Tacrolimo faz parte do esquema de imunossupressão de manutenção no transplante renal, porém devido ao seu intervalo terapêutico estreito, a monitorização sérica é recomendada. A metabolização do tacrolimo é realizada pela enzima CYP3A5 e polimorfismos neste gene alteram sua farmacocinética. Dessa forma, indivíduos com pelo menos o alelo funcional *1 são denominados expressores de CYP3A5 (CYP3A5 *1/*1 e *1/*3), e os demais não expressores (CYP3A5 *3/*3). A identificação dos polimorfismos no gene CYP3A5 pode ser uma estratégia complementar ao gerenciamento da terapia medicamentosa. Objetivou-se com o presente estudo utilizar os dados farmacogenéticos para auxiliar na avaliação clínico-situacional de pacientes transplantados renais em uso de tacrolimo em Gerenciamento da Terapia Medicamentosa, a fim de melhorar a efetividade e segurança da farmacoterapia. Inicialmente foi realizada uma revisão sistemática para identificar polimorfismos genéticos que influenciam na farmacocinética do tacrolimo. Paralelamente, foi realizado um estudo observacional objetivando descrever o serviço de Gerenciamento da Terapia Medicamentosa em um ambulatório de transplantes de um hospital em Belo Horizonte, Minas Gerais, bem como a análise dos polimorfismos nas variantes alélicas CYP3A5*3, *6 e *7. A revisão sistemática mostrou outros polimorfismos que interferem nos parâmetros farmacocinéticos do tacrolimo, porém apenas no gene CYP3A5 foram encontrados desfechos clínicos significativos em curto prazo. No estudo observacional, foram incluídos 70 pacientes, dos quais 42 estavam no gerenciamento da terapia medicamentosa, 41 (58,6%) era do sexo masculino, 22 (33,8%) com idade entre 31 a 40 anos, 40 (71,4%) receberam o rim de doador falecido e 34 (52,3%) tinham entre 6 a 9 meses pós-transplante. Observou-se maior concentração sérica de tacrolimo nos expressores de CYP3A5, mas sem alteração na dose média desse medicamento entre os grupos. Em relação à frequência de problemas relacionados a medicamentos, observou-se que 11 (27,%) pacientes não apresentaram nenhum, 19 (47,5%) apresentaram apenas um, e 5 (12,5%), dois ou três, e nenhum relacionado ao esquema imunossupressor. Portanto, a utilização de dados farmacogenéticos pode ser útil para otimizar a farmacoterapia com tacrolimo no contexto do Gerenciamento da Terapia Medicamentosa, auxiliando à tomada de decisão da equipe multidisciplinar relacionada à efetividade, segurança e adesão. Tacrolimus is part of the maintenance immunosuppression regimen in renal transplantation, but due to its narrow therapeutic range, serum monitoring is recommended. The enzyme CYP3A5 performs metabolism of tacrolimus and polymorphisms in this gene alter its pharmacokinetics. Thus, individuals with at least one functional allele *1 are called CYP3A5 expressors (CYP3A5 *1/*1 and *1/*3), and the others are not expressors (CYP3A5 *3/*3). The identification of polymorphisms in the CYP3A5 gene may be a complementary strategy to the management of drug therapy. The objective of the present study was to use pharmacogenetic data to assist in the clinical and situational assessment of renal transplant patients using tacrolimus in Medication Therapy Management, in order to improve the effectiveness and safety of pharmacotherapy. Initially, a systematic review was performed to identify genetic polymorphisms that influence the pharmacokinetics of tacrolimus. At the same time, an observational study was carried out to describe the Medication Therapy Management service in a transplant clinic of a hospital in Belo Horizonte, Minas Gerais, as well as the analysis of polymorphisms in the variant alleles CYP3A5*3, *6 and *7. The systematic review showed other polymorphisms that interfere with the pharmacokinetic parameters of tacrolimus, but only in the CYP3A5 gene were significant short-term clinical outcomes found. In the observational study, 70 patients were included, of which 42 were on Medication Therapy Management, 41 (58.6%) were male, 22 (33.8%) were aged between 31 and 40 years, 40 (71, 4%) received a kidney from a deceased donor and 34 (52.3%) were between 6 and 9 months posttransplant. A higher serum concentration of tacrolimus was observed in CYP3A5 expressors, but no change in the mean dose of this drug between the groups. Regarding the frequency of drug-related problems, it was observed that 11 (27.%) patients had none, 19 (47.5%) had only one, and 5 (12.5%) had two or three, and none related to the immunosuppressive regimen. Therefore, the use of pharmacogenetic data can be useful to optimize tacrolimus pharmacotherapy in the context of Medication Therapy Management, helping the multidisciplinary team to make decisions related to effectiveness, safety and adherence.