1. Publicações científicas e as relações Norte-Sul: racismo editorial?
- Author
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Victora, Cesar G and Moreira, Carmen B
- Subjects
Editorial policies ,Public health ,Epidemiology ,Saúde pública ,Viés de publicação ,Epidemiologia ,Publication bias ,Políticas editoriais - Abstract
O objetivo do estudo foi comentar a possível existência de preconceito editorial entre editores de revistas científicas de países do Norte contra autores do Sul. Destacou-se que em estudo por métodos bibliométricos ficou evidenciada a existência de um importante desequilíbrio entre a produção científica de pesquisadores de países de alta renda ("Norte") e daqueles trabalhando em instituições de países de renda média ou baixa ("Sul"). Há uma percepção generalizada entre autores brasileiros de que, em parte, isso seria devido a preconceito de editores de revistas internacionais contra autores do Sul - 75% de uma amostra de 244 autores que responderam a inquérito acreditam que exista preconceito. Essa impressão é reforçada pela observação de uma minoria dos membros de conselhos editoriais das principais revistas na área de saúde proveniente do Sul. Embora o preconceito possa explicar parte do problema, há também questões especificas e remediáveis que podem aumentar a probabilidade de publicar no exterior. Essas incluem investir na qualidade do texto e da redação, e mostrar empatia com editores e leitores, sinalizando claramente a contribuição que o artigo pode trazer para a literatura internacional. Finalmente, é abordada a questão de onde publicar: em periódicos nacionais ou internacionais. Foram propostos seis tópicos que devem ser levados em conta nessa opção: idioma e público-alvo; tipo de contribuição ao conhecimento; capacidade de generalização; índice de citações; velocidade de publicação; e acesso livre. O aumento rápido de publicações brasileiras em periódicos internacionais mostra que o preconceito editorial, embora existente, pode ser efetivamente vencido por trabalhos com metodologia sólida e apresentação de qualidade. The aim of the present study was to comment on the possible existence of editorial prejudice among the editors of scientific journals from Northern countries against Southern authors. We highlight that a study using bibliometric methods documented an important imbalance in terms of the international scientific production of health researchers from high-income countries (the "North") and those from low and middle-income countries (the "South"). In a survey of Brazilian researchers, three in every four blamed this imbalance, at least in part, on prejudice among international editors. This is supported by the fact that a very small percentage of editorial board members of international journals come from the South. Although prejudice can explain part of the imbalance, there are also specific measures that may increase the likelihood of a paper from the South being accepted in international journals. These include the need to invest in the quality of the written text, and to show empathy with editors and readers, emphasizing the contribution of the manuscript to the international literature. Finally, we discuss whether research carried out in the South should be published in national or international journals, and suggest that there are at least six dimensions to this choice. These include language and target audience; type of contribution to knowledge; generalizability; citation index; speed of publication; and open access. The rapid growth in the number of Brazilian contributions to the international health literature shows that editorial prejudice, although often present, can be effectively offset by research with solid methodology and good-quality presentation.
- Published
- 2006