Mestrado em Engenharia do Ambiente As questões ambientais têm assumido um papel cada vez mais relevante na qualidade de vida da população e na componente económica de uma organização/região/país. Com efeito, tem-se verificado uma crescente consciencialização para a necessidade de garantir que todas as actividades se desenvolvem em respeito pelo ambiente, para que assim se alcance o tão desejável desenvolvimento sustentável. Contudo, continua a verificar-se que na maioria das obras de construção civil não há qualquer controlo/minimização dos impactes ambientais gerados e, mesmo nestas situações, as obras são licenciadas e construídas. Neste sentido, a cadeia produtiva da construção civil, provavelmente uma das maiores da economia, causadora de grandes impactes ambientais, consumo desmesurado de recursos naturais e produção de volumes cada vez maiores de resíduos gerados nas suas actividades, beneficiaria da implementação urgente de sistemas de gestão ambiental (SGA). Tem-se assistido mundialmente a uma crescente adesão à certificação ambiental. Em Portugal, estudos sobre esta matéria confirmam esta tendência, não obstante, para o caso concreto do sector da construção civil, não se conhecem trabalhos de investigação que fomentem as motivações, vantagens e dificuldades do sector na implementação e certificação de sistemas de gestão ambiental. O interesse em documentar o processo de adopção destes sistemas de gestão, no contexto das organizações portuguesas do sector da construção civil e obras públicas, justifica a elaboração do presente estudo. Perspectiva-se que o desenvolvimento de qualquer estratégia para potenciar a certificação ambiental no sector da construção, como ferramenta também importante no desenvolvimento da construção sustentável no nosso país, decorrerá, inevitavelmente, da caracterização inicial das organizações que a possuem. Concretamente o presente trabalho de investigação objectivou a identificação das motivações, vantagens e dificuldades da implementação/certificação de sistemas de gestão ambiental pelas empresas do sector da construção. Foi elaborado um inquérito enviado a todas as empresas construtoras certificadas pela ISO 14001 e decorrente dos 32 inquéritos válidos (43% de taxa de resposta), tornou-se ainda possível efectuar um conjunto de recomendações destinadas a orientar e facilitar o processo de adopção de sistemas de gestão ambiental neste sector. Conclui-se que a obtenção da certificação ambiental é potenciada pela experiência anterior que as organizações possam ter na implementação de outros sistemas de gestão e que o processo de implementação do SGA está intimamente relacionado com a disponibilidade de recursos das empresas. No entanto, e apesar da possibilidade de obtenção das vantagens esperadas, entre as quais se incluem, a melhoria de desempenho ambiental, a satisfação de clientes e outras partes interessadas, o cumprimento dos requisitos legais, a melhoria de imagem e o acesso a novos mercados, convém destacar que o processo poderá ser dificultado pela resistência interna à mudança das práticas existentes, pela relevância dos custos associados ao processo de implementação de SGA e pelas dificuldades inerentes ao próprio cumprimento da legislação ambiental. Para as empresas inquiridas a melhoria do seu desempenho ambiental dependerá, com certeza, da optimização dos sistemas de gestão ambiental implementados que, obrigatoriamente, terão de ser estendidos às empresas subcontratadas e à totalidade de obras em curso. Não obstante e indirectamente intrínseco às conclusões do presente estudo, identifica-se a grande problemática inerente às pequenas empresas do sector da construção. Na realidade, são estas as empresas que constituem a maioria do tecido sectorial da construção e para as quais não à há evidencias de preocupação ambiental nas obras executadas. Mais do que conseguir convergir as boas práticas ambientais com o fenómeno de outsourcing e dispersão dos estaleiros de obra das grandes empresas, a estratégia terá de ser governamental e atingir o pequeno empresário da construção: aquele que desconhece, que não tem recursos, que não tem visão, o que polui, o que procura desmesuradamente, consciente ou inconsciente, um desenvolvimento ainda que não sustentável. ABSTRACT: Environmental issues have assumed an increasingly important role in the quality of life and economic component of an organization / region / country. Indeed, it has been observed a growing awareness of the need to ensure that all activities are progressing in regard to the environment, to achieve the so desirable sustainable development. However, it continues to notice that most of the civil constructions have no control / mitigation of environmental impacts generated and, even in these situations the works are licensed and built. In this sense, with a supply chain of construction, probably one of the largest economies, causing large environmental impacts, disproportionate consumption of natural resources and production of increased volumes of waste generated in its activities, urges the interest and urgency of implementing and certification of environmental management systems in enterprises in the civil construction. There has been a growing worldwide membership of environmental certification. In Portugal, studies on this subject confirm this trend, however, in the case of the civil construction, there are no known researches that foster the motivations, advantages and difficulties of this sector in the implementation and certification of environmental management systems. The interest in documenting the process of adopting such management in the context of the Portuguese organizations of civil construction and public works, justifies the preparation of this study. It is expected that the development of any strategy to enhance the environmental certification in the construction sector, also as a tool in the development of sustainable construction in our country, place, inevitably, in the initial characterization of the organizations that have it. Specifically this research work objectifies the id of the motivation, advantages and difficulties of implementations/certifications for environmental management systems by enterprises in the sector of construction. It was elaborated an inquiry sent to all construction companies certified by ISO 14001 and caused the 32 valid surveys (43% response rate), it became even possible to perform a set for the recommended to guide and facilitate the process of adoption of environmental management systems in this sector. It is concluded that the achievement of environmental certification is enhanced by previous experience that organizations can have on the implementation of other management systems and that the process of EMS implementation is closely related to the availability of company’s resources. However, despite the possibility of obtaining the expected benefits, among which are included the improvement of environmental performance, customer satisfaction and other stakeholders, compliance with legal requirements, improved image and access to new markets, should be noted that the process may be hampered by internal resistance to change existing practices, the relevance of the costs associated with the process of EMS implementation and the difficulties inherent in environmental laws compliance. For the surveyed companies, the improving of their environmental performance will depend, of course, in the optimization of environmental management systems in place which, necessarily, must be extended to subcontractors and all works in progress. Despite this and indirectly intrinsic to the conclusions of this study, it is identified the major inherent problematic to small business of civil construction. In reality, these are the companies that make up the majority of the construction sector for which there is no evidence of the environmental concern in the works performed. More than getting good environmental practices converge with the phenomenon of outsourcing and dispersion of construction sites of large companies, the strategy must be government and to reach the small business of construction: the one who doesn’t know, who has no resources, has no vision, the one that pollutes, that looks disproportionately, conscious or unconscious, a development even not a sustainable one.