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RESUMO: Este estudo compara os contextos físicos, sociais e a prática pedagógica da Educação Infantil com a do Ensino Fundamental e levanta suas respectivas implicações para a inclusão das crianças. Participaram desta pesquisa dois estudantes com deficiência matriculados no último ano da Educação Infantil, comparados com outros dois estudantes com deficiência do Ensino Fundamental. Configura-se uma pesquisa descritiva de cunho quantitativo. O método baseou-se na etologia. Os resultados indicam que, na Educação Infantil, houve altos índices de interação social, variabilidade na utilização de espaços, maior tempo em atividades corporais e o direcionamento da prática pedagógica voltada à interação. Já no Ensino Fundamental, os alunos apresentaram relativo grau de autonomia, mas ainda muito condicionado ao conteúdo.

Resumo: Discute-se o atual currículo-base da educação infantil boliviana denominado Programa de Estudio Educación Inicial en Familia Comunitaria Escolarizada, sua organização geral e, em especial, como a matemática é nele desenvolvida. As discussões foram amparadas nos estudos realizados por autoras/es cujos estudos versam sobre as temáticas descoloniais e a matemática na educação infantil. O currículo é descrito pela legislação como um instrumento descolonizador e libertador, por articular a cultura local com a participação da sociedade, na tomada de decisões nas políticas educacionais. A educação matemática articulada no currículo destaca, por meio das temáticas orientadoras, aspectos da intraculturalidade e da interculturalidade, criando possibilidades para que os saberes da família e da comunidade sejam reconhecidos. Isso permite o diálogo entre culturas, garantindo a visibilidade e o intercâmbio de outras lógicas epistêmicas, contribuindo para a construção de um pensamento descolonial.

RESUMO: No início do século XX, intensificaram-se as pesquisas relacionadas ao desenvolvimento infantil. Helena Antipoff (1892-1974) foi uma pesquisadora e professora que dedicou seus estudos a esse tema, principalmente no que se refere ao desenvolvimento das crianças nomeadas na época como “anormais”. Um dos instrumentos elaborados por ela foi a Ficha de Observação do Desenvolvimento Mental da Criança, em 1939. A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sugere uma avaliação da condição do sujeito baseada nos aspectos biológicos, psíquicos e sociais, em contraposição a uma avaliação baseada somente no critério da doença ou da incapacidade. Assim sendo, o objetivo deste estudo foi resgatar a Ficha de Observação proposta por Helena Antipoff e compará-la à CIF, utilizando os guias recomendados por Alarcos Cieza e colaboradores. Os resultados apontam que a maioria dos itens da ficha puderam ser codificados e relacionados à CIF, pois os itens da ficha de Antipoff buscam também avaliar, de forma associada, funções do corpo, atividade e participação, podendo ser utilizados como instrumento de avaliação prévia da criança, devendo, ainda, serem atualizados com uma nomenclatura mais atual, baseada na nomenclatura empregada na CIF.

RESUMO O objetivo deste artigo é apresentar resultados de uma pesquisa que trata da importância do conhecimento sobre a periodização do desenvolvimento humano por parte do professor para uma prática pedagógica que promova o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos de 0 a 3 anos. Inicialmente, apresentamos uma discussão sobre a periodização do desenvolvimento na perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural e na sequência abordamos a prática pedagógica na Educação Infantil. Por fim, expomos os resultados de entrevistas realizadas com cinco profissionais. Os resultados obtidos denotam uma visão maturacionista do desenvolvimento e uma prática docente baseada no empirismo e nos conhecimentos cotidianos, com carência de fundamentação teórica por parte das entrevistadas, o que aponta para a necessidade de maior capacitação na área. Os fundamentos teóricos da Psicologia Histórico-Cultural apresentam potencial para instrumentalizar professores da Educação Infantil, a fim de que desempenhem suas atividades objetivando promover o desenvolvimento cognitivo e afetivo dos alunos.

Este artigo visa discutir os desafios encontrados para a implementação da BNCC em uma unidade de educação infantil localizada em uma instituição pública de ensino superior. A pesquisa qualitativa foi realizada através da análise do PPP da instituição e de entrevistas semiestruturadas realizadas com professoras da UEI. Os resultados demonstram o movimento que a UEI realizou para a (re)construção do PPP, observando as limitações e potencialidades da BNCC. Conclui-se que a adequação do PPP buscou valorizar o protagonismo infantil a partir de uma interpretação da BNCC, que não restringe as especificidades da Educação Infantil.

Este estudo objetiva analisar como se deu o desenvolvimento profissional de professores no contexto pandêmico junto à atuação do coordenador pedagógico, considerando como lócus de investigação as instituições públicas de educação infantil no município de São Luís, Maranhão. As discussões fazem parte de uma pesquisa empírica, mediante levantamento bibliográfico e documental e aplicação de entrevistas semiestruturadas realizadas com duas coordenadoras pedagógicas atuantes nessa etapa de ensino. Para tanto, nos ancoramos em autores como: Domingues (2009, 2013); Garrido (2015), Santana (2020) etc. Dos resultados obtidos, verificou-se que o ensino remoto no período da pandemia causou grandes impactos na organização do trabalho pedagógico, principalmente em função do uso das tecnologias digitais. Mas, apesar de alguns pontos negativos, também suscitou a ampliação de conhecimentos em torno das ferramentas tecnológicas, assim como a união e a cooperação entre professores e coordenadores pedagógicos, que se tornaram importantes no desenvolvimento profissional desses docentes.

No contexto de combate à misinformação e à desinformação, e considerando os primeiros contatos de crianças pequenas com a informação por práticas de mediadores escolares no Colégio de Aplicação Criarte, da Universidade Federal do Espírito Santo, busca-se refletir sobre questões ligadas às possibilidades didáticas de utilização de documentos como fontes informacionais na Educação Infantil. Os resultados apontam que na mediação humana a documentação pode ser utilizada como contraponto à misinformação e à desinformação, sem deixar de levar em conta a contribuição do desenvolvimento da competência material na formação humana desde a primeira infância. Evidencia o atual contexto de guerra cultural que faz emergir a temática e a ausência de produções referentes ao tema no campo. Realiza uma reflexão de caráter preliminar relativa ao desenvolvimento da competência material construída a partir das potencialidades educacionais dos arquivos em sua dimensão material. Por fim, descreve uma prática de mediação humana na Educação Infantil que se efetiva apoiando-se no uso de fontes de informação.

