Nos últimos anos tem sido cada vez maior a importância dada à associação entre a alimentação e a saúde, já que a escolha dos alimentos a consumir é um ato complexo, sendo que uma alimentação inadequada está associada ao aparecimento de inúmeras doenças crónicas não transmissíveis. Deste modo, compreender as motivações que afetam as escolhas alimentares das pessoas é de extrema importância para o desenvolvimento de qualquer estratégia de saúde pública. Assim, este trabalho teve como objetivos avaliar quais as motivações que afetam as escolhas e os hábitos alimentares das pessoas, relacionando-as com diversos fatores, tais como por exemplo, os dados sociodemográficos. Para tal, foi desenvolvido e validado um questionário propositadamente para o efeito, tendo o mesmo sido aplicado à população adulta Portuguesa entre janeiro e abril de 2017, num total de 382 participantes. Os resultados obtidos para a validação do questionário mostraram que, à exceção da variável que contempla as motivações sociais e culturais, havia correlações satisfatórias entre os itens das restantes variáveis. Portanto, o questionário criado poderá ser considerado uma ferramenta adequada para avaliar as motivações que afetam as escolhas alimentares. No geral, as perceções dos participantes eram compatíveis com uma alimentação saudável (pontuações entre 0,5 e 1,5, na escala de -2 a +2), havendo diferenças significativas entre as classes de idades (p = 0,004), com uma maior pontuação média para os jovens adultos e, também entre os grupos com diferentes níveis de ensino (p = 0,025), com uma maior pontuação para quem tinha o ensino superior. Também se verificaram diferenças significativas (p=0,017) entre quem tinha ou não doenças crónicas, sendo que as pessoas que não sofriam de nenhuma doença crónica tiveram uma maior pontuação. A fonte de informação privilegiada pelos participantes para a obtenção de informações sobre uma alimentação saudável foi a Internet. No entanto, a família e os amigos mostraram ser também importantes. Como conclusão, é de extrema importância continuar a desenvolver estratégias para promover uma alimentação e estilos de vida saudáveis, de modo a que o estado nutricional e de saúde das pessoas seja adequado. ABSTRACT: In recent years there has been an increasing emphasis on the association between food and health, because choosing the foods to consume is a complex act, and an inadequate diet is associated with the appearance of many non-communicable diseases. Therefore, understanding the motivations that affect people's food choices is of utmost importance for the development of any public health strategy. Thus, the objective of this study was to evaluate the motivations that affect people's eating choices and habits, relating them to a variety of factors, such as sociodemographic data. To this end, a questionnaire was purposely developed and validated, having been applied to the Portuguese adult population between January and April 2017, in a total of 382 participants. The results obtained for the validation of the questionnaire showed that, with the exception of the variable that accounted for cultural motivations, there were satisfactory correlations between the items of the other variables. Therefore, the questionnaire created may be considered an adequate tool to evaluate the motivations that affect food choices. In general, participants' perceptions were compliant with a healthy diet (scores ranging from 0.5 to 1.5 on the scale of -2 to +2), with significant differences between age classes (p = 0.004), with higher average score for young adults and also among groups with different levels of education (p = 0.025), with a higher score for those with a higher level of education. There were also significant differences (p = 0.017) among those with or without chronic diseases, and those who did not have any chronic illness had a higher score. Internet was the main source of information to obtain information about a healthy diet. However, family and friends also proved to be important. In conclusion, it is of the utmost importance to continue developing strategies in order to promote healthy eating and lifestyles, so that people's nutritional and health status is adequate.