Atualmente, assiste-se à constante e intensa tentativa das empresas para melhorar continuamente os seus processos produtivos, nos quais a manutenção é preponderante para a melhoria da fase produtiva. Esta manutenção passa pela lubrificação adequada dos transportadores de garrafas, uma vez que ela assegura a posição vertical das garrafas, ao longo de todas as etapas do processo produtivo, e aumenta o tempo de vida das passadeiras transportadoras. Uma vez consciente do acima exposto, o estágio realizado em colaboração com a empresa Mistolin S.A teve, como objetivo principal, o estudo e desenvolvimento de formulações de lubrificantes para os diferentes tipos de conjuntos passadeira/garrafa existentes nas indústrias alimentar e de bebidas. Foram formulados quatro lubrificantes, para os quais foi realizado um planeamento experimental a fim de se otimizar a composição de cada um dos seus componentes. Os quatro lubrificantes formulados são: à base de sabão (lubrificante (i)); de uma mistura de ácido carboxílico e amina (lubrificante (ii)); de uma mistura de silicone e glicerol (lubrificante (iii) e (iv)). Este último foi formulado de duas formas distintas: um, com uma composição total em peso de matérias-primas de 20% (lubrificante (iii)); o outro, com 80% em peso de matérias-primas (lubrificante (iv)). Os lubrificantes (i) e (ii) foram desenvolvidos para aplicação nas passadeiras dos transportadores, após diluição, e para o conjunto aço inox/vidro. Os lubrificantes (iii) e (iv) foram desenvolvidos para aplicação direta nas passadeiras dos transportadores e para os conjuntos acetal/PET, acetal/tetra pack e acetal/cartão. Para o desenho experimental definiu-se, como variáveis independentes, a viscosidade, densidade, pH, CQO, azoto total e coeficiente de atrito. Para o lubrificante (i) os valores de viscosidade situaram-se entre 5,00 e 26260,00 centipoises, densidade entre 0,990 e 1,100 g/ml, pH entre 11,00 e 12,50, CQO entre 153,000 e 204,000 g O2/L, azoto total entre 1,100 e 33,500 g N2/L e coeficiente de atrito entre 0,118 e 0,138. Para o lubrificante (ii) os valores de viscosidade situam-se entre 65,00 e 7880,00 centipoises, densidade entre 0,950 e 1,004 g/ml, pH entre 4,05 e 10,39, CQO entre 427,00 e 493,689 gO2/L, azoto total entre 3,178 e 16,003 g N2/L e coeficiente de atrito entre 0,135 e 0,161. Para o lubrificante (iii) os valores de viscosidade situaram-se entre 2,70 e 3,20 centipoises, densidade entre 0,999 e 1,034 g/ml, pH entre 4,05 e 5,72, CQO entre 150,262 e 202,322 g O2/L, coeficiente de atrito entre 0,098 e 0,115 e ângulo de contacto entre 56,20° e 71,40°. Para o lubrificante (iv) os valores de viscosidade situaram-se entre 9,51 e 36,28 centipoises, densidade entre 1,096 e 1,177 g/ml, pH entre 5,24 e 5,79, CQO entre 755,509 e 1049,396 g O2/L, coeficiente de atrito entre 0,093 e 0,103 e ângulo de contacto entre 53,80° e 73,90°. Das quatro formulações, apenas as misturas do lubrificante (i) se mantiveram estáveis durante os 81 dias de análise. O lubrificante (ii) não se apresentou estável, no entanto, os resultados apontam que a neutralização prévia da amina parece permitir obter misturas estáveis. Para o lubrificante (iv), obteve-se uma mistura cristalina e estável com uma composição em peso de silicone, glicerol e água de 29,99%, 50,02% e 20.00%, respetivamente. Por outro lado, para as misturas do lubrificante (iii) não se obteve nenhuma mistura estável, mesmo após a adição de cumeno para potenciar esse efeito. A falta de estabilidade de três dos lubrificantes formulados levou a que apenas para o lubrificante (i) se usasse o desenho experimental para otimizar a sua composição. Para estudar as respostas dos parâmetros físico-químicos face a variações na composição das substâncias ativas foram estabelecidos modelos, sendo que apenas foi possível estabelecer modelos satisfatório para 3 das propriedades das misturas do lubrificante estudado: viscosidade aparente, pH e concentração de azoto total (R2 1). Através destes modelos estabelecidos procedeu-se à otimização da composição do lubrificante (i), tendo em conta que, - {na < 100 cP ^ 11 < pH < 12,5 ^ [N2] < 32 g/L}, originando 3 soluções possíveis. A validação experimental foi feita para a mistura de composição em peso de 15,90% de oleato de potássio, 2,91% de monoetanolamina e 1,23% de MGDA. A viscosidade, densidade, pH, CQO, azoto total e coeficiente de atrito previstos pelo modelo e medidos para validação do modelo para esta mistura foram os seguintes: 40,80 e 89,80 centipoises; 0,997 e 1,016 g/ml; 12,40 e 11,44; 184,000 e 182,360 gO2/L; 10,600 e 2,430 gN2/L; 0,122 e 0,122, respetivamente. Conclui-se que o desenho experimental efetuado permitiu encontrar duas formulações de lubrificantes, uma à base de sabão e outra de silicone e glicerol, que se mostraram bastantes promissoras e poderão ser um ponto de partida para a Mistolin S.A encetar o desenvolvimento de novos lubrificantes para a indústria alimentar e de bebidas.