O objetivo da reflexão foi conhecer as principais ideias de Paulo Freire e as recentes produções científicas inspiradas em sua pedagogia. Trata-se de pesquisa de natureza quanti-qualitativa, de caráter exploratório, por meio de estudo bibliográfico com levantamento de publicações de artigos científicos no Portal de Periódicos da Capes, com recorte temporal de 2013 a 2022. Paulo Freire não abordou especificamente a educação infantil na sua obra, entretanto, é possível afirmar que há nela uma conotação político-pedagógica apresentada de forma crítica muito interessante para pensar a educação da infância. Paulo Freire defende uma educação plural, democrática, libertadora e humanizadora, com a valorização do ser criança, de sua participação e do diálogo nos processos educativos.

O presente artigo é fruto de duas pesquisas, realizadas entre 2021 e 2022, acerca dos educativos e mediações culturais destinados ou que incluam as crianças da Educação Infantil na cidade de Vitória-ES/BRASIL. Por meio de um estudo de caso com uma turma da Educação Infantil, investiga as ações educativas e mediações culturais com/para crianças pequenas a partir das narrativas dos sujeitos (crianças e mediadoras/es) em espaços não formais. Por meio de visitas e mediações a duas exposições em cartaz no ano de 2022, faz um cotejamento entre os processos educativos e mediativos ao refletir sobre as narrativas dos sujeitos que habitam esses espaços e analisa se as ações educativas consideram os eixos da cultura infantil, que são a interatividade, a fantasia do real, a reiteração e a ludicidade. Fundamenta-se teoricamente em Gabre (2021), Martins (2011), Martins e Picosque (2012), Sarmento (2004) e Carvalho (2007). Finaliza, propugnando a relevância da inclusão das crianças pequenas nos equipamentos culturais ao considerá-las como um público em potencial para habitar, fruir e ressignificar seus espaços e obras.

O artigo tem como objetivo conhecer as percepção das professoras sobre o impacto das brincadeiras nas construções de gênero entre as crianças na educação infantil. Os principais referenciais teóricos são: Louro (2014), Felipe (2000, 2003), Auad (2019) e Finco (2003, 2010, 2013). É uma pesquisa com abordagem qualitativa e foram realizadas entrevistas narrativas com seis professoras no período de maio a agosto de 2022 que atuam na educação infantil do município de Lages na rede pública. Os dados foram analisados de acordo com o método de análise de conteúdo qualitativo de Mayring (2002). Os resultados desta pesquisa apontam que há a necessidade de formação sobre gênero e equidade, fazendo-se necessário um aprofundamento sobre a importância do brincar para a construção da equidade de gênero. Em síntese, a preocupação com a manutenção dos papéis tradicionais de gênero apontam que a perspectiva predominante, nesta pesquisa, foi da consolidação das desigualdades de gênero entre homens e mulheres.

Neste ensaio, objetivamos discutir a formação do professor como cenário para iniciar e fortalecer as mudanças necessárias na educação de bebês, garantidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em 1996, baseados nas pesquisas realizadas pelo grupo no decorrer dos últimos 20 anos. Acreditamos que para que tenhamos uma prática qualificada, é preciso trabalhar de forma conjunta a formação inicial e a continuada, considerando o panorama de atuação e as demandas particulares desse contexto. Recorremos às análises de pesquisas na área que forneceram dados sobre como esse contexto influencia e é influenciado pela formação. Defendemos que para mudarmos a atual conjuntura educacional junto a bebês, é preciso investimento na aprendizagem do professor, propondo alterações nos currículos de formação para que contemplem conteúdos relacionados ao desenvolvimento infantil, sobre as atividades executadas no contexto educacional e no poder do professor em planejar e organizar intencionalmente experiências significativas para a criança.

O presente texto tematiza o gesto de documentar na Educação Infantil. A pesquisa, desenvolvida em uma perspectiva qualitativa, foi realizada no âmbito do Mestrado em Educação em Santa Catarina. Teve como sujeitos uma diretora e quatro professoras que atuam na Educação Infantil na mesma região e que participaram de uma experiência formativa realizada a partir de um curso de extensão tecido pela análise do gesto de documentar na creche. A observação participante, registros escritos, fotográficos, audiovisuais e, sobretudo, o estar junto com as professoras foram os instrumentos de pesquisa. Como resultados, identifica-se nas documentações pedagógicas construídas pelas professoras a concepção de criança como sujeito de direitos, criadora, potente, ativa no processo de construção histórica. Essa concepção possibilitou pensar outra forma de docência na creche, que compreende as crianças e suas infâncias não sob um ângulo de análise autocêntrico, mas partir da lógica infantil, que tem no brincar sua forma privilegiada de ser, estar e conhecer o mundo. No percurso formativo com as professoras observou-se que o compartilhamento das documentações construídas se constituiu uma experiência (trans)formadora, potencializando outras formas e racionalidades para pensar um percurso formativo com professores.

O presente artigo de cunho qualitativo, bibliográfico visa analisar os desafios e contribuições da formação docente para a atuação na modalidade da Educação Especial. O trabalho apresentará um resumo sobre a história da Educação Especial brasileira, a fim de destacar os principais acontecimentos e analisar as leis vigentes sobre a temática, especialmente a partir da década de 1990 até os dias atuais, buscando compreender como a atual legislação sobre a Educação Especial tem contribuído para favorecer a inclusão dos alunos com necessidades especiais. É importante salientar que a Educação Especial, para chegar à forma como observamos hoje no Brasil, passou por transformações significativas, tendo como foco a garantia ao acesso e a permanência, assim como o sucesso escolar de pessoas com deficiência. Este artigo visa contribuir para a formação de estudantes e professores de toda rede de ensino, especialmente aqueles que desejam atuar na Educação Especial, pois poderão encontrar informações relevantes sobre o tema. Nesse viés, ao falar de educação especial é fundamental que o profissional envolvido na formação do discente monitore as mudanças na legislação brasileira, uma vez que a sociedade se encontra em um movimento empírico constante totalizando em novas políticas e práticas educacionais capazes de melhor atender às necessidades de todos os estudantes.

