication. Positive associations with the use of prescription drugs were found for age (40-59 years and ? 60 years), not carry out occupational activity, body mass index (25-30 kg / m2), health service demand in the last 15 days, dental visit in the last year, reported morbidity and presence of chronic diseases. The lower use of prescription drugs was found in men who reported physical activity during leisure time. Independent and positive associations with the use of non-prescription medicines were also found to morbidity in the 15 days preceding the survey and frequent migraine/headache. Still, it was independent and inverse association for hospital admission in the last year. The drugs most consumed without prescription were dipyrone, paracetamol, aspirin and diclofenac. In the second study, " Diabetes in the elderly: use of drugs and risk of drug interaction ", it can be seen that the prevalence of diabetes in elderly patients was 21.7 % with no significant difference between the sexes. There was even greater percentage of elderly diabetics aged 70 or more, with less education, per capita income below 1 minimum wage and who did not perform an occupation. The average number of drugs was 3.9 in the previous 3 days. They identified 413 potential interactions, and 53.1 %, 7.8% and 7.2 % of the subjects presented moderate minor and serious risk of drug interactions, respectively. In the study " psychotropic use in adults living in Campinas , São Paulo, Brazil " among the 2,472 individuals 20 years or more , there was a higher percentage of women , people aged between 20 and 59 years, living with spouse, in the color white skin, more educated , with per capita income ? 3 times the minimum wage and who performed occupational activity. The use¿s prevalence of at least one psychoactive drug was 6.8 % (CI95%: 5.5 to 8.1). The results revealed positive associations between use and females, worse perceived health, common mental disorder (DSM) and emotional problems. Lower prevalence was observed in non-whites (RP: 0.58; CI95%: 0.39-0.88). Highlights were antidepressants (52.6%), anxiolytics (28.1%) and antipsychotics (17.0%) The research contributed to the understanding of relevant issues related to the use of drugs. The need for monitoring of responsible self-medication ; to consider among elderly diabetics , the potential risks of drug interactions ; and frequent use of psychotropic drugs in the adult population , particularly antidepressants . Thus, this study provides support for the development of pharmaceutical care, supporting the rational use of medicines Doutorado Epidemiologia Doutora em Saúde Coletiva