Na espécie canina há poucos estudos que demonstrem a ocorrência de alterações endócrinas adversas às neoplasias ou terapias antineoplásicas. Os objetivos deste projeto incluem a avaliação dos níveis de cortisol e de parâmetros metabólicos em cães com mastocitoma anterior ou posteriormente à sua terapia. Secundariamente avaliamos os efeitos do mastocitoma sobre as características ultrassonográficas de adrenais, o efeito de um fosfolipídio antineoplásico em cães com este tipo de neoplasia e fizemos uma revisão sobre o uso de glicocorticoides em cães com neoplasias. Desta forma esta tese resultou em cinco artigos científicos. O estudo principal envolveu a realização do teste de estimulação com ACTH em 44 cães com mastocitoma cutâneo ou subcutâneo anterior e 30 dias após sua terapia cirúrgica isoladamente (n=10) ou seguida de vimblastina e prednisona (n=12), lomustina e prednisona (n=12) ou fosfato de 2-aminoetil- diidrogênio (n=10), que foram comparados a um grupo controle (n=10). Demonstramos que cães com mastocitoma podem apresentar elevação dos níveis de cortisol pós ACTH anteriormente à terapia e, portanto, falsos positivos para hiperadrenocorticismo, com menor ocorrência deste tipo de ocorrência após o tratamento da neoplasia. Um segundo estudo comparou o resultado de parâmetros metabólicos (peso, escore de condição corporal e níveis séricos de glicose, alanina aminotransferase, fosfatase alcalina, triglicérides, colesterol) destes 44 cães com mastocitoma e comparou estes achados entre os mesmos grupos de terapia e controle. Concluiu-se que há ocorrência de elevação de alanina aminotransferase, hiperfosfatasemia, hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia em cães tratados com quimioterápicos associados à prednisona. Descrevemos em um terceiro artigo uma revisão bibliográfica sobre o uso de glicocorticoides sintéticos em casos de neoplasias caninas. Um quarto trabalho envolveu o estudo prospectivo do uso de fosfato de 2-aminoetil-diidrogênio em 10 cães com mastocitoma no qual demonstramos que este fármaco foi seguro nestes animais. No entanto não foi suficientemente eficaz para prevenir a recidiva de novo tumor ou metástase em cães com fatores imuno-histoquímicos de mau prognóstico. Por fim, foi realizado um estudo retrospectivo das alterações de dimensões, morfologia, ecogenicidade e presença de neoformações em adrenais de cães com mastocitoma (n=120). Observou-se adrenomegalia em 30%, alterações morfológicas de adrenais em 7,5%, neoformações adrenais em 1,6% dos casos e concluiu-se que cães com mastocitoma pode apresentar alterações principalmente nas dimensões adrenais. In the canine specie, there are few studies that demonstrate the occurrence of adverse endocrine alterations to neoplasms or antineoplastic therapies. The objectives of this project include the assessment of cortisol levels and metabolic parameters in dogs with mast cell tumors before or after their therapy. Secondarily, we evaluated the effects of mast cell tumors on the sonographic characteristics of adrenals, the effect of an antineoplastic phospholipid in dogs with this type of neoplasm, and we reviewed the use of glucocorticoids in dogs with neoplasms. Thus, this thesis resulted in five scientific articles. The main study involved performing the ACTH stimulation test in 44 dogs with previous cutaneous or subcutaneous mast cell tumors and 30 days after their surgical therapy alone (n=10) or followed by vinblastine and prednisone (n=12), lomustine and prednisone ( n=12) or 2-aminoethyl-dihydrogen phosphate (n=10), which were compared to a control group (n=10). We demonstrated that dogs with mast cell tumors may present elevated cortisol levels after ACTH stimulation prior to therapy and, therefore, false positives for hyperadrenocorticism, with a lower occurrence of this type after treatment of the neoplasm. A second study compared the outcome of metabolic parameters (weight, body condition score and serum levels of glucose, alanine aminotransferase, alkaline phosphatase, triglycerides, cholesterol) of these 44 dogs with mast cell tumors and compared these findings between the same therapy and control groups. It was concluded that there is an increase in alanine aminotransferase, hyperphosphatasemia, hypercholesterolemia and hypertriglyceridemia in dogs treated with chemotherapy associated with prednisone. In a third article, we describe a literature review on the use of synthetic glucocorticoids in cases of canine neoplasms. A fourth work involved the prospective study of the use of 2-aminoethyl dihydrogen phosphate in 10 dogs with mast cell tumors in which we demonstrated that this drug was safe in these animals. However, it was not effective enough to prevent the recurrence of a new tumor or metastasis in dogs with immunohistochemical poor prognostic factors. Finally, a retrospective study of alterations in dimensions, morphology, echogenicity and the presence of neoformations in the adrenals of dogs with mast cell tumors (n=120) was performed. Adrenomegaly was observed in 30%, morphological changes of the adrenals in 7.5%, adrenal neoformations in 1.6% of the cases and it was concluded that dogs with mast cell tumors may present mainly changes in adrenal dimensions.