Neste artigo apresentamos resultados de uma pesquisa de orientação etnográfica que tematiza as práticas de ouvintização com crianças surdas na Educação Infantil em contexto inclusivo. A discussão objetiva compreender os processos de constituição da norma ouvinte nas experiências de inclusão da criança surda pequena em uma instituição de Educação Infantil, em Curitiba. A pesquisa busca propor a reflexão sobre uma nova categoria conceitual analítica – a ouvintização – significada como referência à naturalização da norma ouvinte em processos e estratégias sociais que privilegiam a pessoa ouvinte e sua cultura oral-auditiva como norma, a partir do diálogo com conceitos da Sociologia da Infância e dos Estudos Surdos em Educação. A etnografia, registrada em diário de campo, contemplou imagens fotográficas do contexto de um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), notas de conversas informais com as professoras e diálogos com as crianças. Nos resultados encontrados, ficou evidente que o privilégio ouvinte está presente em práticas de supervalorização e naturalização dos símbolos e vivências educativas que dão centralidade à cultura oral-auditiva, invisibilizando a criança surda e suas experiências de comunicação visual. A norma e o privilégio ouvinte evidenciam-se nas experiências educativo-pedagógicas, nas inúmeras vantagens materiais e simbólicas que reiteram o lugar de destaque e de positividade das referências do ouvir e falar nas práticas de educar-e-cuidar na Educação Infantil.

Neste artigo, objetiva-se discutir sobre possíveis efeitos da política brasileira de inclusão na educação linguística de uma criança surda. Para tanto, com base na perspectiva teórica de autores do campo dos Estudos Surdos e das Políticas Linguísticas, desenvolveu-se um estudo de caso a partir da observação de interações de uma criança surda matriculada em uma escola pública de Educação Infantil localizada na região sudeste do Brasil. Com base na análise das observações em sala de aula registradas em vídeo e em anotações em diário de campo, foi possível evidenciar esforços e percalços para a implementação de uma educação bilíngue em que os papéis desempenhados pela língua brasileira de sinais (Libras) e pela língua portuguesa (falada pela maioria dos participantes na sala de aula) ainda não estão bem definidos. Além disso, identifica-se que a criança surda observada possui um acesso restrito às duas línguas envolvidas em sua formação humana. Conclui-se que, em busca de viabilizar a inclusão, a educação bilíngue de surdos no Brasil carece de direcionamentos mais precisos e de capacitação linguístico-pedagógica dos recursos humanos, incluindo familiares, para a promoção de um ambiente linguístico profícuo ao desenvolvimento integral de crianças surdas.

O presente trabalho é fruto de pesquisa desenvolvida em nível de mestrado, em que se objetivou analisar se os postulados de uma educação antirracista estavam de fato incorporados às práticas de uma instituição de educação infantil, do município de Messias-Alagoas, ou se o que se encontrava ali reproduzido são práticas pouco inovadoras, com a manutenção de paradigmas ainda não alinhados ao fomento do respeito à diversidade, mais especificamente às relações étnico-raciais. Como metodologia, adotou-se a abordagem de natureza qualitativa (GODOY, 1995), mais especificamente configurada em um estudo de caso, já que, por meio da pesquisa de campo, pode-se coletar os dados e analisá-los com maior densidade. Para a análise dos dados encontrados, lançou-se mão da Análise de Conteúdo de Bardin (2016). Os aportes teóricos centrais deste trabalho foram: Canavieira e Palmen (2015), Trinidad (2012), Cavalleiro (2003), entre outros. Como principais resultados, pode-se inferir que as práticas antirracistas ainda não são uma realidade concreta, existindo um abismo inegável entre o que se encontra preconizado em lei e o chão da sala de aula.

O objetivo deste artigo é mapear produções científicas, nacionais e internacionais, sobre a Biblioteca Escolar nas instituições de Educação Infantil produzidas entre os anos de 1996 e 2021. Neste artigo, se realizou uma Revisão Sistemática de Literatura nas seguintes bases de dados: Catálogo de teses e dissertação da CAPES; BRAPCI; Portal de periódicos da CAPES; Web of Science; EBSCO; e SCOPUS. Foram selecionados para compor o corpus textual desta revisão artigos, dissertações e teses que resultaram em 27 publicações. A Literatura indica o valor intrínseco da Biblioteca Escolar para a criança desde a mais tenra idade. Os trabalhos encontrados apontaram para as potencialidades da Biblioteca Escolar no desenvolvimento de práticas que favorecem as habilidades de leitura e escrita na Educação Infantil, considerando os conceitos de alfabetização e letramento na primeira infância. Outro destaque encontrado na literatura refere-se à importância da família para o sucesso das atividades feitas pela biblioteca, sua participação deve ser ativa e consciente em prol do desenvolvimento da criança.

Hoje, de modo geral, é possível afirmar que as crianças passam a maior parte do tempo emparedadas, na escola ou em casa. A chegada da pandemia oportunizou maior exposição às tecnologias e, por outro lado, escassas interações com os recursos naturais. Nesse contexto, este estudo procura identificar e analisar as intenções e estratégias de ensino que apoiam e/ou promovem a pedagogia ecológica no âmbito da Educação Infantil, com base nas percepções de professores atuantes em uma escola particular na cidade de Novo Hamburgo. A metodologia está alinhada com o método qualitativo, adotando o procedimento qualitativo-exploratório. O instrumento de coleta de dados foi um formulário on-line, direcionado a professores atuantes na Educação Infantil. Constatou-se que, a partir da pedagogia ecológica, são promovidas aprendizagens cognitivas, psicomotoras e afetivas, por intermédio do contato com recursos naturais, a partir de trilhas ecológicas, hortas escolares e brinquedos estruturados e não estruturados. Foi possível identificar a influência dos saberes docentes na prática educativa e a importância da oferta de espaços verdes dentro da instituição escolar, de modo que o contato com recursos naturais seja ofertado tanto em ambientes internos quanto externos. Assegurar que as crianças brinquem, aprendam e convivam com a natureza desde a primeira infância garante um crescimento saudável e nos permite respeitar todas as manifestações de vida.

