1. EPIDEMIOLOGIA DOS LINFOMAS DIFUSOS DE GRANDES CÉLULAS B RECIDIVADOS OU REFRATÁRIOS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DE DADOS DE MUNDO REAL PELA PLATAFORMA TRINETX
- Author
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J Pereira, PDMM Neves, RAB Nunes, M Duran, and LT Campos
- Subjects
Diseases of the blood and blood-forming organs ,RC633-647.5 - Abstract
Introdução: O linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) é o subtipo mais comum de linfoma não-Hodgkin (LNH) em adultos, correspondendo a 25-30% dos casos. O tratamento baseado em R-CHOP (rituximab, ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisona) é a terapêutica de primeira linha para o LDGCB, entretanto, cerca de 1/3 dos pacientes sofrem recidivas e/ou são refratários (R/R) a essa primeira linha de tratamento. Objetivos: Descrever os patrões de tratamento e desfechos clínicos de uma coorte brasileira de paciente LDGCB-R/R com dados de mundo real derivados da Plataforma Trinetx. Materiais e métodos: Avaliação de dados de mundo real (demográficos, perfil de comorbidades, informações oncológicas, exames complementares, internações hospitalares, tratamento, resposta terapêutica e mortalidade em 5 anos) através da TriNetX. Foram incluídos pacientes ≥18 anos, com diagnóstico de LDGCB entre Jan/2012 a Dez/2022, tratados com mais de um esquema quimioterápico e com seguimento de pelo menos 3 meses. Resultados: De uma coorte de 1651 pacientes diagnosticados com LDGCB originários de 13 hospitais públicos e privados, 524 (31,7%) pacientes eram R/R. Observamos predominância de homens (58,9%), com idade média de 52 ± 18 anos, 23,6% obesos e 22% hipertensos. Em relação ao LDGCB, 29% dos pacientes possuíam malignidade secundária ao diagnóstico e 77% apresentavam anemia. Sobre o tratamento, 185 (29,6%) receberam 2 linhas de tratamento (LOT) e 235 (44,8%) ≥3 LOT. O tempo mediano entre a 1ª linha de tratamento (R-CHOP) e uma segunda linha foi de 358 dias. A segunda linha mais utilizada foi gemcitabina, dexametasona e cisplatina (GDP) com 37,5%, seguido por R-CHOP na 3ª linha de tratamento (32%) O transplante autólogo de medula óssea (TMO) foi realizado em 9,3% dos pacientes, o alogênico em 1,9% e 21,9% fizeram radioterapia. Ao longo de um tempo de acompanhamento mediano de 782 dias, 402 (76,7%) dos pacientes necessitaram de internação hospitalar, com uma mediana de 4 internações/paciente. Cerca de 30% dessas internações ocorreram por neutropenia febril, 28,8% dos pacientes necessitaram de unidade de terapia intensiva, 25% de droga vasoativa e 7,2% ventilação mecânica. A sobrevida global (SG) dos pacientes R/R da casuística em 5 anos foi de 47,4% e a sobrevida em 5 anos pós-TMO foi de 62,1%. Quando comparamos os pacientes que receberam 2 vs ≥3 LOT, observamos que no segundo grupo os pacientes eram mais velhos (p = 0,006), com maior porcentagem de hipertensos (p = 0,02), obesos (p = 0,004) e doença renal crônica (p = 0,007). Mais pacientes com ≥3 LOT foram submetidos a TMO, tanto alogênico (p = 0,004) quanto autólogo (p = 0,02) e necessitaram de maior número de internações hospitalares (p < 0,001), internações em UTI (p < 0,001), uso de droga vasoativa (p = 0,007) e ventilação mecânica (p = 0,007). A taxa de SG em 5 anos foi 49,7% para pacientes que receberam 2 LOT e 39,4% para pacientes com ≥ 3 LOT, porém sem diferença estatisticamente significante entre os grupos (p = 0,13). Discussão: Dados do mundo real relativos a populações brasileiras e latino-americanas de pacientes com LDGCB R/R são escassos. Informações sobre o perfil epidemiológico, apresentação clínica, padrões de tratamento, complicações associadas ao tratamento e desfechos clínicos são essenciais para a elaboração de políticas públicas referentes ao diagnóstico e tratamento, melhorando assim o manejo do LDGCB no Brasil.
- Published
- 2024
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