A sociedade urbana, fruto da implosão/explosão da cidade pela industrialização, e a urbanização, em decorrência do avanço do capitalismo que segue expandindo seu espaço ao redor do globo, envolve lógicas estruturantes pautadas na mobilidade motorizada. Uma delas é a divisão social e territorial do trabalho que, em suma, concentra as tarefas administrativas, burocráticas e de tomada de decisão, da própria máquina do Estado e de empresas privadas, nos centros urbanos. Isto se reflete na separação das funções sociais (morar, trabalhar, estudar, fazer compras, relaxar, dentre outras) na cidade, que é possível na escala em que se realiza graças à existência dos deslocamentos motorizados. Ao mesmo tempo, essa lógica estruturante do espaço urbano gera uma demanda incessante por transporte de pessoas e cargas, dependendo dele para se sustentar. Assim, a vida cotidiana dos habitantes não se caracteriza apenas pela circulação altamente motorizada dentro das cidades, mas também depende de redes globalizadas que fornecem os produtos primários que vem do campo, das minas, dos mares, das florestas, e mesmo de indústrias distantes. Os fluxos de materiais, energia, informação e pessoas para sustentar padrões de produção e consumo são mediados por meios técnicos e interações comerciais, levando a uma certa alienação cognitiva das populações urbanas em relação aos territórios que ocupam. Esta globalização, que resulta da urbanização planetária, é baseada na mobilidade motorizada e na infraestrutura correspondente. Com base nestas observações, fica evidente que a produção urbano-industrial-capitalista do espaço é essencialmente dependente de uma substância: o petróleo. Nesta dissertação, meu objetivo é aprofundar a compreensão deste fenômeno, que denominamos petróleo-dependência. A partir do espaço-tempo Brasil contemporâneo, busco esclarecer o embasamento que conformou e segue construindo o urbano particular do país. Como o espaço brasileiro se urbanizou? Por que ele é petróleo-dependente? Sendo essa uma substância finita, como será a sociedade urbana petróleo-derivada? The urban society, result of the city’s implosion/explosion by the industrialization and urbanization, in consequence of the capitalism’s advance which keeps expanding its space worldwide, depends on structural logics linked to motorizes mobility. One of those is the labor social and territorial division, which, in short, concentrate the administrative, bureaucratic, and decision-making tasks, from both the State and private sector, on the urban centers. This reflects on the social function (inhabit, work, study, shopping, relaxing, among others) territorially segregated on the cities, which great growth was possible thanks to motorized displacements. Meanwhile, this urban space structural logic generates a ceaseless demand for people and load transportation, depending on it to make itself sustainable. This way, everyday life doesn’t characterize itself only by the city population locomotion, but also depends on the global networks which provides the primary products which come from the fields, mines, seas, forests, and even faraway industries. Material, energy, information and people flow to sustain production and consumption patterns are mediated by technical environment and commercial relations, leading to a sort of cognitive alienation from urban people in relation of the territory they depend on. This globalization, result of the planet urbanization, is based on motorized mobility and its own infrastructure. Based on these observations, it is clear that the capitalist-urban-industrial space’s production is essentially dependent on one substance: the oil. Here, my goal is to deepen the comprehension about this phenomenon, which we call oil-dependence. From contemporary space-time Brazil, I seek to enlighten its conformation’s base, which keeps building the particularly Brazilian urban space. How did the Brazilian space get urbanized? Why is it oil-dependent? Being the oil a finite substance, how would be an oil-derivative urban society?