Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Programa de Pós-Graduação em Saúde Animal, 2020. Os parasitos gastrointestinais são considerados os maiores entraves à produção de ovinos nas regiões tropicais, sendo o maior problema sanitário na criação de pequenos ruminantes no Brasil. Um grande desafio aos sistemas de criação de ovinos é o controle das parasitoses gastrointestinais de forma eficaz, racional e com baixo impacto econômico e sanitário. A presente pesquisa objetivou determinar a intensidade, sazonalidade, predominância de gêneros, comportamento clínico dos animais e relação entre marcadores fenotípicos característicos de maior ocorrência de infecção às parasitoses gastrointestinais, assim como a aplicabilidade do método Famacha© como ferramenta auxiliar no diagnóstico presuntivo de verminoses em ovinos criados no Distrito Federal, no bioma cerrado brasileiro. Foram avaliadas sete propriedades, localizadas na região, bioma típico de cerrado, com uma amostragem total de 1.440 ovinos, nos meses de dezembro de 2017, julho de 2018, dezembro de 2018 e julho de 2019, meses representantes dos dois períodos climáticos típicos da região do Distrito Federal, úmido (dezembro) e seco (julho), respectivamente. Procedeu-se a avaliação coproparasitológica por meio de OPG e coprocultura, assim como avaliação de hematócrito (Ht), dosagem de proteínas plasmáticas totais, classificação dos escores Famacha©, de condição corporal e de fezes. As referidas variáveis foram submetidas à análise estatística descritiva, considerando-se o intervalo de confiança de 95%, e análises univariadas, tendo como variável dependente OPG categorizado, por meio dos testes Qui- Quadrado e Exato de Fisher. Variáveis que apresentaram valor p≤0,20, foram submetidas à análise de regressão logística múltipla, considerando-se como estatisticamente significativas as que apresentaram valor p≤0,05 no modelo final. Para avaliação da eficácia do método Famacha©, sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivo e negativo foram calculados, assim como os coeficientes de correlação de Pearson, entre as variáveis Famacha©, Ht e OPG nas distintas categorias de produção e raças. Dois pontos de corte foram utilizados para classificação dos animais como doentes: Ht menor que 18% e Famacha© 4 e 5; hematócrito menor que 22% e Famacha© 3, 4 e 5. Dos 1.440 indivíduos avaliados, 34,24% deles apresentaram infecção parasitária moderada a grave (OPG da ordem Strongylida ≥ 800), observados em maiores proporções nos períodos secos. Semelhantemente, animais com escore corporal 1 e 2 (magros), também concentraram-se nos meses de julho avaliados. Quanto ao modelo de regressão logística, magreza (OR=1,63), anemia (OR=4,15), fezes pastosas ou diarreicas (OR=1,53), raças distintas à raça Santa Inês (OR=2,34), dosagem de proteínas totais menores ou iguais a 7.9g/dL (OR=3,15), categorias de produção animal “jovens” (OR=3,95) e “fêmeas paridas” (OR=4,78), assim como o período seco (OR=2,24), foram considerados marcadores fenotípicos característicos de maior ocorrência de infecção parasitária moderada a grave em ovinos criados no cerrado brasileiro (p≤0,05). Cinco foram os de gêneros de helmintos observados nos animais avaliados, Haemonchus spp. (68,83%), Trichostrongylus spp. (16,51%), Strongyloides spp. (11,84%), Oesophagostomum spp. (2,52%) e Cooperia spp. (0,24%), os quais apresentaram-se em proporções semelhantes tanto no período chuvoso quanto no seco. Destaca-se, como gênero predominante entre os grupos de animais avaliados e períodos, o Haemonchus spp. Cerca de 80% dos animais foram classificados com escores Famacha© 1 ou 2. Independentemente de categorias de produção ou raças, o teste apresentou maior sensibilidade quando considerou como doentes animais com escores Famacha© 3, 4 e 5 e hematócrito