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Para a constituição do Gabinete de História Natural da reformada Universidade de Coimbra, Domingos Vandelli (1735-1816) contribuiu com duas colecções de história natural, uma que tinha trazido de Itália em 1764, e outra que preparou em Lisboa, entre 1764 e 1772. Por meio da análise dos inventários dessas duas colecções, foi possível fazer, com razoável segurança e pela primeira vez, que tenhamos conhecimento, uma reconstituição do elenco dos animais e das plantas presentes, que revelaram um conjunto excepcional em termos de quantidade e de diversidade, que muito enriqueceu a então criada Faculdade de Filosofia, tanto na vertente do ensino como de investigação no âmbito da história natural.

O viajante francês Jean-Baptiste Douville, ao cruzar terras da Província da Bahia, doa, em 1835, peças de história natural para formar gabinete oficializado pela administração do governo na cidade do Salvador. A partir da noticia publicada em 1910 na revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, problematiza-se a situação para o aceite da doação, rastreando o cruzamento de providências indicativas da criação, continuidade e descontinuidade, as intenções e impactos na cultura do lugar. Conclui-se que, apesar da instabilidade que rondou o “Gabinete Douville”, a criação inicial franqueou a entrada das ciências naturais na Bahia Oitocentista no Liceu Provincial que passou a funcionar em 1837.