O entrevistado deste número é o sociólogo italiano Pietro Basso que concedeu a entrevista na sua casa, em Mogliano Veneto, no dia 19 de junho de 2023, tendo sido revisada pelo mesmo após a transcrição. Pietro Basso tem larga experiência acadêmica e militante. Lecionou sociologia no Instituto Universitário Oriental de Nápoles e na Universidade Ca’Foscari Veneza, Itália. Atualmente está aposentado e contribui como editor da revista “Il Cuneo rosso” e do blog internacionalista “Il pungolo rosso”. Foi por muitos anos diretor, na Ca’Foscari, do Master Sull’Immigrazione, a primeira experiência italiana de formação no âmbito da pós-graduação sobre o fenômeno migratório, que teve entre seus palestrantes estudiosos de alto nível de todo o mundo. É autor e organizador de muitos livros, edições de revistas e ensaios sobre temas da mundialização e do mercado de trabalho, desemprego, organização do trabalho e do tempo de trabalho, “raça” e racismo de Estado, islamofobia, imigração internacional, lutas do proletariado, história do movimento comunista. Algumas de suas obras foram traduzidas em vários idiomas. No Brasil, além de artigos e capítulos de livros, publicou o livro “Tempos modernos, jornadas antigas: vidas de trabalho no início do século XXI”, pela editora da UNICAMP, em 2018. A sua produção acadêmica e ativismo político concentram-se na crítica marxista do capitalismo e nesta entrevista Pietro nos fala sobre a reprodução social do proletariado hoje no contexto do capital, global e nacional, indicando tendências gerais e contrastando com situações específicas regionais. Sobre a reprodução social da massa de trabalhadores imigrantes que compõem o proletariado, Pietro analisa como “o destino das trabalhadoras e dos trabalhadores imigrantes é o destino de todos”, ou seja, como a inferiorização dos imigrantes fomenta divisões na classe trabalhadora e funciona como alavanca para piorar a condição do proletariado como um todo. Ao mesmo tempo, as lutas dos imigrantes contra a discriminação e o racismo incidem também nas lutas dos trabalhadores em geral. Nosso entrevistado aborda ainda as dificuldades de organização dos trabalhadores italianos, recorrendo a elementos históricos, ao contexto social e político atual e indicando os setores e organizações que, de forma limitada, vêm se constituindo como vanguarda das lutas. Por fim, Pietro é desafiado a pensar sobre um novo Manifesto do Partido Comunista, analisando alguns aspectos, como o nível atual de destrutividade do capitalismo plenamente realizado, a atual composição do proletariado cada vez mais multinacional e multirracial, a crescente composição feminina do proletariado internacional e o vigor da concepção de Marx e Engels sobre a auto-organização da classe, necessária para orientar o protagonismo de massa dos trabalhadores diante das condições atuais. A entrevista é acompanhada pela tradução do texto original em italiano Quarenta anos de ataques capitalistas: como mudaram a condição e o modo de pensar dos trabalhadores, publicado originalmente na revista Il cuneo rosso.