Resumo Fundamento: O infarto agudo do miocárdio (IAM), principal causa de morte no Brasil, apresenta disparidades regionais nas tendências temporais das taxas de mortalidade dos últimos anos. Estudos anteriores de tendências temporais não fizeram correção para os códigos-lixo de causas de mortalidade, o que pode ter enviesado as estimativas. Objetivo: Analisar as desigualdades regionais e por sexo na tendência de mortalidade por IAM no Brasil no período de 1996 a 2016. Métodos: Estudo de séries temporais de 21 anos (1996 a 2016). Os dados são do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e das estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram feitas correções de óbitos por causas mal definidas, códigos-lixo e sub-registro. As séries temporais desagregadas por grandes regiões, sexo, capitais e interior foram analisadas utilizando a técnica de regressão linear segmentada por Jointpoint. O nível de significância estatística adotado foi de 5%. Resultados: No período, a mortalidade diminuiu mais acentuadamente no sexo feminino (–2,2%; IC 95%: –2,5; –1,9) do que no masculino (–1,7%; IC 95%: –1,9; –1,4), e mais nas capitais (–3,8%; IC 95%: –4,3; –3,3) do que no interior (–1,5%; IC 95%: –1,8; –1,3). Foram verificadas desigualdades regionais com aumento para homens residentes no interior do Norte (3,3; IC 95%: 1,3; 5,4) e Nordeste (1,3%; IC 95%: 1,0; 1,6). O nível de significância estatística adotado foi de 5%. As taxas de mortalidade após correções, principalmente pela redistribuição dos códigos-lixo, apresentaram expressiva diferença em relação às estimativas sem correções. Conclusões: Embora a mortalidade por IAM apresente redução no Brasil nos últimos anos, essa tendência é desigual segundo região e sexo. Desse modo, as correções dos números de óbitos são essenciais para estimativas mais fidedignas. Abstract Background: Acute myocardial infarction (AMI), the leading cause of death in Brazil, has presented regional disparities in mortality rate time trends in recent years. Previous time trend studies did not correct for cause-of-death garbage codes, which may have skewed the estimates. Objective: To analyze regional and gender-based inequalities in the AMI mortality trend in Brazil from 1996-2016. Methods: A 21-year time series study (1996-2016). Data are from the Mortality Information System and population estimates from the Brazilian Institute of Geography and Statistics. Corrections of deaths due to ill-defined causes of death, garbage codes, and underreporting were made. The time series broken down by major geographic regions, gender, capital cities, and other municipalities was analyzed using the linear regression technique segmented by Jointpoint. Statistical significance level was set at 5%. Results: In the period, mortality decreased more sharply in women (−2.2%; 95% CI: −2.5; −1.9) than in men (−1.7%; 95% CI: - 1.9; −1.4) and more in the capital cities (−3.8%; 95% CI: - 4.3; −3.3) than in other municipalities (−1.5%; 95% CI: - 1.8; −1.3). Regional inequalities were observed, with an increase for men living in other municipalities of the North (3.3; 95% CI: 1.3; 5.4) and Northeast (1.3%; 95% CI: 1.0; 1.6). Statistical significance level was set at 5%. Mortality rates after corrections showed a significant difference in relation to the estimates without corrections, mainly due to the redistribution of garbage codes. Conclusions: Although AMI-related mortality has decreased in Brazil in recent years, this trend is uneven by region and gender. Correcting the numbers of deaths is essential to obtaining more reliable estimates.