O presente texto é gerado a partir de uma Pesquisa de Iniciação Cientifica vinculado ao Curso de Pedagogia, na Universidade Federal do Amazonas, da qual tem como finalidade compreender como as explorações matemáticas podem ser desenvolvidas a partir da Literatura Infantil junto às crianças que vivenciam a Educação Infantil, na cidade de Manaus. Por meio da literatura, é possível estabelecer caminhos pedagógicos para que as explorações matemáticas sejam ambientadas nesse universo, além de contribuir para a constituição da linguagem matemática. O estudo apresentado está alinhado com os princípios qualitativos de se fazer pesquisa no campo educacional. Como resultados provisórios, a linguagem matemática quando apoiada à Literatura Infantil consolida as inúmeras possibilidades lúdicas que o texto pode nos trazer, nos levando a lugares que nunca estivemos e apresentando histórias atrativas e curiosas.

Com o objetivo de explicitar os posicionamentos de Magda Soares sobre que experiências com a língua escrita poderiam ser praticadas com as crianças na educação infantil, examinamos entrevistas, artigos, capítulos de livros e livros que nossa mestra publicou neste milênio. Também analisamos comparativamente as edições da proposta curricular do município de Lagoa Santa - MG de 2008 e de 2020, que Magda Soares ajudou a construir. Concluímos que a mestra defendia para todas as crianças menores de seis anos não só o direito de ampliar suas experiências de letramento, mas, também, de avançar na apropriação da escrita alfabética, refletindo sobre palavras e com elas brincando.

Este estudo articula a reflexão sobre os impactos sociais da pandemia ocasionada pelo COVID-19 na educação infantil e a observância das especificidades do currículo para os bebês e para as crianças pequenas. Para isso, expõe-se como as normativas que embasam essa etapa educacional articulam o direito à educação em um cenário pandêmico e de que modo elas dialogam com as funções sociais e políticas da primeira etapa da educação básica, apoiado nas discussões sobre a indissociabilidade entre cuidado e educação. Embora a legislação educacional destaque as especificidades da infância e a necessidade de adequação de papéis e funções em defesa dos bebês e das crianças, compreendidos enquanto cidadãos de direitos, este estudo se propõe a refletir sobre como isso se revela no cenário nacional a partir da análise da proposição das normativas para essa etapa educacional e a observância de como as necessidades de bebês e crianças têm sido consideradas frente às ações de enfrentamento da crise pandêmica.

A competência emocional é reconhecida como habilidade essencial para o desenvolvimento infantil, contribuindo para o bem-estar subjetivo, bom relacionamento interpessoal e desempenho acadêmico de crianças. Na fase escolar, por volta dos quatro/cinco anos, a mesma tem avanço expressivo, o que torna os professores agentes fundamentais nesse processo. Este estudo relatou a experiência de um projeto-piloto de implantação de um programa de promoção de competências emocionais em crianças dirigido a professores. Participaram seis professoras de educação infantil (M=40,6 anos), de duas escolas particulares do Rio de Janeiro e entorno, que preencheram instrumentos antes do início da implantação do projeto. Participaram ativamente de todas as etapas, demonstrando interesse pelos conteúdos e atividades. Seus relatos na entrevista final (gravados, transcritos e analisados) evidenciaram algumas conquistas nas competências emocionais das crianças, além de ganhos adicionais no autoconhecimento e satisfação das professoras com as atividades realizadas. Buscou-se refletir sobre o impacto desse programa e os desafios do projeto com foco no desenvolvimento da competência emocional das crianças. Acredita-se que esta proposta pode ser um diferencial em iniciativas voltadas para a melhora da vida acadêmica e a promoção de saúde dos educandos, ressaltando a importância da atenção ao desenvolvimento emocional infantil no ambiente escolar.

O artigo discute a necessidade de ações sistemáticas que assegurem as especificidades do trabalho pedagógico direcionado à linguagem escrita com crianças da educação infantil. Resulta de trabalho desenvolvido com narrativas de futuros professores do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Pará. Toma como parâmetro teórico, estudos de autores que discutem a linguagem escrita numa perspectiva dialógico-discursiva e a narrativa como dispositivo investigativo. Os resultados indicam que as narrativas possibilitaram discussões sobre modelos de leitura e de leitor construídos ao longo dos anos, a compreensão de algumas polarizações acerca da temática a exemplo da “velha”, mas não resolvida, discussão sobre alfabetizar ou não na educação infantil.

Contemporaneamente, na esteira da implantação da Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), da Política Nacional de Alfabetização – PNA (2019) e da difusão dos livros didáticos para as crianças da pré-escola por meio do PNLD/2022, considera-se imprescindíveis as discussões sobre leitura e escrita na Educação Infantil. Entende-se que essa temática, tanto no âmbito epistêmico emergente das investigações em curso (empírica ou bibliográfica), quanto das políticas curriculares e práticas pedagógicas nas instituições de atendimento às crianças na primeira etapa da Educação Básica, encontra-se em um intenso campo de debates. Assim, o objetivo deste dossiê é o de visibilizar pesquisas que privilegiaram a temática da leitura e escrita na Educação Infantil em suas diversas possibilidades, sejam elas, pelo viés: das práticas pedagógicas no cotidiano das instituições escolares; do currículo e documentos oficiais; das políticas públicas; pela discussão de conceitos como linguagem, leitura, escrita, oralidade, alfabetização, letramento ou, literatura. Também foram acolhidos trabalhos que discutem propostas de leitura e escrita na Educação Infantil no âmbito da formação de professores e em outros países. Diante do exposto, entende-se que o dossiê Leitura e Escrita na Educação Infantil representa uma profícua contribuição para o campo da alfabetização, uma vez que a partir das especificidades da educação de crianças pequenas, toma a primeira etapa da Educação Básica como lócus de discussão, ampliando e adensando os estudos nesta área. Entretanto, considera-se que a contribuição é especialmente importante para a Educação Infantil, uma vez que os artigos que compõem o dossiê compartilham perspectivas contemporâneas sobre a temática da leitura e escrita com crianças pequenas. Desse ponto de vista, avalia-se como um desafio a proposição deste dossiê, tendo em vista os impasses, resistências e contradições históricas que há entre os(as) pesquisadores(as) da área da Educação Infantil sobre o tema da leitura e da escrita com as crianças.

