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O artigo tem como objetivo analisar elementos históricos e teológicos na excomunhão de Lutero, perguntando sobre o sentido da sua continuidade hoje. Mostra que as controvérsias sobre as indulgências eram apenas o pano de fundo no qual Lutero propôs reformas na Igreja do seu tempo, o que não foi acatado e levou Leão X a excomungá-lo. Com o método da pesquisa de análise qualitativa da bibliografia sobre o tema proposto, o estudo aponta caminhos para uma revisão da excomunhão hoje. A conclusão é que os atuais progressos nas pesquisas históricas e teológicas, bem como no diálogo ecumênico, indicam possibilidades de reconhecer elementos da fé católica em Lutero e da fé de Lutero no documento papal que o excomunga, a Exsurge Domine. Muito da Reforma pode ser acolhida como herança comum para católicos e protestantes, possibilitando hoje um melhor entendimento da pessoa de Lutero e de suas Teses, o que cria bases para uma revisão e mesmo de declaração de nulidade da excomunhão para os dias atuais.

A Igreja Católica vive um processo sinodal que visa aprofundar relações de comunhão, participação e missão, assegurando a sinodalidade como constitutiva de sua identidade e organização estrutural. O presente artigo busca verificar as implicações ecumênicas desse processo sinodal, verificando como o ecumenismo é apresentado nos documentos orientadores do sínodo sobre a sinodalidade. A tese aqui apresentada é que sinodalidade e ecumenismo se exigem mutuamente, de modo que não há sinodalidade completa sem a comunhão na fé cristã com as diferentes igrejas. O método utilizado é a análise documental. E dentre as conclusões, a pesquisa verificou que o chamado à uma conversão sinodal da Igreja Católica Romana é um dos principais impulsos do ecumenismo no magistério do Papa Francisco.

Editorial - Cristianismo contemporâneo: desafios interconfessionais e interculturais

No contexto dos esforços por renovação da teologia dos sacramentos é importante desenvolver a sua perspectiva ecumênica. Isso implica em articular a reflexão de modo a interpretar as vivências sacramentais no interior do pluralismo eclesial, com plausibilidade de ser acolhida por igrejas diferentes. A partir daí, é possível apresentar elementos para uma teologia ecumênica dos sacramentos. Tal é o objetivo deste estudo, o que requer uma reconstrução epistemológica, no método e na hermenêutica do conteúdo dos sacramentos da fé cristã. O método utilizado parte das experiências concretas de cada sacramento, analisado de forma comparativa e dialogal entre igrejas diferentes para, num modo indutivo, propor uma compreensão geral e ecumênica dos sacramentos. Para tanto é fundamental o uso da linguagem analógica. Esperamos, de um lado, sermos fiéis às especificidades do que cada igreja crê pelos seus sacramentos; e, de outro lado, mostrar uma fé comum em todas elas, ou mostrar que o específico na vida sacramental de uma igreja não lhe é assim tão específico, ao menos não lhe é exclusivo.

O pontificado do Papa Francisco aponta para um novo modo de a Igreja ser, tanto em sua organização interna, quanto em sua missão. Isso se dá por um projeto de reformas que seja “capaz de transformar tudo”. Para tal, é necessário um verdadeiro caminho de conversão eclesial em três principais âmbitos: pessoal, estrutural e pastoral. Algumas instâncias da igreja são objeto direto de possíveis mudanças: a cúria romana, as conferências episcopais e o ministério petrino. A reforma dessas instâncias eclesiais tem implicações ecumênicas, uma vez que elas podem assumir um papel protagonista na promoção da unidade cristã.

O termo espiritualidade tem um significado eminentemente plural em sua origem etimológica e em seu universo semântico. Essa pluralidade caracteriza sua natureza como algo dinâmico e circunscrito à existência de indivíduos e grupos, expressando a diversidade religiosa do nosso tempo. A compreensão de tal realidade apresenta dificuldades em função da complexidade e multiplicidade de formas e conteúdos historicamente construídos nas diferentes culturas. No mundo multirreligioso, existem tensões e conflitos entre tradições religiosas que não poucas vezes desequilibram o complexo social, mesmo em sociedades que afirmam os valores da democracia, da igualdade, da liberdade. Propomo-nos refletir, aqui, sobre as possibilidades de encontro entre as religiões a partir do encontro de suas espiritualidades. As religiões dificilmente se encontram em suas doutrinas, seus mitos, seus ritos, seu ethos. Mas podem encontrar-se “no espírito” que anima esses elementos. Nossa tese é que somente onde isso for possível pode-se pensar num diálogo inter-religioso fecundo. Faz-se mister, portanto, identificar os elementos de uma espiritualidade do diálogo inter-religioso como fundamento da convivência e cooperação entre as religiões. É a partir de uma sintonia espiritual que os contrastes teóricos e práticos das religiões podem ser trabalhados no sentido de favorecer uma fecundação recíproca pelo mútuo conhecimento e pela acolhida, pelo intercâmbio e pela cooperação.