Dissertação apresentada à Escola Superior de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa para obtenção do Grau de Mestre em Produção Animal. O sector florestal ocupa mais de 50% da área do distrito, verificando-se uma predominância das espécies de crescimento rápido. A olivicultura ocupa uma área aproximada de 35.000 hectares. A produtividade destes olivais é baixa, e a sua reconversão é dificultada pelas características edáficas. A agricultura regional é, na generalidade, direccionada para a produção de pequenos ruminantes, com destaque para a ovinicultura. Embora não se verifique uma especialização bem marcada, a produção de leite (para posterior transformação em queijo) assume uma importância fundamental na rentabilidade das explorações, devido à sua elevada valorização económica. Os sistemas de exploração são caracterizados por um regime extensivo, com baixos encabeçamentos, recorrendo a pastoreio de pastagens naturais, com uma baixa produtividade por unidade de área. A entrada de Portugal na C.E.E., devido a várias razões, obriga a um aumento da produtividade e a uma reestruturação do sector, de forma a que se torne mais competitivo e "agressivo" no seio de um mercado maior e mais exigente. A produção pratense, sendo a base da alimentação dos ovinos e caprinos, é um dos campos básicos a estudar, indispensável ao desenvolvimento do sector. Por este facto, instalou-se um ensaio de técnicas de melhoramento de pastagens de sequeiro, sob coberto de olival, na Qtª N.S. Mércules da E.S.A.C.B. Os tratamentos estabelecidos foram: A - pastagem semeada com mobilização do solo de forma a destruir a flora espontânea; B - pastagem semeada com mobilização mínima e densidade de sementeira reduzida (para complementar as espécies espontâneas existentes); C - pastagem natural fertilizada; D - pastagem natural (testemunha). O objectivo foi determinar qual a técnica de melhoramento das pastagens mais adaptada e qual o seu efeito na quantidade e qualidade do pasto produzido. A possibilidade de realizar este estudo numa situação de coberto de olival, permite analisar uma alternativa de utilização para áreas onde a reconversão seja difícil. O solo onde foi instalado o ensaio, e de origem corneano-xistosa, pobre em matéria orgânica e ácido. O ensaio foi delineado em blocos completos casualizados, com 3 repetições. Encontraram-se diferenças significativas entre tratamentos na composição botânica a que cada um deu origem, nos crescimentos médios diários em determinadas fases do ano, nos teores de proteína bruta, na digestibilidade "in vitro" da MS. A partir do segundo ano observaram-se diferenças significativas entre tratamentos, na produção total de MS, de MS digestível e de PB, por hecta¬re e ano. Tanto do ponto de vista quantitativo como qualitativo, a partir do segundo ano, a pastagem semeada com mobilização "total" (A), apresentou valores superiores aos restantes tratamentos; a produtividade da pastagem semeada com mobilização mínima (B) não diferiu muito do tratamento "A" e do "C"; encontrou-se ainda uma resposta significativa da pastagem natural à fertilização (C). Concluiu-se ser conveniente a continuação deste trabalho, com algumas alterações na metodologia. Verificou-se que os encabeçamentos praticados tradicionalmente na região, são determinados pelos crescimentos diários da pastagem natural durante o período de Inverno. Aponta-se assim, para a necessidade de estudar as possibilidades da suplementação invernal dos animais, que se conclui ser o factor prioritário e determinante do início da intensificação dos sistemas de produção.