O artigo tem como objetivo analisar a trajetória de Larissa, ao longo de três anos, em uma Escola Municipal de Educação Infantil em Belo Horizonte. Com base no diálogo entre a Psicologia Histórico-cultural e a Etnografia em Educação, focalizou-se, especificamente, a relação que Larissa estabeleceu com os letramentos. Tal relação foi se transformando ao longo do tempo – as significações de Larissa para os letramentos foram do uso do corpo ao uso da unidade fala-pensamento e se entrelaçaram na unidade de análise [vivências-letramentos], coletiva e individualmente. A unidade de análise [vivências-letramentos] significa colocar as pessoas no centro das práticas culturais, o que implica ir além dos usos sociais da leitura e da escrita de modo individual, ou seja, implica colocar as pessoas nas atividades coletivas, colaborativas e não fazer separação entre realidade externa e as pessoas que vivenciam os letramentos

O artigo analisa os critérios pedagógicos do Edital PNLD 2022 para o livro didático na Educação Infantil e sua objetivação na “Coleção Porta Aberta”, obra de maior preferência no município de Londrina/PR. Mediante análise documental fundamentada na perspectiva histórico-cultural, busca-se elucidar qual concepção sobre o processo de aquisição da escrita informa as diretrizes do Edital e que tipo de ação pedagógica se desdobra desta concepção, assinalando-se: i) a concepção antecipatória de Educação Infantil e a compreensão do processo de aquisição da escrita reduzida ao aspecto técnico subjacentes ao Edital, evidenciando sua vinculação à controversa Política Nacional de Alfabetização; ii) o desrespeito às especificidades do modo de relação da criança pré-escolar com o mundo materializado em proposições didáticas que negligenciam o aspecto da função social da escrita e a formação da capacidade de representação simbólica.

Este artigo objetiva analisar como a Política Nacional de Alfabetização – PNA (2019) propõe o trabalho com a leitura na Educação Infantil. Utiliza, como metodologia, a pesquisa documental, ao analisar o caderno da PNA. Compreende a leitura a partir da perspectiva bakhtiniana de linguagem. Considera que, desde o primeiro ano de vida (Rossi, 2015), as crianças leem imagens, daí a premência do trabalho com a leitura de imagem da arte e da cultura visual para potencializar o debate sobre temáticas contemporâneas na Educação Infantil. Fundamenta-se em Franz (2008), Franz e Grallik (2006), Bakhtin (2011) e Barbosa (1998; 2005; 2022). Conclui que a concepção de leitura adotada na PNA reduz e invisibiliza o trabalho com a leitura de imagem na Educação Infantil.

O estudo analisou situações de interação entre crianças de 3 a 6 anos e o próprio nome, registradas no cotidiano de uma instituição de Educação Infantil do Recife e como as docentes avaliavam esses momentos. Partindo de uma abordagem interpretativa (GEERTZ, 1989), identificamos experiências envolvendo a leitura e a escrita dos nomes planejadas pelas professoras e também aquelas engendradas pelas crianças. Constatamos uma descontinuidade do trabalho pedagógico com o nome ao longo da Educação Infantil, embora ele permaneça alvo da curiosidade das crianças até o final dessa etapa. Concluímos que as descobertas em torno do nome próprio podem representar uma boa oportunidade de reflexão sobre as regras e convenções do Sistema de Escrita Alfabética, tal como proposto por Ferreiro (1993, 2007).

O presente ensaio tem como objetivo refletir sobre a importância da leitura compartilhada de livros na Educação Infantil (EI). A partir de uma revisão narrativa destaca-se o papel desse tipo de leitura no desenvolvimento conceitual e na apropriação da linguagem de crianças pequenas. Apesar do amplo consenso sobre a importância da leitura nos primeiros anos de vida da criança, há indícios de que os desafios praxiológicos são grandes e as práticas predicadas, muitas vezes, não são efetivadas devido à qualidade das interações adulto-criança e ao tempo dedicado às experiências de leitura e conversa em torno dos livros. Conclui-se que políticas públicas específicas são necessárias para as professoras da EI, considerando as especificidades da etapa, o que perpassa em fatores como mais investimento na formação docente e no envio de livros e outros materiais às escolas.

O objetivo desta entrevista é, ao mesmo tempo, colocar em diálogo as professoras da Educação Infantil com uma grande especialista deste campo, Profª Drª Patrícia Corsino, e trazer reflexões sobre os “consensos, tensões e disputas” que permeiam a temática da leitura/escrita na Educação Infantil. Assim, como é próprio ao gênero textual entrevista, iniciaremos com a apresentação da nossa entrevistada, seguindo-se com suas reflexões dobre o tema em tela.

O artigo tem como objetivo analisar as investigações sobre alfabetização e letramento realizadas com crianças na pré-escola e publicadas no período de 2012 a 2022 no Brasil. Trata-se de uma investigação do tipo estado do conhecimento. Para tanto, foram definidas as seguintes unidades de análise: práticas de letramento e mediação docente; práticas de leitura e escrita com as crianças; práticas de letramento com as crianças; avaliação do conhecimento das crianças sobre a linguagem escrita; letramento literário; uso da tecnologia para a alfabetização e o letramento das crianças. A partir das análises, foi possível inferir a relevância da mediação docente, do planejamento e de práticas contextualizadas, significativas e sistemáticas envolvendo leitura e escrita na pré-escola.

