O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é considerado a terceira causa morte em adultos em todo o mundo e a primeira no Brasil, dentro do grupo de doenças vasculares cerebrais. Estima-se que, 75% dos casos devam apresentar algum tipo de dependência física e sejam removidos de suas atividades de trabalho, causando grande impacto social e familiar para esses indivíduos. Após a injúria neurológica, mudanças ocorrem no próprio encéfalo na tentativa de recuperação do dano, o que chamamos de recuperação biológica espontânea, admitindo-se ocorrer nos primeiros meses, com maior intensidade no primeiro mês. Nesse período, é de suma importância que o indivíduo seja exposto a experiências motoras e sensitivas, ou seja, um programa de fisioterapia constante, para que possa potencializar sua recuperação funcional. Este trabalho tem por objetivo avaliar o impacto do programa de fisioterapia oferecido nos primeiros 30 dias aos pacientes que sofreram AVE e são atendidos em uma unidade pública de saúde. 56 voluntários participaram desta pesquisa, sendo destes, 30 indivíduos que não sofreram AVE ou qualquer outro agravante incapacitante (Grupo Saudáveis - GS) e 26 indivíduos com 48 horas após sofrerem AVE, selecionados dentro da enfermaria de neurologia e pronto socorro do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, mediante indicação médica. Os voluntários do grupo AVE foram subdivididos em dois grupos: GC - Grupo controle, com 14 voluntários que receberam o tratamento fisioterápico oferecido pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro - no pós alta, cada indivíduo tomou sua decisão em relação ao tratamento subsequente, sem qualquer intervenção por parte dos pesquisadores; GI - Grupo intervenção, com 12 voluntários que foram submetidos ao programa completo de intervenção fisioterápica baseada no mesmo Procedimento Operacional Padrão (POP) preconizado para ser seguido pelos profissionais do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – durante a internação e no pós alta esses indivíduos foram submetidos à sessões de reabilitação três vezes por semana. O GS foi avaliado em um único momento, pelas escalas de Fugl-Meyer e Wolf, para servir de parâmetro na avaliação da recuperação funcional dos grupos GC e GI. Os voluntários dos grupos GC e GI foram avaliados em três momentos: 48 horas após o AVE, pelas escalas do National Institute of Health Stroke Scale (NIHSS - USA), Fugl-Meyer e Wolf; e após 15 dias e 30 dias, pela aplicação das escalas Fugl-Meyer e Wolf. Todas as avaliações e a intervenção do GI foram realizadas pelo mesmo profissional, para minimizar qualquer viés. Na primeira avaliação com 48 horas, os grupos GC e GI apresentaram médias aproximadas, demonstrando semelhança entre os grupos. Na avaliação pela escala Fugl-Meyer, os sujeitos do grupo GS apresentaram escore total de 138,53 ± 2,14 (média ± desvio padrão). Após 30 dias, os sujeitos dos grupos AVE apresentaram os seguintes valores para a escala Fugl-Meyer: GC - 105,13 ± 21,12; e GI: 129,46 ± 9,51. Observa-se um nítida melhora na recuperação funcional do GI em relação ao GC, aproximando-se dos escores do grupo GS. A avaliação pela escala Wolf mostrou resultados similares. Na avaliação inicial (48h) os GC e GI apresentaram resultados similares com maior dificuldade de flexão e abdução de ombro na realização das tarefas (apenas 7 voluntários de cada grupo conseguiram executar tarefas que exigiam estes graus de liberdade). No entanto, na avaliação após 15 dias, não se observou mudanças no GC, ao passo que no GI percebeu-se uma melhora significativa, com 11 dentre os 12 indivíduos realizando as tarefas solicitadas. Na terceira avaliação (30 dias), os sujeitos do GI melhoraram ainda mais seus tempos para realização das tarefas, enquanto os sujeitos do GC mantiveram-se com dificuldades para flexão e abdução de ombro. Tais resultados nos permitem concluir que, partindo de um basal semelhante, após 30 dias de intervenção o GI demonstrou melhor recuperação funcional bem superior ao GC, se aproximando dos valores do GS. Tal fato aponta que o POP preconizado pela unidade de saúde estudada, aliado à um protocolo de reabilitação funcional após alta pode ser efetivo para recuperação funcional de sujeitos acometidos por AVE. No entanto, os resultados percebidos pelo grupo GC, demonstram que existem deficiências importantes na assistência em saúde efetivamente oferecida aos pacientes vítimas de AVE