No Rio Grande do Sul, a área sob semeadura direta já alcança 60 % da área total cultivada para produção de grãos de sequeiro. Todavia, ainda persistem dúvidas com relação não só a eficiência de práticas culturais como a adubação e a calagem, mas também de seus efeitos sobre o crescimento de raízes e a produtividade das culturas. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses e modos de aplicação de calcário sobre o perfil de enraizamento do milho. O experimento foi realizado no ano agrícola 1999/2000, na área experimental do Departamento de Solos da Universidade Federal de Santa Maria, sendo delineado em blocos ao acaso com parcelas subdivididas e quatro repetições. O solo da área estudada foi um Argissolo Vermelho distrófico arênico. Os tratamentos principais foram: sem calcário (SC), 100 % da dose recomendada incorporada (100I), 25 % (25S), 50 % (50S) e 100 % (100S) da dose recomendada (6,8 t ha-1) aplicada em superfície. A incorporação foi feita por meio de aração e duas gradagens em fevereiro de 1996. As principais avaliações no solo foram pH e teores de Al3+, Ca2+ e Mg2+, determinadas em amostras coletadas nas profundidades de 0,0–0,5, 0,5– 0,10, 0,10–0,20, 0,20–0,30 e 0,30–0,45 m, que se constituíram nas subparcelas. Pelo método da prancha com pregos, com dimensões 0,20 x 0,30, 0,30 x 0,45 e 0,45 x 0,70 m, retiraram-se monolitos no perfil do solo paralelos à linha de semeadura aos 20, 54 e 80 dias da emergência (DAE), os quais foram cuidadosamente lavados, e as raízes contadas para compor o perfil de enraizamento do milho em cada tratamento. O aumento das doses de calcário aplicado em superfície (25S, 50S e 100S) proporcionou aumento na profundidade em que foram observadas elevações dos valores de pH e teores de Ca2+ e Mg2+ e redução do Al3+. No tratamento 100I, houve aumento nos valores de pH, Ca2+ e Mg2+ em relação ao tratamento SC e redução dos teores de Al3+ até à camada de 0,20–0,30 m. Mesmo sob condições químicas adversas, em todos os tratamentos, o milho apresentou crescimento de raízes até 0,45 m de profundidade. O tratamento 100I apresentou maior crescimento de raízes até 0,15–0,20 m de profundidade do que os tratamentos com doses menores de calcário em superfície (50S e 25S), onde as raízes se concentraram na camada até 0,075 m. A incorporação do calcário proporcionou maior uniformidade na neutralização da acidez do solo em profundidade, o que se refletiu em maior quantidade de raízes até 0,45 m. In Rio Grande do Sul state, the area cultivated with under no-till system now amounts to 60 % of the total rain-fed cultivated area. However, there are still doubts as to crop practices in this soil conservation system, such as liming and fertilization as well as regarding root growth and crop productivity. The objective of this study was to evaluate the effects of lime doses and application forms on corn root development. The experiment was carried out in 1999/2000, in the experimental area of the Soil Science Department of the Federal University of Santa Maria, state of Rio Grande do Sul, Brazil, in a random block design in split plots, with four replications. The soil under study was a typical Hapludalf with 2 % slope. Main treatments were: no lime (SC), incorporation of 100 % of the recommended dose (100I), and 25 % (25S), 50 % (50S) and 100 % (100S) of the recommended dose (6.8 t ha-1) distributed over the soil surface. Lime was incorporated with conventional tillage in February 1996. Using the “nail board” method, with dimensions of 0,20 x 0,30 m, 0,30 x 0,45 m and 0,45 x 0,70 m, monoliths were taken from the soil profile, parallel to the corn sowing furrow, at 20, 54 and 80 days after corn emergence (DAE). The monoliths were carefully washed and the roots counted to establish a corn rooting profile in each treatment. Increasing lime doses applied on the soil surface (25S, 50S and 100S) increased the depth at which elevations in pH, Ca2+ and Mg2+ concentration and Al3+ reduction were observed. In the treatment 100I there was an increase in pH, Ca2+ and Mg2+ and a decrease in the Al3+ concentration down to 0,20–0,30 m compared to the SC treatment. Even under adverse acid conditions, the root profile showed there was root development down to 0,45 m in all treatments. Treatment 100I showed greater root development down to a depth of 0,15–0,20 m than treatments with lower surface lime doses (50s and 25S), where roots were more concentrated down to 0,075 m. Lime incorporation (100I) led to a more uniform neutralization of acidity at deeper soil layers, which reflected in a improved root system down to 0,45 m.