Este artigo objetiva discutir o lugar da linguagem escrita na educação infantil a partir de olhares plurais de profissionais que atuam nessa área. Apresenta diversas perspectivas teóricas e práticas que têm contribuído para o debate em torno dessa dimensão da aprendizagem. Referencia-se em dados empíricos de uma pesquisa que utilizou a exibição de filmes sobre a prática cotidiana de instituições de educação infantil de diferentes culturas (Brasil e Dinamarca) e sua discussão em grupos focais formados por diferentes perfis. As análises se organizam em torno de quatro temas: a atividade de compor o nome e o papel da professora; a organização do ambiente educativo, modelos de escola e pedagogias; o lugar do letramento na educação infantil; e as condições objetivas para uma prática de qualidade

Se a cultura escrita, a literatura e a diversidade de gêneros textuais são consideradas como importantes aspectos da apropriação da linguagem escrita na Educação Infantil, a abordagem da faceta linguística ainda encontra fortes resistências e segue constituindo intensas controvérsias no campo. A partir de uma perspectiva que não dicotomiza as apropriações relativas à escrita alfabética e à dimensão sociocultural da escrita, o artigo discute sobre as aprendizagens dos aspectos notacionais e fonológicos da escrita na Educação Infantil, no contexto e na continuidade de práticas socioculturais e brincantes – como jogos, brincadeiras, tradição oral e literatura – sem perder o caráter cultural do objeto de conhecimento e sem ferir os princípios desse segmento.

O objetivo dessa pesquisa é refletir sobre a formação de professores para que possam atuar na proposição de atividades que contribuam para a formação leitora das crianças. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, alicerçada na Teoria da Atividade, desenvolvida por Leontiev (1978). Os resultados indicam que o docente precisa conhecer as etapas do desenvolvimento infantil e as atividades dominantes que favorecem a aprendizagem e o desenvolvimento em cada uma delas. A estrutura e conteúdo da atividade em relação à leitura se alteram de acordo com o lugar ocupado pelo sujeito no sistema de relações sociais, por isso, a prática de leitura na Educação Infantil deve ser sistematizada e organizada, pois é necessária à formação da criança, tendo significado relevante para sua vivência social.

Investigamos a livre expressão escrita de uma criança (de cinco anos de idade), e suas relações de ensino com a escola/professora e com a família, no contexto da pandemia da Covid-19. A Teoria Histórico-Cultural subsidiou as reflexões, operacionalizadas a partir da coleta de entrevistas semiestruturadas e remotas, analisando o contexto familiar, impactado pelo formato de ensino imposto pela pandemia. Destacamos, como eixos de análise, as propostas da escola para o trabalho com a escrita e as brincadeiras como formas de livre expressão da criança, imbricadas em seu processo de apropriação da linguagem escrita. As práticas de linguagem escrita propostas pela escola durante a pandemia não consideraram as necessidades e os motivos como elementos propulsores para a aprendizagem infantil.

O escopo do presente estudo é analisar o livro didático utilizado por um Jardim de Infância de Brasília, DF, em 2022, intitulado Era uma vez...1, 2, 3, adquirido por meio do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD, 2022), destinado à Educação Infantil, para crianças de quatro anos. A análise aqui empreendida foi embasada no que Chartier (2001) delimita como história do livro e dos textos, ambos coexistentes no mesmo objeto cultural. É possível indicar que, apesar de um material esteticamente agradável e propositivo, o livro didático carrega em sua proposição um acartilhamento da leitura e da escrita, cerceando experiências com as múltiplas linguagens existentes e, consequentemente, antecipando o ofício de aluno no processo de escolarização em detrimento da criança.

O escopo deste artigo foi interpretar as possibilidades de escolarização da literatura na Educação Infantil no St. Anthonys’s Learning Center em Endicott/NY. O texto se fundamenta a partir de observações realizadas em duas turmas com crianças de 3 e 4 anos na referida escola nos Estados Unidos. O acompanhamento das atividades se deu durante a realização de um projeto de Literatura realizado por toda a escola. A fundamentação teórica se pautou em autores como Barone & Mallette (2013), Pinnell & Fountas (2011), Soares (2017) entre outros pesquisadores. A hipótese construída inicialmente e constatada foi de que os usos de “letramentos” não é entendido somente como uma questão de técnicas e de habilidades neutras de aprendizagem, mas como práticas que devem estar associadas aos significados de crença de uma cultura.

O Projeto “Leitura e Escrita na Educação Infantil – PLEEI (2013-2016)” buscou subsídios, por meio de pesquisas, estudos, reuniões técnicas, seminários internacionais com pesquisadoras das áreas da linguagem e da educação da primeira infância para a elaboração de proposta de formação de professoras da educação infantil. Neste artigo, retomam-se os princípios orientadores do PLEEI e suas contribuições para políticas públicas de formação docente. Implementações do curso têm evidenciado a adequação de se trabalhar a temática da apropriação da linguagem escrita levando-se em conta as especificidades da primeira infância e o direito de bebês e demais crianças à cultura escrita.

RESUMO Este artigo apresenta os resultados da pesquisa de doutorado sobre a educação da criança pequena na região da Emilia-Romagna, Itália, que, além de progressistas práticas pedagógicas, desenvolve políticas públicas que sustentam seu sistema de educação de 0 a 6 anos. Com o aporte teórico do materialismo histórico-dialético, a pesquisa é um estudo de caso de abordagem qualitativa com análise documental. Também foi realizado trabalho de campo de dez meses na Itália. Concluiu-se que a luta social e as administrações de esquerda foram importantes para os avanços da educação infantil na região, mas a não garantia do direito, do dever do Estado e da gratuidade no atendimento na faixa de 0 a 3 anos impede o acesso de todas as crianças à educação, sendo o principal desafio a ser superado pelo poder público.