por parte da unidade pública de saúde onde este trabalho foi realizado. Stroke is considered the third leading cause of death in adults worldwide and the first in Brazil, when considering cerebrovascular diseases. It is estimated that 75% of the cases must present some type of physical dependence and be removed from their work activities. After a neurological injury, changes occur in the brain in an attempt to recover from the damage - spontaneous biological recovery. Such changes are thought to occur in the first months and with greater intensity in the first month after the injury. In this period, it is extremely important that the individual is exposed to motor and sensory experiences, that is, a program of rigorous physiotherapy, so that it can potentiate functional recovery. This study aims to evaluate the impact of the physiotherapy program offered by a public health unit in the first 30 days after stroke. A total of 58 volunteers were selected, 30 of whom were not affected by stroke or any other incapacitating aggravating factor (Healthy Group - HG) and 28 individuals recruited within 48 hours after suffering stroke - selected within the neurology and emergency department of the Hospital de Clínicas da Universidade Federal of the Minas Gerais Triangle, and according to proper medical indication. The volunteers of the Stroke group were subdivided into two groups: CG - Control group, with 15 volunteers who received the physiotherapeutic treatment offered by the Clinical Hospital of the Federal University of the Triângulo Mineiro - in the post discharge period, each individual made his/her own decision regarding the subsequent treatment, without any intervention on the part of the researchers; IG - Intervention group, with 13 volunteers who underwent a complete program of physical therapy intervention based on the same Standard Operating Procedure (SOP) recommended to be followed by the professionals of the Clinical Hospital of the Federal University of Triângulo Mineiro - in the post-discharge period these individuals were submitted to rehabilitation sessions three times a week. The HG was evaluated in a single moment by the Fugl-Meyer and Wolf scales to serve as a parameter in the evaluation of the functional recovery of the CG and IG. The volunteers of the GC and GI were evaluated: 48 hours after the stroke, using the National Institute of Health Stroke Scale (NIHSS - USA), and Fugl-Meyer and Wolf scales; and after 15 days and 30 days, using the Fugl-Meyer and Wolf scales. All evaluations and the interventions on the IG were carried out by the same professional to minimize any bias. In the first evaluation (48 hours), GC and GI presented similar means. Subjects in the GS showed the following total mean Fugl-Meyer scores: 138.53 ± 2.14 (mean ± standard deviation). After 30 days, the subjects of the stroke groups presented a total score for the Fugl-Meyer scale equal to: 105.13 ± 21.12 (CG) and 129.46 ± 9.51 (IG). There is a clear improvement in the functional recovery of the GI in relation to the CG, approaching the scores of the GS. The Wolf scale assessment showed similar results. In the initial evaluation (48 hours) the CG and IG presented similar results, with greater difficulty to flex and abduct the shoulder for the accomplishment of various tasks (only 7 volunteers from each group were able to perform tasks that required these degrees of freedom). However, in the evaluation after 15 days, while no changes were observed in the CG, it was noticed a significant improvement in IG, with 11 (out of 12) individuals performing the requested tasks. In the third evaluation (30 days), the GI subjects improved their time to perform the tasks even more, while the subjects of the CG remained with difficulties for flexion and abduction of the shoulder. These results allow us to conclude that, starting from a similar baseline, after 30 days of intervention the GI showed a better functional recovery than the CG, approaching GS values. This fact indicates that the SOP recommended by the studied health unit, together with a functional rehabilitation protocol after discharge, can be effective for the functional recovery of stroke patients. However, the results perceived by the CG group demonstrate that there are significant deficiencies in the health care effectively offered to the victims of stroke by the public health unit where this work was performed Dissertação (Mestrado)