Esta pesquisa procura compreender as concepções dos professores de Geografia, que atuam em Belo Horizonte no final do segundo milênio, sobre nações e estados nacionais. É uma pesquisa qualitativa, situada no amplo conjunto da Teoria Crítica e na fronteira entre três ciências, a Ciência Política, a Geografia e a Educação. Consideramos os professores sujeitos e produtores de conhecimento em e sobre sua prática, bem como acerca dos princípios que a norteiam. Consideramos ainda que os saberes dos professores são teóricos (disciplinares, inclusive), práticos, sobre a prática e oriundos da prática, e que esta possibilita a (re)construção permanente de seus saberes e incide sobre suas crenças e identidade. Ao analisar as qualidades desejadas em bons professores, em especial para o ensino médio, ressalta-se a importância de ser boa pessoa, ter conhecimentos disciplinares e metodologia de ensino, além de ser capaz de conferir sentido ao conteúdo e de ensinar certo modo de raciocinar, integrando campos distintos do conhecimento humano. A escolha, tanto da Geografia, quanto dos conceitos de nações e estados nacionais associa-se à própria construção desta disciplina escolar, na medida em que esta se consolida vinculada ao Estado e a certo modo de propagar a ideologia nacional. Procuramos investigar se a geografia, em especial a escolar, constitui ainda, caminho para veiculação da ideologia nacional. As concepções dos professores entrevistados sobre nações e estados nacionais caracterizam-se por uma necessidade de materializá-los e diferenciá-los, na medida em que a prática com conteúdos como nova ordem mundial, conflitos e focos de tensão os trazem à baila. Assim, os professores entrevistados diferenciam nações e estados nacionais, sobretudo, com base em alguns elementos, tais como a questão cultural, étnica, identitária e de sentimento (pertencer a) para as nações; e, para os estados nacionais, a posse soberana sobre o território, a existência do aparelho estatal, e o reconhecimento de sua soberania por outros estados nacionais. Há ainda, por parte dos docentes entrevistados, o recurso à utilização intensiva do termo país, ora designando a um, ora ao outro. Há que se considerar também que, para construção da ideologia nacional no Brasil, o recurso ao discurso geográfico foi bem mais intenso que ao discurso histórico, uma vez que a construção de nossa identidade está calcada em elementos como a extensão territorial, a natureza (em seu duplo aspecto edênico e infernal) e a presença de um povo ordeiro e pacífico. This research aims to understand the conceptions of the Geographic teachers that work in Belo Horizonte at the end of the second rnillenniurn, ahout nations and national states. This is a qualitative research situated in the extension set of the Criticai Theory and into the boundaries between three sciences: Poiitic Science, Geography and Education. We consider the teachers as producers and a subject to knowiedge in and on their daiiy jobs, as weii as it is guiding principies. We consider further the teachers knowiedge as theoreticai (subjects, aiso), practicai, about and originated from practice and that this practice aiiows the permanent (re)buiiding of their knowiedge, influencing their vaiues and identity. Anaiyzing the preferred quaiities in good teachers, especiaiiy for the secondary education, we can accentuate the importance of the teacher being a good person, having discipiinary knowiedge and teaching methodoiogy, besides being abie to give sense to the contents and teach a reasoning way, adding different fields of human knowiedge. lhe choice as weii as in Geography as in the nations and nationai states concepts, reiates to the proper foundation of this discipiine itseif, as it is connected to the state and to a certain way to propagate the nationai ideoiogy. We tried to research if the Geography, in speciai the Geography education, stiii constitutes a way for nationai ideoiogy dissemination. lhe interviewed teacher s conceptions about nations and nationai states are known for a necessity to materiaiize and specify them as the practice with new contents, such as new worid order, conflicts and tension points bring them into context. lhis way, interviewed teachers differs nations and nationai state, especiaily, based in some eiements iike cuiturai question, ethnic, identity and the feeiing (to beiong to) for the nations; and for the nationai states the sovereign possession over the territory, the existence of the state machine, and the recognition of their sovereignty by other nationai states. lhere is aiso, from the some interviewed teachers part, the resource of the intensive use of the term country, sometimes appointing to one, sometimes to the other. Aiso we have to consider that, in order to construct the nationai ideoiogy in Brazii, the Geographic speech resource was more intense than the Historicai speech, since the construction of our identity is based in eiements iike the territoriai extension, nature (both aspects heaveniy and infemai) and the presence of a pacific and orderiy peopie.