Resumo Este estudo busca analisar os efeitos do Programa Nacional de Transporte Escolar (Pnate) sobre a quantidade de estabelecimentos de educação infantil no Brasil, bem como os efeitos heterogêneos para a região Nordeste. Para alcançar o objetivo proposto, foram utilizados dados de diversas fontes e como estratégia empírica o modelo de diferenças em diferenças escalonado proposto por Callaway e Sant’Anna (2021), que considera: múltiplos períodos; variação no tempo de tratamento e validade da suposição de tendências paralelas. Os resultados indicam que os municípios brasileiros que receberam o programa apresentaram uma redução na quantidade de estabelecimentos de educação infantil. Esse resultado é ainda maior para os municípios nordestinos, onde foi constatado o dobro do efeito observado para o Brasil.

O presente estudo avalia as subcapacidades que os municípios brasileiros precisam ter ou desenvolver a fim de cumprir com a Meta 1 do PNE 2014-2024. Para tanto, utilizou-se metodologia de mensuração de capacidade estatal do campo das ciências políticas, em que foi adotado um modelo de análise para as subcapacidades municipais, com exame das exigências que todas as 17 estratégias dessa meta demandam da gestão pública municipal. Em seguida, verificou-se até que ponto os entes municipais já têm essas habilidades desenvolvidas. O estudo conclui que o modelo de Estado federativo brasileiro coloca inúmeros desafios para a implementação de políticas públicas sociais, em especial as educacionais voltadas para a primeira infância.

Alguns autores já teorizaram a respeito do relevo que estudos de casos têm para o desenvolvimento das disciplinas científicas (Kuhn, 1997; Stake, 2007; Yin, 2015). No entanto, no campo da Educação Infantil, ainda são escassos os exemplos de estudos de casos que narram a ação profissional contextualizada e que sejam densamente documentados (Fochi, 2022; Kishimoto, 2002; Oliveira-Formosinho, 2002). Neste artigo, optamos por desenvolver uma discussão sobre a especificidade dos estudos de caso no campo da educação, especificamente na etapa da Educação Infantil. Para tal, realizamos uma revisão integrativa (Botelho, Cunha, chr(38)amp; Macedo, 2011; Broome, 1993), mapeando o que foi publicado entre 2009 e 2023 sobre estudos de caso publicados em território brasileiro na Educação Infantil. A partir do conjunto de artigos encontrados, categorizamos os estudos em três grandes grupos: (i) condições de trabalho, avaliação institucional e oferta da Educação Infantil; (ii) inclusão de crianças; e (iii) crianças, professores e famílias na Educação Infantil. A partir dessa revisão integrativa, destacamos que ainda se carece de narrativas densamente documentadas tratando de experiências educacionais que possam ajudar na construção da docência na Educação Infantil

A leitura compartilhada de livros é uma atividade usual em aulas de crianças pequenas e está relacionada com a expansão do vocabulário nos iniciantes escolares. Estudos demonstram que a forma como os adultos realizam a leitura afeta a expansão do vocabulário. O objetivo deste estudo foi observar as práticas de leitura compartilhada de professoras nas aulas remotas, durante a pandemia, quanto ao trabalho com o vocabulário. Participaram deste estudo nove professoras e seus alunos de cinco e seis anos de idade, matriculados em quatro escolas particulares. Para a coleta de dados, foram utilizados cinco livros de histórias infantis e um questionário sociodemográfico. As 45 sessões de leitura foram gravadas e transcritas. Todas as perguntas feitas pelas professoras foram computadas e depois classificadas em dois grupos: perguntas que promoviam expansão do vocabulário e as que não promoviam. Os resultados encontrados mostraram que apenas 37% das perguntas formuladas pelas professoras foram feitas para desenvolver o vocabulário (χ² =162, 0 [1], p< 0,001), sugerindo pouca interação no sentido de expandir o vocabulário das crianças. Esperamos levantar questões sobre como as professoras têm trabalhado com os livros de história e ajudar na elaboração de estratégias para desenvolver o vocabulário das crianças.

O processo de formação continuada de professores é um tema recorrente nas pesquisas educacionais, contudo, nas últimas décadas, percebemos um aumento das produções na pós-graduação voltadas para o cenário da Educação Física na Educação Infantil. Identificamos que as práticas de escrita dos docentes não são evidenciadas, tampouco suas autorias. Destarte, objetivamos analisar a produção acadêmica sobre as práticas de escrita na formação continuada com os professores de Educação Física da Educação Infantil. Esta é uma pesquisa bibliográfica, do tipo estado do conhecimento, que mobilizou como fonte de dados os trabalhos disponíveis no Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (capes), sem recorte temporal. Os resultados foram organizados em três categorias: 1) A formação continuada na primeira etapa da Educação Básica; 2) Os processos de escrita empregados na formação continuada; e 3) Os contextos da Educação Física na Educação Infantil: o currículo localizado e sua dinâmica curricular. Concluímos que a formação continuada é um tema recorrente, todavia, o recorte desejado das práticas de escrita docente no contexto da Educação Infantil possui pouca representatividade nas pesquisas encontradas na área da Educação Física. Constatamos que há uma valorização do instrumento diário de aula, bem como da utilização do registro docente das práticas pedagógicas para subsidiar os processos de formação continuada, contudo, esse fazer escriturístico dos professores não rompe com os muros escolares, caracterizando-os como consumidores e não produtores de conhecimentos.

Esta pesquisa corresponde a uma revisão sistemática de artigos científicos cujo objetivo é de analisar as publicações brasileiras que abordam a relação entre as questões de gênero e a Educação Infantil. A partir dos descritores ‘gênero’ e ‘Educação Infantil’, fez-se uma busca nas bases de dados Periódico Capes, Scielo, PubMed e PsycINFO. Essa revisão seguiu as recomendações metodológicas do Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses (PRISMA) e delimitou 2020 como o ano final de busca. Inicialmente, foram identificadas 454 publicações, das quais 59 foram selecionadas para compor o corpus final da pesquisa. A análise possibilitou constatar que o tema é abordado, principalmente, pelas áreas de Educação e Psicologia e que houve um crescimento contínuo do número de publicações, por ano, a partir de 2011. Os temas mais abordados pelas publicações foram relacionados à forma como as questões de gênero perpassam concepções e práticas docentes e como estão presentes em artefatos culturais, brinquedos e brincadeiras. Os resultados são discutidos em termos de como as questões de gênero perpassam tanto as relações sociais entre criança-criança e criança-adulto quanto institucionais.

As crianças do século XXI fazem parte da chamada “geração Net”, pois já nasceram imersas nas tecnologias da comunicação e informação, por meio das quais se comunicam, fazem novos amigos e brincam com os dispositivos eletrônicos com bastante facilidade, desde muito pequenas. Nesse sentido, o propósito desta pesquisa é discutir as especificidades do trabalho pedagógico na Educação Infantil a partir das brincadeiras digitais e de suas implicações na aprendizagem das crianças. Acredita-se que as atividades lúdicas das telas digitais propiciam a construção das subjetividades e aprendizagens na infância, já que revelam os modos de ser e de viver das crianças. Com o intuito de discutir essas e outras questões, optou-se pela pesquisa de caráter bibliográfico. Os resultados evidenciam que os jogos e as brincadeiras eletrônicas podem ser utilizados como ferramentas de trabalho pelas professoras, desde que as atividades sejam planejadas de modo intencional e educativo. A proposição de atividades por meio das tecnologias instiga e desafia as crianças a pensarem com criticidade e criatividade os aparatos digitais, além de promover diferentes aprendizagens e interação entre os pares.

Este estudo, a partir do problema de pesquisa configurado na questão, “Como a Educação Física escolar pode colaborar no processo de desemparedamento das infâncias na Educação Infantil e qual a sua contribuição na relação criança-natureza?”, procura compreender o processo de desemparedamento das infâncias na Educação Infantil, bem como quais as possíveis relações deste com a Educação Física escolar; e dialogar sobre a temática do desemparedamento a partir das nossas primeiras compreensões acerca das possíveis relações entre desemparedamento das infâncias, Educação Infantil e Educação Física. Trata de uma pesquisa qualitativa exploratória descritiva que resultou no mapeamento dos espaços-tempos de Educação Infantil da cidade de Porto Alegre/RS e região metropolitana que se aproximam das perspectivas educativas de desemparedamento das infâncias e; nos diálogos com os/as sujeitos/as colaboradores/as que auxiliaram na compreensão das diferentes realidades e entendimentos de desemparedamento. Para a produção de informações foram utilizados os seguintes procedimentos: observação participante do dia da visita aos espaços-tempos do mapeamento, diário de campo e diálogo com os/as sujeitos/as colaboradores/as da pesquisa. Compreendemos que a Educação Física precisa ser decolonizada, entendendo as crianças como sujeitos/as produtores/as de cultura e de conhecimento histórico e socialmente contextualizados, priorizando, para tanto, experiências educativas em contato com a natureza, onde as crianças possam investigar o mundo, brincar, interagir, movimentar-se livremente e criar.

A educação infantil é um período crucial na formação do ser humano. É nessa fase que as crianças começam a desenvolver habilidades iniciais em diversas áreas, como a cognitiva, social, emocional e física. É na infância que as crianças estabelecem uma base sólida de confiança, afeto e autoestima, que irão refletir nas próximas etapas de suas vidas. Esse estudo, por meio da pesquisa bibliográfica, se fundamenta na Teoria Histórico Cultural, e portanto, busca a aproximação do ser que aprende com o objeto do conhecimento por meio de elementos e instrumentos presentes em seu cotidiano. Nesse sentido, entendemos que a tecnologia, por intermédio da relação entre os seres humanos, pode possibilitar e promover o processo de aprendizagem e desenvolvimento de forma efetiva. Objetivamos apontar a importância de se repensar, como pais e professores, sobre quem realmente está proporcionando atividades e interações para que as crianças se desenvolvam de maneira humana e plena. Consideramos que é preciso oferecer a realização de atividades importantes para o desenvolvimento infantil, seja por meio da música, pela arte, pela brincadeira, pela interação, dessa forma podemos garantir uma educação de qualidade e possibilitar às crianças situações que favoreçam sua participação em uma sociedade cada vez mais tecnológica.

Mediante revisão de literatura e trabalho de campo, este artigo teve como objetivo refletir acerca da possibilidade de utilização das tecnologias como ferramenta de trabalho da criança em suas atividades de pesquisa. Procurou-se dar visibilidade às crianças como capazes de construir conhecimento e cultura, proficientes do processo de conhecer, considerando seus interesses e necessidades, por meio da pesquisa aliada à tecnologia. Os resultados evidenciam a utilização da tecnologia como uma realidade, em parte ensejada pela pandemia, em parte motivada por experimentos que obtiveram sucesso. Além disso, destacam que as tecnologias enquanto ferramentas na Educação Infantil podem trazer contribuições educacionais e para a criança desde que as atividades garantam seu protagonismo, produções e descobertas, favorecidas com projetos investigativos que engajem as crianças em pesquisas em que as tecnologias sejam possibilitadas de forma consciente.

Ao considerar a Educação Infantil a primeira etapa da Educação Básica, é preciso entender como se dá o processo de ensino e aprendizagem nesse espaço formal e coletivo. Diante de tal afirmação, o presente texto discute a relação entre o desenvolvimento do psiquismo infantil e o ensino sistematizado na Educação Infantil, a fim de elucidar o papel do profissional docente da infância e a necessidade de ele conhecer as leis do desenvolvimento da criança que devem orientar a sua ação pedagógica. Para atingir o objetivo, optamos por desenvolver um trabalho bibliográfico, tendo como fundamento as premissas da Psicologia Histórico-Cultural e da Pedagogia Histórico-Crítica que defendem a necessidade de um ensino sistematizado com caráter histórico e, ao mesmo tempo, dialético. Primeiramente, discorremos sobre o desenvolvimento do psiquismo humano a partir dos pressupostos das teorias adotadas. Em seguida, abordamos como as crianças aprendem e se desenvolvem, que culmina na terceira parte, com discussões sobre o papel do profissional docente na Educação Infantil. Por fim, como resultado dessas discussões, destacamos a relevância de entender o desenvolvimento da criança e, assim, organizar ações propositivas, de forma sistematizada, que possibilitem atingir os objetivos a que se quer alcançar na primeira etapa da educação.